Devido
à publicidade, devido à globalização, devido à disponibilidade na mão de todos,
do poder saber de tudo e de todas as coisas que acontecem – se são divulgados -
cada um começa a falar de praticamente tudo, fala como entende, de política com
todas os seus adereços, da pobreza e da miséria, do mal, nada do bem porque este
não faz barulho, e presenciamos e sentimos um stress generalizado acometendo
todos. Não conheço exceção a menos que façam parte daqueles que dando de ombro
dizem: “Não estou nem ai”
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Congresso Nacional |
Se
já não “sabíamos o que será o amanhã”, agora ainda muito menos e curiosamente,
a certeza de que é assim nos vem dos contínuos subtrair dos direitos sociais
garantidos constitucionalmente, do querer desigualar iguais, do efeito
continuado propiciado pela corrupção sem precedentes que minguou nosso
desenvolvimento, da redução sem precedente do salário mínimo. O rosário de
penas não tem fim...
Mas
o dinheiro surgiu (e em situações análogas sempre surge) aos borbotões, quando se
tratou da compra milionária de votos dos parlamentares da Câmara Federal, ou melhor
dizendo, de suas consciências, para poupar o Presidente Temer de duas ações
penais (ainda que depois do mandato possa responder por elas).
Não
há dinheiro para boas escolas onde se precisa, ou em todos os lugares onde se
fazem necessárias, não há dinheiro para prestação de saúde e o espetáculo de
doentes em corredores, até pelo chão, é diário e é dantesco. Salvar vidas de adultos e de crianças, como daquele garoto
que tinha um câncer na boca que lhe avolumava o rosto e condenou a morte, mas
que era benigno e não foi tratado a tempo. Estremecemos, sofremos, mas não
podemos perder nossa capacidade de indignação, não nos podemos omitir em nada que
pudermos fazer.
Por
exemplo, uma solução vem sendo de todos os modos proclamada: não votemos em
nenhum desses que hoje estão no poder. Não creiam nas mentiras que nunca param
de contar. Mesmo que seja seu “ente” ou “parente” e até nele
você crê, não
vote, ele pertence ao número dos que devem sair de cena, compôs o vandalismo
atual, bem semelhante ao de ontem, na política brasileira. Ou na expressão de
Eça de Queirós: “políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos,
pelo mesmo motivo”
É
preciso ser radical. A luta é grande até porque nenhum desses fatos se
repetiram só recentemente ou pela primeira vez. A leitura do que escreveram
pessoas de bem nos atestam que já diziam estar vivendo em uma espécie de
inferno. É terrível.
Todos
os dias novas facadas. Todos os dias imposição de novos sacrifícios. Busca-se reformar
a previdência sob alegação de déficit, mas não são cobrados os valores de quem
deve a ela em cifras impensadas.
Sabe-se
quem deve ao Banco Central, por que não cobrar já que tão bem se sabe que o
patrimônio do qual dispõem o autoriza. Os conchavos inibem, “fala de mim que eu
falo de ti...” Não se pode ter “rabo
preso”. Nem se penalize o povo que já está massacrado.
Mas
honestidade não consiste só no que diz respeito à política depende de inúmeras
práticas diárias da lavra do povão que pensa que não fazem a diferença. E como
fazem!
Mentira:
quem mente no pouco, acaba mentindo no muito. Furtinhos daqui e dali. Pequenas omissões.
Preguiça de não ir à luta. Deixar para depois, etc. Aqui e agora sejamos
absolutamente honestos, absolutamente verdadeiros, nem nos esqueçamos de que “as
grandes coisas se fazem com as pequenas” e que os políticos que recebem
mandatos, é de nossa parte que recebem e enquanto entre nós, conosco são “farinha
do mesmo saco”. Já pensou?
Marlusse
Pestana Daher
Vitória,
28 de novembro de 2017