segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

MEU DISCURSO DE POSSE NA AFESL

ACADEMIA FEMININA ESPIRITO-SANTENSE DE LETRAS

MEU DISCURSO DE POSSE

Cadeira 33. Patrona: ARGENTNA LOPES TRISTÃO


Em pouco mais de seis laudas, escritas em antiga máquina de escrever, ela assim encerrou sua autobiografia: este documento que encerro em cálida manhã do dia 24 de novembro de 1992, foi elaborado no meu “chalet” a Rua Roberto Kautsky, s/n, na cidade de Campinho (Domingos Martins).  E o dedicou a mim, é a mim! São exatamente estas as palavras com que o fez: Eu o ofereço a minha possível sucessora na Academia Feminina Espírito Santense de Letras.

        Certamente, D. Argentina jamais pensou que aquela moça com quem um dia conversou em italiano, na sua loja da Rua do Rosário, para quem autografou um pequeno livro, onde reuniu em trovas, frases copiadas de para-choques de caminhão, fosse exatamente, a destinatária desse seu gesto de carinho.

Para dizer da minha sensibilidade ao recebê-la, dirijo-me às suas duas filhas, aqui presentes, Diana e Maria da Penha, com meu sincero muito obrigada.

        De quem vem a ter assento em uma Academia se diz que se torna imortal “mas não imorrível” na expressão real e divertida de Murilo Melo Filho. Argentina Lopes Tristão, hoje, mais que ontem, é imortal. Seu nome e sua lembrança não perecerão, porque além de ter pertencido a esta Academia, a cadeira 33, que ora, com orgulho e alegria assumo, tem seu nome.

Quem foi Argentina?  Filha de um pai português, Luiz Antonio Lopes e de uma mãe brasileira, Maria Lopes da Cunha, nasceu aos 14 de abril de 1914, na aprazível região de Monte Belo, em Iconha, neste Estado.

        A família mudou-se pra a cidade de Manhuaçu – MG, quando Argentina tinha sete anos de idade. Ali, a menina cresceu, se desenvolveu e completou o curso da Escola Normal Oficial, com defesa de tese sobre “Metodologia do Ensino de Português”.

        Dedicou-se ao estudo da língua francesa, então considerada universal, vindo a dominá-la com fluência, além do italiano e do inglês. Guardou com carinho, nome de Mestres de cujos ensinamentos bebeu, mencionando: Dr. Juventino Nunes, um professor de português; D. Maria Batista Nunes, professora de geografia e história; D. Maria Vicentina Nunes, professora de ciências naturais, física e química e como não poderia deixar, D. Maria de Lucca Pinto Coelho, professora de francês.

        Foi frequentadora assídua dos vários grêmios existentes na cidade. No Grêmio Literário “Coelho Neto”, encontrou o sabor dos pendores para as letras  aos quais desde então se sentia inclinada.

Pela declamação de poesias, percebeu, como afirmou a “sensibilidade trazida pela musicalidade da palavra que nos torna sensíveis ao aprendizado de outros idiomas”.

        A ela se deveu a mais eficaz projeção do jornal “Idéia Nova”, de nível essencialmente literário, órgão oficial da Escola Normal de Manhuaçu, freqüentada só por moças, editado nas oficinas de um ex-ministro, Dr. Segadas Viana, residente na cidade.

        Lembra-se da educação para a feminilidade recebida na sua vida estudantil, mas também das aulas de tango, substituindo a ginástica comum. Além das, de arte culinária, costura e trabalhos manuais, que na minha sensibilidade repercutiu como qualquer coisa lembrando outros tempos, “o tempo de cabeça, do limão de cheiro, negro do recado,...” 

        Confessou-se admiradora de todos os gêneros literários, mas “inimiga ferrenha da escabrosidade na poesia”,  como se quisesse reafirmar que:  se a palavra que disposta em versos não conseguir provocar aquele arrepio que brota da mais perfeita  sensação de beleza, se não provoca um certo  arrepio,  poesia não é.

        Cultuou Catulo da Paixão cearense como o poeta sertanejo por excelência, além de José da Luz. No ápice de sua produção literária, quem mais a teve foi a trova que denominou “eficientíssimo veículo de comunicação entre poetas” De fato, fiquei sabendo que era em trova que se correspondia frequentemente, por exemplo, com o Acadêmico Humberto Del Maestro, outro trovador capixaba, que a brinda e homenageia, dotando a “A F E S L” com algumas dessas pérolas.

        Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, da Associação Espírito Santense de Imprensa, além de presidente de honra da Casa da Cultura de Afonso Cláudio – ES. Primeira trovadora a se inscrever Clube de Poetas e Trovadores de Salvador - Bahia. Reuniu em seu currículo, inúmeros certificados de participação em inúmeros eventos pelo Brasil e no exterior.

