quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

QUEM APRISIONA A VERDADE NA INJUSTIÇA?


Ora sim, ora não concordo com o que escreve Leonardo Boff. “Uma justiça sem venda, sem balança e só com a espada?” e “A espetacularização e ideologização do judiciário”, artigos seus, publicados em diversos jornais, se incluem no segundo caso.  


O autor se arvora juiz, sequer adota qualquer texto legislativo, imerge nas profundezas de uma ideologia que brota de cada sua palavra, posto que, como ele mesmo afirma: “detrás de todo conhecimento e de toda prática humana age uma ideologia latente” que se “resume em dizer que a ideologia é o discurso do interesse”, acrescenta, “todo conhecimento, mesmo o que pretende ser o mais objetivo possível, vem impregnado de interesses. Pois assim é a condição humana”.

Ministras Carmem Lúcia e Rosa Weber
Note-se que não acena para qualquer exceção, portanto, ele mesmo se inclui entre tais ideólogos. Pergunta-se: se todos se movem por uma ideologia, qual é a ideologia que o norteia, Sr. Boff, ao fazer tais afirmações? Veja-se.

Hilariza sobre as motivações da que chamou imprensa empresarial, que não aceitou Lula-presidente, esqueceu daqueles grandes empresários aconchegados ao seio do grande imunizado da “tribulação do povo brasileiro”, beneficiando-se à exaustão da “Bolsa Empresário” como a denominou Miriam Leitão, nesses anos de governança faz de conta, pro “causas populares”.

Cita filósofos, fala de ideologia partidária, condena a Ministra Rosa Weber a quem nada menos titula de leviana e culmina dizendo no primeiro artigo que o Ministro Joaquim Barbosa “aprisionou a verdade na injustiça” (Rom 1,18), mesmo tendo prevenido de início, no segundo artigo, “não estou defendendo a corrupção de políticos do PT e da base aliada”. Então está fazendo o quê?

Teorias como a de Leonardo Boff, filosofia política como a do PT têm causado confusão na cabeça de muita gente que se não tiver capacidade de separar joio do trigo, pode embarcar em canoas furadas e não chegar a porto seguro nenhum.

Se a referência à “literatura jurídica” feita pela Ministra Weber para condenar JD não foi a mais feliz, de que errou ao condená-lo, por ação ou omissão, em todo aquele episódio, não pode ser dito, em virtude do cargo que o ex-ministro ocupava, com as atribuições ao mesmo inerentes. “Coautor é aquele que contribui para o crime em consequência do que incide nas penas ao mesmo cominadas”. (Art 29 CP).

Antes quer-me parecer que aprisiona a verdade quem só a vê no que diz, ou dela se apodera de tal sorte, que ninguém mais está certo ou é justo a sua volta.

 
Vitória, 13 de janeiro de 2014  14:40