quinta-feira, 31 de março de 2011

PROFETA E VIDENTE

Profeta e vidente. Concorda?

-É verdade que da Europa voltaste feito doutor ?

- Parece-te isto impossível ? É verdade, sim senhor.

- E qual a ciência então ?

- Isso não sei: o diploma é escrito em alemão."

Gonçalves de Magalhães (1811-1882)

quarta-feira, 30 de março de 2011

Ajudando a divulgar

Em petição pública a Campanha Ponto Final na Violência contra Mulheres e Meninas alerta para o feminicídio no Brasil

Na petição pública em que busca sensibilizar autoridades e a sociedade brasileira, bem como alcançar um grande número de adesões, a Campanha Ponto Final na Violência contra as Mulheres e Meninas, coordenada pela Rede Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, Rede de Homens pela Equidade de Gênero e Coletivo Feminino Plural, apoiada por Themis Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero, Maria Mulher – Organização de Mulheres Negras, faz um alerta para os altos índices de assassinatos de mulheres no Brasil e suas semelhanças com o feminicídio verificado em toda a América Latina e Caribe.

Informações recentemente divulgadas pelo Instituto Zangari, a partir de dados do Sistema Único de Saúde (Datasus), revela que entre os anos de 1997 e 2007, 41.532 mulheres morreram vítimas de homicídio – índice de 4,2 assassinatos por 100 mil habitantes. As taxas de assassinatos femininos no Brasil colocam o país no 12º lugar no ranking mundial de assassinatos de mulheres. O estudo mostra que algumas cidades brasileiras registram índices mais altos.

Em 50 municípios, os índices de homicídio são maiores que 10 por 100 mil habitantes. O Espírito Santo ocupa o primeiro lugar, com índices de 10,3 assassinatos de mulheres por 100 mil habitantes. Outro dado alarmante divulgado neste mês é o de que nas cidades mato-grossenses de Cuiabá e Vargem Grande, 95 mulheres foram assassinada por homens s nos últimos 50 meses (Delegacia de Homicídio e Proteção a Pessoa).

Para saber mais e assinar a petição pública acesse: http://www.peticaopublica.com/?pi=P2011N8090

ANUNCIAÇÃO - Festa em 25 de março

A saudação e o nome "cheia de graça" dizem-nos tudo isto; mas, no
contexto do anúncio do Anjo, referem-se em primeiro lugar a eleição de Maria como Mãe do Filho de Deus. Todavia, a plenitude de graça indica ao mesmo tempo toda a profusão de dons sobrenaturais com que Maria é beneficiada em relação com o fato de ter sido escolhida e destinada para ser Mãe do Salvador.
Se esta eleição é fundamental para a realização dos desígnios salvíficos de Deus, a respeito da humanidade, e se a escolha eterna em Cristo e a destinação para a dignidade de filhos adotivos se referem a todos os homens, então a eleição de Maria é absolutamente excepcional e única. Daqui deriva também a singularidade e unicidade do seu lugar no mistério de Cristo.
O Mensageiro lhe divino diz: "Não temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás a luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo" (Lc 1, 30-32). E quando a Virgem, perturbada por esta saudação extraordinária, pergunta: "Como se realizará isso, pois eu não conheço homem?", recebe do Anjo a confirmação e a explicação das palavras anteriores. Gabriel esclarece: "Virá sobre ti o Espírito Santo e a potência do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso mesmo o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus" (Lc 1, 35).
A Anunciação, portanto, é revelação do mistério da Encarnação exatamente no início da sua realização na terra. A doação salvífica que Deus faz de si mesmo e da sua vida, de alguma maneira, a toda a criação e, diretamente, ao homem, atinge no mistério da Encarnação um dos seus pontos culminantes o que constitui, de fato, um vértice de todas as doações de graça na história do homem e do cosmos.
Maria é a "cheia de graça", porque a Encarnação do Verbo, a união hipostática do Filho de Deus com a natureza humana, se realiza e se consuma precisamente nela. Como afirma o Concílio, Maria é "Mãe do Filho de Deus, filha predileta do Pai e templo do Espírito Santo; e, por este insigne dom de graça, leva vantagem sobre todas as demais criaturas do céu e da terra".

quinta-feira, 17 de março de 2011

Duas de vez.