        Deixou três pequenos livros de “trova adivinha”, “Legendas de pára-choque”, também em trovas. Em sonetos: “Cadeia de Sonhos”; “Cenas da Vida Diária” (crônicas), um livreto com o título de “Sonetilho”; em poema livre, deixou a “História de Afonso Cláudio” (de sua fundação a 1930); “A Trova Adivinha” em parceria com Amália Max (do Paraná); “O Menino José” é obra com que resgata história da vida de José Ribeiro Tristão, “esse grande administrador de empresas de saudosa memória”, afirmou ela.

        Muito jovem, três meses e três dias após terminar os estudos, desposou Raymundo Ribeiro Tristão, com quem teve três filhos, Luiz Misael Lopes Tristão, já falecido; Diana Lopes Tristão e Maria da Penha Tristão de Souza que lhe deram nove netos.

        Por influência do marido, ocupou-se por muitos anos no comércio, onde sua alma de poeta deu vez à estilista incomparável no seu tempo. Muitas foram as noivas que no dia maior de suas vidas, subiram ao altar vestidas sob inspiração de D. Argentina. De fato, ela até registrou em suas memórias, a dedicatória lançada pela também acadêmica, Magda Lugon, no seu livro “Pequena Flor”: “Para minha querida Argentina, que com sua arte, criou-me o mais lindo vestido que jamais exibi em minha vida: o meu vestido de noiva”.
       
        Na hora que julgou chegada, D. Argentina deixou as demais atividades, deixando permanecer intata a trovadora e escrevia frequentemente.

        No seu chalé em Domingos Martins, premiada pela natureza, ela deu asas aos sentimentos que se afloravam, não se podava e assim era que se divertia com o bando buliçoso da garotada da rua, deliciando-se em banhos inesquecíveis em sua piscina. Quando recriminada por algum familiar, respondia que era muito bom ouvir toda aquela algazarra, música impagável.  Outra prova do quanto com os garotos se identificava se traduz no contato com aqueles que invadiam a Praça Costa Pereira, a quem fornecia lanche e falava da presença de Deus que tudo vê.  Um Deus que cultuou sempre ainda que jamais se tivesse ligado aos preceitos de uma religião.

        No dia 22 de maio de 1999, Argentina Lopes Tristão aceitou um convite para uma seresta em cuja oportunidade seria mais uma vez homenageada, na Casa da Cultura em Afonso Cláudio. Na hora precisa, dirigiu-se para lá onde era esperada pelo Senhor da Vida que diligenciaria seu regresso à casa do Pai.

        A festa da terra murchou, mas foi um espetáculo a que aconteceu no céu! Os amigos da terra não conseguiram sufocar o pranto, mas os do céu vibravam com a chegada de Argentina.

Na Igreja católica, comemorava-se a festa de Santa Rita de Cássia, gostam de lembrar seus familiares, que exatamente por isto, como que se sentem de certa forma recompensados, pela incomparável perda.

Na busca de uma sua palavra para constituir em síntese do seu testamento literário, respaldando a afirmação de sua filha, Maria da Penha, que a definiu como “uma mulher sintonizada com as causas e as coisas do seu tempo” escolhi duas trovas:

“Eu tenho um profundo amor,
Ao irmão deficiente,                           
Pois o grande Deus Senhor,                
Não vê ninguém diferente”.                

O gesto vil do atentado
De consequências insanas
Que torna animalizado
O uso das forças humanas.


Esta fala se restringe ao canto sobre a Patrona da cadeira que passo a ocupar.

No entanto, como já me acostumei a ser repetidamente perdoada, quando externo minhas irresignações, espero que mais uma vez, assim aconteça. É que não posso  sufocar um sentimento profundo que me possui:  o da mais  sincera e profunda gratidão às Acadêmicas que  generosamente referendaram meu nome, tornando-me integrante dessa Casa, onde doravante espero estar contribuindo na defesa dos objetivos que se propõe.  Ajudem-me, também lhes peço, para que a cada dia seja menos incapaz e envide os melhores esforços, na defesa da Língua Brasileira, na sua mais alta expressão.

        Nem posso deixar de citar os amigos que me alimentam com o incentivo da presença e da amizade; a minha família que aqui está, participando comigo da grandeza e da magnitude desta hora, principalmente à minha mãe, a quem dedico este momento.

        Sobretudo e sobre todos a Deus, que me dotou dos dons que tornaram ser possível, ser aceita e estar aqui e por tudo o mais que nem conheço e nem sei! 




PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO X DIREITOS DA CRIANÇA


                                    O PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO                                                              FRENTE À VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DA CRIANÇA




A violência doméstica como um todo, e em especial, a violência sexual intra familiar ainda têm sido tratadas como assuntos privados e estigmatizantes, mesmo pelos profissionais da área jurídica,  sobre quem recai a responsabilidade de considerá-la tema público e sujeito a conseqüências na esfera judicial.

Essa curiosa inversão, verdadeira negação de valores tutelados pela Lei, favorece a recorrência do processo de vitimização, porque, ante a ausência da intercessão do Poder Público, sucede a tendência da criança a adaptar-se à situação abusiva, por absoluta escassez de alternativas outras que provoquem o seu rompimento. Essa adaptação, lamentavelmente, ocorre em detrimento de seu normal desenvolvimento emocional, gerando um adulto inseguro, com baixa auto-estima, sem parâmetros relacionais adequados, e que, em muitas das vezes, vai repetir o processo de objetificação do qual foi vítima, agora na posição de agressor.

As pesquisas de forma uníssona verificado que, instalado o abuso, o rompimento do segredo que o sustenta vai depender de um ambiente familiar no qual a criança vá se sentir protegida após a revelação e/ou de um suporte estatal que lhe dê outras possibilidades, a não ser a submissão a essa violação.  É sabido que o enfrentamento das questões implicadas no abuso sexual intra familiar, configuradas nos planos jurídico, social e psicológico, depende de uma abordagem multidisciplinar voltada para a efetiva proteção da criança e de sua saúde, que inclui a existência de órgãos públicos e profissionais aptos para esse atendimento.

É preciso, portanto, em defesa dos direitos dessas vítimas, reagir contra o imobilismo decorrente da indiferença de uma sociedade desiludida e do desinteresse do Poder Público. Mister se faz que o Estatuto da Criança e do Adolescente seja efetivamente implementado.

No contexto do Estatuto, que nos trouxe a tão decantada doutrina da proteção integral, estabeleceu-se um sistema de garantias assentado sobre uma verdadeira “rede de proteção”, consistente em um conjunto articulado e integrado de organismos e ações que têm por meta assegurar os direitos dos infantes.

Esse sistema é composto tanto pelas políticas sociais básicas – que vão assegurar o direito à educação, saúde, profissionalização, etc. – quanto pelas políticas de proteção especial – que, em conjunto com os órgãos do sistema de justiça, entram em cena quando da ocorrência concreta de violação de direitos.

Como acentua Edson Seda, na vigência da legislação anterior, “a ausência ou insuficiência de ação necessária para implementação de qualquer das políticas públicas transformava a criança e o adolescente em menor em situação irregular, o que bastava para que fossem encaminhados à autoridade tutelar. Atualmente, com a vigência do ECRIAD, a mesma falha inverte a polarização, colocando a política pública em situação irregular, demandando imediata ação administrativa para cobrar o direito violado”. Observe-se, nesse sentido,  a severidade do art. 208 do texto legal.

É indispensável que cobremos do Poder Público seu dever frente aos cidadãos. A provisão de todo o sistema de garantias de direitos da criança e do adolescente, que perpassa tanto as políticas sociais básicas quanto os serviços de proteção previstos no art. 101 do Estatuto, não são favores, mas obrigações do Estado, contrapartidas óbvias dos direitos subjetivos de nossos infantes expressamente elencados em lei.

A ampla legitimação confiada ao Ministério Público para a defesa desses direitos, que nos autoriza a atuar tanto na esfera judicial quanto extrajudicialmente, torna a omissão do Poder Público fator que obrigatoriamente nos impele agir, sob pena de sermos, também, omissos.

A sensibilização do Poder Público, a celebração de compromissos de ajustamento de conduta e a emissão de recomendações têm-se revelado instrumentos bastante eficazes na atuação ministerial em defesa dos direitos da criança. Temos obtido avanços significativos através da intervenção extrajudicial.

É notória a carência de serviços públicos, em todo o território brasileiro, em severo prejuízo de nossa sofrida população, que tem depositado no Ministério Público crédito e confiança.

A proposta é que façamos jus a esse crédito, assumindo, concretamente, o papel de agentes comprometidos com a materialização dos tantos direitos assegurados às nossas crianças, que, em muitos casos, presentifica-se somente no papel.


quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

NATAL, PROPOSTA DE AMOR


Presépio no Convento da Penha 


Pena que há publicações em que o site sai branco, fica feio, mas não sei porquê. 


Hoje o mundo cristão se comporta de forma que torne o mais perfeito possível a vivência do dia de Natal. Dia em que Jesus depois de ter sido concebido no ventre virginal de Nossa Senhora, seu primeiro tabernáculo, nasceu na mais absoluta pobreza numa gruta, em Belém. Foi também quando, digamos, se cumpriu a primeira parte das tantas que sucederiam no curso de  sua vida terrestre, conforme afirmação de João (1-11):"Ele veio para os que eram seus e os seus não O receberam".