Existem coisas que estão acima da nossa compreensão, da nossa capacidade de ver claramente ou em detalhes, de saber os porquês. Neste grupo, se incluem os desígnios de Deus.
Nós nunca chegamos à conclusão que queremos a respeito dos males, das doenças, das coisas que nos ferem tanto, da morte que nos deixa arrasados e em pranto que insiste em não estancar, embora o tempo passe...
Existem coisas que Deus faz ou permite que aconteçam e mesmo que desejemos, Ele não vem em nossa ajuda do nosso jeito.
Nosso querer é diferente do querer de Deus e é diferente porque apesar de termos sido criados à imagem e semelhança de Deus, pelo pecado, nós nos desigualamos e esta desigualdade faz muita diferença, no sentido de que tira de nós os atributos divinos, as graças que recebemos a partir do batismo e ficamos de certa forma mutilados o que nos impede de estar na mais perfeita comunhão possível com Deus e assim, nosso coração bater no ritmo do coração de Deus, nossos passos nos conduzirem nas pegadas dele, sermos de fato um membro sadio e útil do corpo místico do qual Cristo é a cabeça.
Esquecemos que Deus é Pai, que Deus nos ama profundamente, mais do que possamos imaginar. Fomos criados para a comunhão com Deus e é o afastamento dele que nos causa as dores que chamamos de tantos nomes que arranjamos e distanciamos a certeza da realidade mais perfeita que Deus é em nossa vida e nós burramente, ofuscamos, esquecemos.
Peçamos pois: Maria, mãe de Deus e mãe dos pobres, intercede por nós no sentido de que nunca nos esqueçamos que fomos criados à imagem e semelhança de Deus e que seu amor por nós é de verdade.

Marlusse Pestana Daher
Do Programa Cinco Minutos com Maria

TRATA-SE DA FAMILIA

Dizia a lei 6.515 de 26 de dezembro de 1977, no § 2º do seu art. 3º que ao Juiz que se deparasse com um casal que manifestou o desejo de separar-se, competia “promover todos os meios para que as partes se reconciliassem ou transigissem, ouvindo pessoal e separadamente cada uma delas e, a seguir, reunindo-as em sua presença, se assim considerasse necessário”.
Lembro-me que logo no início até chegava a ser feito, mas também me lembro que no máximo, o Juiz acabava por simplesmente adiar o termo da pretensão, para que o casal refletisse mais um pouco... não me lembro de nenhum caso que se tenha logrado êxito.
E deste modo, acabou mesmo é que as separações consensuais se tornaram muito fáceis: sala de audiência, o casal, presença do Promotor de Justiça, o Juiz pergunta: “vocês querem se separar”? “o que consta da inicial sobre separação de bens e relativo aos filhos é o que vocês convencionaram”? E à resposta afirmativa, ouvido o MP, a sentença – aquela já prontinha que bastava mudar os nomes e outros pequenos detalhes, - era lavrada ali mesmo, dela sendo de imediato intimadas as partes. E tudo estava consumado!
Nunca me resignei com tanta facilidade, razão porque, só quando em Vara única ou em substituição, atuei em Vara de Família. Trata-se da família, nada menos que instituição divina que depois os homens acolheram. Tão importante, que o Estado coloca sob sua especial proteção; que estendeu à união estável sua equivalência; que a considera a principal responsável na construção da sociedade; que a nomeia primeiro quando diz de quem é o dever de assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (Art 4º, ECRIAD).
Mas veio nova lei que vai facilitar ainda mais a separação do casal. Será, que o mais importante, necessário, urgente, se traduz nessa facilidade? sequer precisam de recorrer ao processo, no Cartório – cujos titulares agradecem mais emolumentos – e tudo se resolve sem problemas. Opa, sem problemas não! Numa separação, ambas as partes perdem, mas há sempre aquela que perde mais, aquela que mais ama. Dificilmente, quando aconteceu por amor, mesmo que a ferida se feche, a cicatriz não deixará de incomodar.
O Brasil, como muitos países do mundo igualmente o fazem, proclama solenemente através de sua Lei Maior, entre muito mais: o Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. (§ 8º do art. 226). Existe algo neste sentido? a violência campeia, violência real, violência presumida, violência moral que chega por todos os lados.
Em outro dispositivo, art. 221: A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: ... IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família. Não passa de dispositivo morto. A falta de pudor que penetra sem pedir licença nos lares brasileiros, a violência que deixa até crianças de tenra idade em excitação ou pânico com o que assiste, é um constante.
Os que “estão-se lixando”, que só pensam em si e no poder só se ocupam de estratégias que na condição os mantenha, a grande maioria ignora ou se resigna, os que clamam acabam por emudecer, porque, quando uma causa é de todos a batalha só é vencida mediante o concurso igualmente de todos.
É uma pena constatar, ver gente que tenta subir escadas a partir da metade delas. Há problemas na base que devem ser antes perscrutados. Na redação do propalado PAC, seu autor começa por dizer: “A minha intenção é estimular todos os setores do país a participarem deste esforço de aceleração do crescimento, pois uma tarefa dessas não pode ser uma atitude isolada de um governo, mas de toda a sociedade. Um governo pode tomar a iniciativa, pode criar os meios, mas para que qualquer projeto amplo tenha sucesso é preciso o engajamento de todos”. Lindas palavras! Crescimento? Crescimento é inchaço. O nome tem que ser desenvolvimento e sustentável.
Esqueceu que o país é signatário das “Metas do Milênio” a serem cumpridas até 2015, firmadas em 2000, como membro da Organização das Nações Unidas. Não as divulga, não as menciona...
Sem fins eleitoreiros, sem demagogia é preciso pensar a família, é preciso cumprir a Constituição Federal. Os problemas da família não se resolvem facilitando os modos para que os cônjuges se separem, mas criando mecanismos que os ajude a não chegar a tal ponto e cujos motivos nem sempre são de ordem externa, mas sedimentados dentro dos próprios lares, onde a vida não é segundo sempre deve ser.
Ouçam-se os entendidos. Haim Gruspum, médico e psicólogo clínico, professor da PUC-SP, defende a idéia de um mediador familiar que pode ser um profissional que atua de forma voluntária para chegar estrategicamente a um acordo entre casais que buscam a mediação de forma voluntária. Com ação na comunidade, pode intervir em famílias íntegras em via de separação agindo de forma preventiva, pode agir durante a separação ou após, quando surgem problemas para criar e educar os filhos nas novas formas de família.
Esta é apenas uma das muitas soluções possíveis. Mas os que “podem tomar a iniciativa e podem criar os meios”, preferem outros caminhos.
É uma luta de todos, porque quem põe, também pode depor. É preciso pensar na família, dar a todas o que lhes faltar para realmente ser.

Marlusse Pestana Daher
21/05/2009 11:42

segunda-feira, 14 de março de 2011

AVENCAS

...COMIGO, TUDO A VER

Quando as olho,
brota em mim, algo incrível e
mesmo que tentasse,
não saberia como traduzir.

Há entre as avencas e eu
uma afinidade profunda
que de onde vem, não sei...

Aquele amontoado e ao mesmo tempo distinto
mundo de pequenas folhas verdes,
mas não só verdes, são matizes
de muitos verdes.

Só sei que é bom, basta-me olhar.
Não as toco, permaneço em silêncio,
me deleito,
É quase um transe:
apenas uma planta,
mas quanta magia!!!

E tenho vontade de pedir desculpas,
convidar a tristeza,
para sair por ai,
minhas malas já estão até prontas...
e a poesia se fez no meu ser ..

Como? É Maísa que ainda canta?
vamos colher avencas!
Depois pode ser que colhamos também,
Risos, rosas, dálias,
No jardim batizado de jardim do céu.


Porque hoje é dia do POETA em homenagem a todos os colegas.

domingo, 13 de março de 2011

BOTA NO PAU

Num Supermercado da cidade, enquanto pagava os produtos comprados, ouvi a menina do caixa dizer a um colega embalador:
- Fulano foi mandado embora.
- Por quê?
- Ele faltou.
- Bota no pau! Bota no pau!
Estamos exatamente na semana pós carnaval. É fácil de supor ou admitir que Fulano, de algum modo, se cansou naqueles três dias, na volta ao trabalho algo o impediu, indisposição? Preguiça? Podemos continuar enumerando hipóteses, mas não precisaremos a causa com certeza.
Que bom, há uma consciência de direitos nessa rapaziada que trabalha onde encontra o que fazer, não existe chance de escolha. Embalador? Colocar em sacolas as compras do freguês, depois no carrinho de rodas desenvoltas que consomem um mínimo de suas energias; o dia inteiro olhar para muitos carrinhos cheios, às vezes cheios de guloseimas, que seu salário mínimo não dá para comprar.
Não os vejo melancólicos ou possuídos de outro sentimento que lhes possa roubar o ânimo. Cruzam um pelo outro, para lá e para cá. Quando acontece de alguém ser mandado embora, a solução está pronta: bota no pau.
É tão fácil assim botar no pau? Ótimo ser consciente dos próprios direitos. Fiquei me perguntando se igual consciência existe quando se trata dos deveres. Sem falar que muitos outros direitos foram passando despercebidos, quando sua mãe pode ter dormido na porta da creche e ainda não ter conseguido vaga para que estudasse, quando a escola em que frequentou as primeiras séries era meio ao ar livre ou em ambiente absolutamente improvisado, não tinha merenda escolar ou era escassa; a(o) professor(a) estava mal vestido e desmotivado, mesmo assim não botou no pau e não disse nada.
A partir da quinta, chegou a oitava série, não lhe ministraram ensinamentos cívicos, ensinamentos práticos ou capazes de visualizar uma profissão, foi levando... mas recebeu um certificado de conclusão. A certo tempo, ouviu em casa, muito mais provável que da mãe, um alerta: você já está com 15 (16, 17) anos, vou tirar seus documentos para você trabalhar.
Pode ser que tenha passado a freqüentar “o segundo grau” à noite. Até que vai às aulas, mas trabalha no supermercado até 18 h. Sem jantar, (paga por aquele salgado brilhante de gordura) toma o rumo da escola, quem sabe sem portar sequer um caderno. Não está preocupado. Costuma ser aprovado assim mesmo.
Os direitos que lhe assistem, todos consignados na Constituição e nas Leis, formam com ele trilhos, convivem paralelamente, mas se ignoram.