“Não temos mais vagas” ouviu mais de uma vez o pobre casal, chegado por obediência a Belém, porque, assim que eram vistos ficava estampado no olhar de todos de como eram pobres. Essa cegueira acometeu os companheiros da viagem que não repararam na situação de Maria, mesmo que sua gestação fosse do próprio Deus, que passava pelos diversos incômodos que precedem o parto de um filho. Nenhuma boa senhora se aproximou, ninguém lhe ofereceu algo para comer, enfim, na multidão passava despercebido aquele casal ao qual o Senhor confiou uma grande tarefa certamente a maior já atribuída a qualquer outro, ou pessoa.

Mesmo assim, se entendiam por gestos e talvez poucas palavras. José, penso, que se preocupava um pouco mais, porque tinha o papel de provedor, ainda que sua fé se assemelhasse em tudo à, da sua esposa sem duvidar de que Deus entraria em ação, assim que fosse necessário, ia agindo. 

Com o que encontrou e com o pouco dos trapos que tinham puderam proteger o recém-nascido das incidências de qualquer mal, em decorrência do tempo ou da temperatura.

Saibamos que o nascimento é o ponto de partida para um grande projeto de salvação, já que a humanidade entregue ao pecado se esquecera do Deus que a criou, vivendo como se pudesse prescindir dele ou como se ele não existisse. O combustível que movia Javé, era aquele amor com que “amou tanto os homens que lhe mandou seu Filho, para que todos os que nele cressem fossem salvos”.

Natal é uma proposta de amor, traduzida na pessoa de um Deus que se fez como os homens para que os homens se transformem em Deus. Não será oferecida gratuitamente, nem imposta. Importa em acolher,  receber a Palavra, “o Verbo que se fez carne e habitou entre nós”, importa aderir aos preceitos divinos e à sua lei e ser fiel agora, hoje, sempre. 

Acolhamos esse Cristo fascinante que nos ama incondicionalmente e nos quer à sua direita como bons cordeiros, quando vier àquela hora. Para tanto, valhamo-nos do exemplo de quem mereceu ser considerada corredentora, Maria nossa Mãe Imaculada, disponível e atenta a prevenir nossas necessidades a partir do “fazer sempre tudo aquilo que Jesus mandar”.

Que a vivência deste Natal nos transforme, leitores, suas famílias, seus amados, todos os que chamam a Deus de Pai e por isto nos faz irmãos, em discípulos fieis, divulgadores da boa nova que o Menino de Belém veio trazer. 

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

ELA SABIA QUE A HORA ESTAVA CHEGANDO


Nesta antevéspera do Santo Natal, coloquemo-nos a refletir como foi o comportamento de Nossa Senhora. Ela sabia que estava chegando a hora do nascimento de seu filho que era também Filho de Deus. Que sentimento materno e piedade envolviam o coração da Mãe. Com que ternura, mas sem ansiedade, se colocava a imaginar o momento certo do nascimento.

E eis que chega a ordem do Imperador que determina que todas se dirigissem a Belém para que fossem recenseados. E Maria se põe a caminho ao lado do esposo. Não se queixa, não protesta, obedece porque se deveriam cumprir todas as coisas que da parte do Senhor lhe haviam sido reveladas.

Quantos transtornos causados naquele nono mês de gravidez. Ter que fazer um deslocamento daquele tipo. Mas a mãe não se queixa, previa que o Filho pudesse nascer em tais circunstâncias, coloca apenas o que tinha ou algumas faixas em uma sacola, para envolvê-lo.

Os que caminhavam ao seu lado, talvez sequer tenham percebido o suficiente. Não se tem notícia de que alguém se tenha compadecido de vê-la naquele estado, fazendo uma tal caminhada. A prova disto está em que, na chegada de Belém se viram sós, batendo de porta em porta e em cada porta ouvindo a mesma resposta: “não temos mais vaga” Não porque realmente não houvesse, mas porque a aparência de pobreza daquele casal era prova de que não tinha como pagar as diárias que ali passassem.

Nossa Senhora, a mãe, no entanto, ouve silenciosa e resignada, aquelas pessoas não sabiam a quem deixavam de acolher, cegos pelo egoísmo e sede de riqueza, tinham os olhos vendados, incapazes de recepcionar o amor.
Que sejamos livres de tal cegueira e saibamos acolher Jesus, o Salvador que vem libertar todos da morte e do pecado. [1]



Do programa COM MARIA PELAS ESTRADAS DA VIDA
Rádio América, AM 690  12:45





domingo, 22 de dezembro de 2019

RUMO A BELÉM


Coloquemo-nos ao lado de Maria e José na caravana que ruma em direção a Belém. Caminhada que começou desde as primeiras horas da manhã e que exatamente por volta destes instantes vai chegando a termo. Já se começa a divisar ao longe, as primeiras casas, os primeiros sinais de que chegavam à cidade de Belém (Davi).
A caminhada não foi  fácil.


Maria está cansada, mas não arrefece o passo. José olha para ela, com a serenidade de quem sabe a intensidade do mistério que viviam, não é que fique preocupado, sabia que o Deus da vida jamais falta com sua ajuda e com sua graça e até mais, precede cada necessidade de quem como eles, José e Maria, se entrega à sua ação, se disponibiliza por inteiro ao cumprimento de Sua vontade.


Eis Belém, alguns se dirigem para casas de parentes ou amigos e se acomodam o melhor que podem, outros se dirigem às hospedarias e pagam o que pedem aos donos que aproveitaram a oportunidade para elevar os preços e ganhar mais. Outros ainda, se arrumam em tendas bem poucos não terão de ficar como o Filho de Deus que desde já demonstrava que ”não tinha onde reclinar a cabeça”.


Procuremos pensar como é um momento assim e tire suas conclusões.


Santa Maria, Mãe de Deus e Mãe dos homens, contemplamos teu despojamento e mais uma vez, queremos aprender de ti o desapego pelas coisas que passam; contemplamos tua simplicidade, o teu contentar-se com o que foi possível ter no maior momento da história e foi protagonizado por ti.


Intercede por nós para que tenhamos um coração de pobre, sorvendo a lição do presépio, porque é assim, que possuiremos a terra.

Programa deste 23/12/2019
Rádio América AM 690

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

ELE CONTINUA VINDO


18 de dezembro de 2019 quarta-feira

Este é o texto do meu programa de hoje.
Ráio América, AM 690 12:45 

Nos dias atuais, estamos familiarizados com a ideia de que as celebrações do advento e mesmo do dia do Natal são representações do que aconteceu há dois mil anos, quando em Belém de Judá nasceu o Salvador. Somamos à certeza de que Ele veio como luz para os povos para que os que andavam nas trevas, pudessem ver a luz. Veio para propor uma reconciliação absoluta da humanidade com seu Senhor e Criador. Veio para mostrar que o Caminho a ser percorrido Ele mesmo, encerra também a Verdade e a própria Vida.
Batismo de Jesus.
Este é meu Filho amado escutai-O.

Foi resultado de um projeto de salvação o qual envolveu o pensamento do Pai, uma preparação que se prolongou por milênios, ao ponto de que todos os que antes O esperaram ardentemente, morreram sem tê-Lo visto. Havia uma determinação, a hora de Deus, não a que pudessem designar os sacerdotes ou anunciar os profetas. Nada aconteceria senão quando chegasse “a plenitude dos tempos”.

E o Salvador veio, cresceu, se fez homem, trabalhando como simples nazareno, até que chegada a hora do Pai, trocou o aconchego de sua casa, ainda que muito humilde, pelos caminhos tortuosos da Região que não era grande já que caminhava a pé, e nem havia como ser de outro modo. Vai ao Jordão onde João batizava e lhe pede para ser batizado também. Nessa oportunidade ouviu-se uma voz que vinha do céu e proclamou alto e em bom tom “este é meu Filho muito amado, ESCUTAI-O”. E Jesus convida alguns para que o acompanhassem mais de perto e lhes ensinava e não cessou mais “de ocupar-se das coisas do Pai”, tal qual já asseverara à sua Mãe, na presença de Doutores da Lei no episódio da volta de Jerusalém,  em que afastou-se dos pais.

Se olharmos somente pelo plano humano, diremos que os feitos do Mestre foram verdadeiro fracasso. Na verdade era semente que caia e ia dando frutos.  Digo isto, porque como alertou o Papa Francisco: na verdade, o Natal é vinda de Jesus, ao mundo de hoje, para salvar os homens de hoje, para curar cegos, os que persistem em não ver o que devem, coxos, curar os que estão doentes de todos os males e voltar a proclamar a boa nova do Pai. Eis porque cumpre que o recebamos. Cumpre que tenhamos o cuidado de não engrossar as multidões que vivem indiferentes como se esta fosse a verdadeira vida e não a eterna que para todos começará um dia. 

Que Nossa Senhora abra o nosso coração para que seja tabernáculo de Jesus, não lhe falte um lugar na nossa mesa, um lugar onde repousar, ao fazer estes gestos em favor dos que o representam. Não é simples representação, comemoração, uma lembrança apenas a ser reavivada. Não, Cristo vem nos próximos dias para fazer a vontade do Pai, fazendo tudo o que Ele dispuser.

Que o Divino Espírito Santo nos ajude a entender a fundo estas verdades e a viver segundo elas. 

sábado, 14 de dezembro de 2019

JOÃO BATISTA, O PRECURSOR



João Batista, o  precursor.
O precursor, João Batista, assume papel extraordinário na preparação da vinda de Jesus. Entre suas palavras sinto como a mais forte aquela em que diz: preparai os caminhos do Senhor, endireitai suas veredas, façam rápido, ele está perto. Penso que o ouvinte saiba que caminhos e veredas aqui referenciados, não é um lugar ou vários, no ambiente que vivemos. É nossa alma, é nosso espírito, é nossa disponibilidade de ouvir sua Palavra, é por em prática, é sempre fazer tudo aquilo que Ele nos disser.

Falo particularmente do nosso Brasil no qual vivemos um ano durante o qual tivemos muita mentira rolando, muito roubo descoberto e impunidade que campeia, autoridades que perderam por inteiro o respeito que é lhes devido em virtude do poder que possam deter, uma vez que é muito verdadeiro “o dito”: “respeite, para ser respeitado.” Demos um passo a frente, elegemos um Presidente que pelo menos em uma coisa é diferente de tantos. Com medo de que seja um líder inconfrontável, seus opositores, batem o tempo todo em suas costas e o acusam como responsável de absolutamente tudo.

Com as hostilidades trocadas, esquecemos que construímos uma aura de males que passaram a fazer parte do nosso dia a dia, que nos cegaram e contaminaram o ar que respiramos e adoecemos todos de mal, de males, muito ou pouco.

Penso que pode ser esta uma forma de preparar o caminho do Senhor: deixar de nos hostilizar, nos irmanarmos, querermos, sobretudo o bem da Pátria e o bem de todos. Contribuir para o que de bom é feito e não torcer para que de errado, tipo “que o Presidente se exploda”.  Cuidemos do ambiente, que como estamos vendo está-se vingando dos males que lhe são causados e as chuvas abundantes que caem causam danos impensados, castigando, sobretudo os pobres que vêm de um momento para outro perderem tudo, como se diz, se verem reduzidos a vestimenta que tiver no corpo. Endireitai suas veredas, apressemo-nos a um grande gesto de reconciliação, abracemo-nos, não esquecendo nunca que chamamos ao mesmo Deus de Pai. 

É a proposta do Messias, mas só será capaz de aderir a ela, quem tiver percorrido um autêntico caminho de conversão, de transformação, de mudança de vida e de mentalidade.

Amando, amando, amando e depois amando mais ainda.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

DEZ VERDADES SOBRE O NATAL

Prof. Felipe Aquino


Antes de tudo é preciso focar as atenções no grande Aniversariante. Ele veio para nos salvar. Que Ele não seja esquecido, renegado, escondido. “Ele é Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1,19). Como disse o salmista, é preciso dizer: “Que céus e terra glorifiquem o Senhor com o mar e todo ser que neles vive!” (Sl 68,35); porque “Seu Nome é admirável Conselheiro, Deus forte, Pai do século futuro e Príncipe da paz será chamado” (Is 9,6).
Toda a alegria da família deve estar lastreada no júbilo que brota em nossos corações por saber que agora temos um Irmão divino, que nos ama, que nos acompanha, e que vive em nossa alma. Deus se fez homem, veio armar a Sua tenda entre nós. Ele é o Emanuel, o Deus conosco, que, ressuscitado caminha conosco para que não tenhamos medo das lutas da vida. Ele não se orgulhou de ser Deus, se fez pequeno, se fez criança; como disse São Paulo se fez pobre para nos enriquecer com suas graças.
Cada família cristã precisa armar o Presépio, e contemplar diante dele as grandezas desse Menino que deixou a glória celeste para nos socorrer em nossas misérias.
Contemplando também os personagens do Presépio, podemos meditar profundamente nas lições do Natal, e preparar a alma para construir nela o verdadeiro presépio; a melhor manjedoura no coração para receber o Rei dos reis.
José e Maria, os pais do Menino Deus encarnado feito homem que quis ter uma família humana. Aí vemos toda a importância do pai, da mãe e da família; é uma consagração do quarto mandamento. A família é sagrada; e a mais sagrada é a família de Nazaré. O Presépio nos ensina a beleza e a importância da família. Em José e Maria vemos também o exemplo daqueles que vivem conforme a exata vontade de Deus: dóceis, meigos, disponíveis a Deus de maneira absoluta; simples, puros, santos.
Ali estão os Anjos – anunciaram com júbilo aos pastores o nascimento do Menino Deus: “Glória a Deu nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”. Os Anjos acompanharam Jesus em toda a sua vida, da manjedoura á Ascensão ao céu.

Ali está aquele pequeno burrinho – era o humilde animal dos pobres e humildes do povo que aguardavam o Messias, que viria para salvar o povo. Foi nele que Jesus entrou em Jerusalém para consumar a Sua obra e viver a Sua paixão. No Presépio ele representa a criação dócil de Deus que acolhe o seu Deus e lhe presta o devido culto de serviço e de louvor.
O boi também está ali – era o animal sacrificado nos holocaustos dos judeus, no Templo, em oferenda pelos pecados do povo. Jesus, com o Seu Sacrifício na cruz, levou à plenitude os sacrifícios da Antiga Aliança, que era celebrada no sangue dos novilhos. O boi no Presépio acolhe a Grande Vítima que será um dia imolada no Calvário, no seu lugar, pelo pecado do mundo.
A ovelha – dócil animal que representa o Cordeiro que os judeus sacrificavam diariamente no chamado “holocausto perpétuo”, ao cair da tarde, para a purificação dos pecados do povo judeu. É uma imagem de Jesus, que como disse Isaias, foi conduzido ao Calvário como uma ovelha muda, sem resistir, sem blasfemar, sem se arrepender de fazer a vontade de Deus.
Ali estão também os pobres pastores de Belém – são os representantes humildes do povo judeu, para quem Jesus veio em primeiro lugar. Os céus se lhes abriram e eram viram os Anjos cantando o Glória a Deus. São eles as testemunhas de que Deus cumpriu para com o povo judeu a Promessa de enviar o Redentor, anunciada pelos profetas.
Os reis Magos chegaram também – são os representantes dos gentios; daqueles que não eram judeus; muitos deles já conheciam o Deus de Israel e lhes prestavam culto. Os Magos no Presépio indicam que Jesus veio não só para os judeus (representados nos pastores), mas para todos os povos do mundo. Eles oferecem ao Menino Deus, o incenso; ao Menino Rei, o ouro; ao Menino Cordeiro, a mirra do sepulcro. É a representação de todos os povos que veem adorar “Aquele que vem em Nome do Senhor”.
É ai, diante do Presépio que os pais podem aprender a amar como José e Maria; e os filhos podem aprender com o Deus Menino a beleza da obediência aos pais, e a virtude do trabalho.
É diante do Presépio que a família deve rezar o Terço meditando cada mistério da vida de Jesus, desde o Anuncio do Anjo a Maria até a consumação de Sua glória.
Que cada presente dado aos filhos seja a expressão da alegria do nascimento do nosso Redentor. Que a ceia do Natal seja a expressão da confraternização da família que se modela no exemplo da Sagrada Família. Que o desejo de “um feliz Natal”, seja também um compromisso de amar cada pessoa da família, suportando os defeitos de cada um, se comprometendo a ajudá-los nas suas dificuldades.
Enfim, que a celebração do Natal em cada lar seja o advento, a chegada, Daquele que é o Príncipe da Paz, e que vem trazer a paz à família, neste mundo de tantas aflições e tribulações.
Prof. Felipe Aquino
Membro ativo, pregador, comunicador, Canção Nova 

domingo, 8 de dezembro de 2019

DESABAFO


                                                      Valsema Rodrigues


Como Chaplin
Busco inocência e felicidade...
Permanecem forte dentro de mim
A esperança e a verdade!

Ainda sonho...sonho...
Não conseguiram matar meus sonhos!.!
Embora seja proibido sonhar
Neste País de desencantos!

E insisto em amar
Embora não seja permitido
Por certas convenções sociais...
Que se amem Todos!!
Que desapareça a homofobia!
Teimosamente,
Quero sempre despertar
O amor e a sedução...

Tenho fome...tanta fome...
Não apenas de macarrão com pão
( se é que se pode ainda comer
macarrão com pão)
neste País com inflação!

Tenho fome de Justiça Social
De acabar com a miséria, as doenças,
Violência, desemprego, desespero,
Tanto mal...

Tenho fome de emoção,
Fantasia, sensação, alegrias
Paz , saúde e  verdades
Quanta imoralidade!

Tenho fome
De que o VIVER, o sonhar,
E O existir do SER
Sejam vividos
Na mais pura essência
Da verdade, da justiça, da ética,
e da realidade.
Sem jamais anular a vontade
Da Criatura. Jamais!



AQUELAS ÁGUAS


Translúcidas águas
daquele curso,
desfilavam sob meus olhos,
em placidez invulgar.

Fiquei à beira contemplando,
com coloridos tantos,
restei deliciando-me.
Pedrinhas que com brilho
permanente se tornaram cristais,
enfeitando o fundo.

Fazia parte desse contexto,
espargindo brilho fulgente,
incidindo sobre as águas,
valendo-se das marolas
produzidas pelo sopro do vento
e enchiam-se de estrelas.

Indizível a sensação de paz
que me envolveu.
Nem vi passar o tempo,
só percebi que de repente,
anoiteceu.

Marlusse
Junho 2019

EU SOU A IMACULADA CONCEIÇÃO

Neste próximo domingo, dia 8 de dezembro, lembramos a concepção de Maria, a Imaculada, sem mácula, sem como nós, manchada pelo pecado original.

Claro que existe uma grande justificativa para tanto, desde sempre, o Senhor predestinou que a filha daquele casal muito simples de Nazaré, Joaquim e Ana, a qual foi dado o nome de Maria, Miriam em hebraico, quando chegasse a plenitude dos tempos, seria constituída em Mãe do seu Filho que veio à terra com uma missão ao mesmo tempo em que para proceder a Revelação, como para anunciar a Boa Nova do Pai, mas suas obras se reverteram em serio sinal de contradição.

Traído mesmo pelos que lhe estavam sempre por perto, com destaque para o personagem Judas, passando por ver-se preterido a Barrabás, o que lhe impingia a mácula de criminoso hediondo. E acabou morrendo pregado na cruz. 

Coube ao Papa Pio IX, no dia 08 de dezembro de 1854, juntamente com 54 Cardeais, 43 Arcebispos, 100 Bispos e mais de 50 mil romeiros, que foram a Roma do mundo todo, declarar a Bula INEFFABILIS DEUS,  que traz o seguinte dogma: 

"É de Deus revelada a Doutrina que sustenta que a Virgem, Bem-Aventurada Maria, no primeiro instante de sua conceição (nascimento), por singular Graça e privilégio do Deus Onipotente em vista dos méritos de Jesus Cristo,o Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, e dessa maneira deve ser crida por todos os fiéis".

Desde este dia, os católicos passaram a acreditar que Maria nasceu Imaculada, quer dizer, sem mácula, sem mancha, sem pecado, não tendo herdado o pecado de Adão, como todos os outros herdamos. Um privilégio dado  por Deus, por causa do seu Divino Filho. 

Depois de três anos dessa solene proclamação, no dia 11 de agosto de 1858. milagrosamente, Nossa Senhora apareceu, quinze dias em seguida, perto da  pequena cidade Lourdes na França, a uma menina pobre, de  13 anos de idade, chamada Bernadete. 

No dia 25 de março, Bernadete suplicou que Nossa Senhora lhe revelasse seu nome. Após três pedidos sucessivo, Nossa Senhora lhe respondeu: "Eu sou a Imaculada Conceição".

Assim, embora o próximo domingo seja o segundo do advento e tem prioridade na liturgia, a Missa girará em torno, não podemos desconhecer do fato IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA o qual tem tudo a ver com o advento. É tempo de espera, ele acontece durante quatro semanas e Maria é a principal estrela do advento, por isto invocamos sua proteção: rogue por nós pecadores para que sejamos dignos das promessas de Cristo, rogue agora e na hora da nossa morte. Amém.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

CORACORALINAMENTE


Há anos aqueles versos longos a transbordarem no seguinte, quase sempre se abstendo da rima clássica, ou dos versos fixos, compensados sempre pelo infinito de verdades da vida longamente vivida, assimilada, louvada, cantada,  bem vivida, me encheram da maior e infindável ternura, de respeito quase genuflexo, por aquela face enrugada por efeito do tempo, aquele corpo curvado, endossando um vestidinho de fazenda cheia de florezinhas, no meio da canela, mangas longas como usou desde os tempos de antão. 

Ler seus poemas é cantar deslumbramentos, sentir a alma que voa por aí, até a paramos impensados. É saborear doces sem artifício, feitos com o que de melhor a terra tem, coco, abóbora, chuchu, o que mais ao momento convém. 

Falo de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, vulgo Cora Coralina, a poetisa, eterna ouvinte do marulhar das águas mansas de um rio, já agora um pouco decadente, porque não é exceção ao que pertence à natureza, tão ferida, desrespeitada, malograda. Mas que de tempo em tempo transborda ameaçando o acervo tão carinhosamente custodiado, da velha senhora. 
Casa de Cora depois de reconstruída. Ai ela nasceu.
E mais precisamente, daquele momento em que passa por debaixo da ponte, que leva gente de lá para cá, que tantas vezes, quantas jamais se saberá, ela mesma, de cá para lá. Rio sobre o qual deitou tantas vezes seu olhar complacente, agradecido, fulminante, imenso, antes de galgar em passos que a cada ano foram-se tornando mais lentos para a igrejinha de sua devoção chegar. 
Poema do Beco
A cidade tem aspecto bonito, como convém a todas, mas difícil nas que distam de uma vez.

Naquele dia, em que realizei meu sonho, desse monumento visitar, O céu azul deixou-se nublar por um temporal benfazejo, que desceu ladeira abaixo que acabou por lavar minha sandália de borracha, enegrecida pelo pó de minério espalhado por siderúrgica impropria do lugar tão diferente do dela, mas é onde eu vivo. 

Sala preservada, muito linda. 
Que linda casa, velha, mas absolutamente conservada na qual em cada cômodo, algo a faz lembrar. Aqui, uma máquina de escrever que projeta escritos seus na parede, ali, uma espécie de cano natural, por onde a água desce cantando e também vai repetindo versos seus. 

Suas roupas, seus escritos, suas lembranças. As homenagens recebidas só depois de septuagenária, mas não vencida. 
Falar em poesia é mágico, falar da poesia é sorvê-la, falar de poesia é sentir calafrios derivantes da beleza e do sentir que só ela tem. Falar de poesia é imergir na beleza coracoralinamente. Falar de amor de tudo e de todos que ela poetizou, falar de amor é plagiar em versos, Cora, falar em poesia tem que ser de Cora Coralina, 

Coracoralinamente.