Mas botar no pau, isso ele acha que sempre pode. Tenha ou não direitos, tenha ou não cumprido seus deveres. Na sua concepção há sempre um advogado (do Sindicato?) disposto a propor uma Reclamação Trabalhista Ainda pode encontrar julgadores com idéias retrogradas que não querendo examinar a fundo o pedido, seguindo a idéia geral, no mínimo dão trabalho ao Reclamado, quando não lhe impingem injustas condenações, sob o pretexto de que no Direito do Trabalho é assim.
Bota no pau! Bota no pau sim a desigualdade, a injustiça, a indiferença e tudo que não vislumbra na pessoa o potencial do qual é dotado e que, por exemplo: debaixo do uniforme azul de um(a) embalador(a) pode estar alguém cuja missão social e humana ultrapassa a tarefa da qual se ocupa e que pode ser desempenhada por outros que a ela mais se adequam por diversas circunstâncias ou condições desde as físicas às psicológicas.
Bota no pau a sociedade que dorme, que se acomoda, que esquece a ética e que o cuidado se impõe como pressuposto maior do alcance de todos os direitos... sem o que “a criação vai continuar gemendo em dores de parto”. (CF 2011).

Marlusse Pestana Daher
domingo, 13 de março de 2011 - 10:03:28

sábado, 12 de março de 2011

RAZÕES DA MINHA ESPERANÇA

No meu programa 5 Minutos com Maria, (que completa 17 anos em 3 de agosto já próximo – América AM 690), como tenho dito,  falo de tudo, política, terra, água e céu, a tudo dando sempre uma conotação religiosa.
Hoje, comentava sobre a necessidade de entregar-nos à vontade de Deus, a exemplo de Maria. De forma otimista, não adoto a concepção de que o sofrimento é imprescindível.  
Confesso que não faço parte do número dos que creem que o sofrimento é uma fatalidade, ou que Deus queira que soframos, ou ainda, que o sofrimento seja a melhor forma de viver como Jesus viveu.  Radicalismo doloroso é coisa do Antigo Testamento.
O novo Testamento, ao contrário, revela um Deus meigo, um Deus sereno, um Deus que acolhe os pecadores, visita publicanos e ceia nas casas deles, que livra a pecadora da fúria dos que queriam apedrejá-la, que se emociona e faz voltar à vida o amigo que morrera, que se compadece com o pranto de mães, ressuscita o filho de uma, cura o da outra, multiplica pães e peixes para alimentar multidões famintas, faz água se transformar em vinho para que noivos em suas bodas não passassem vergonha; transforma-se em Pão e Vinho para ser tomado como alimento espiritual, desta feita não apenas para alguns destinatários específicos, mas para todos os homens e mulheres que viverem em todos os tempos, que o aceitarem.
A Boa Nova do Pai da qual Jesus era portador representou uma Nova Aliança entre o Senhor, Deus da História, com o seu povo. São Paulo convida-nos a dar testemunho das razões da nossa esperança. Ai estão as minhas. Existe dor sim. Eu também provo dela. Nem quero falar de sua extinção porque o pecado que a produz domina o mundo, mas viver acabrunhado ou esperar a dor chegar... Sei não.
Ademais, se a origem da dor é o pecado (subentende-se que existe pecador) opto pelo que através de Ezequiel, Javé assegurou: não quero a morte do pecador, mas que se converta e viva. (33,11).
Marlusse Pestana Daher
sábado, 12 de março de 2011 - 5:47:32

sexta-feira, 11 de março de 2011

PALAVRAS MAL DITAS

            As palavras mal ditas nunca são imunes de consequência, tanto quanto, as suas homófonas, as malditas. Evitemo-las.
Jura que não fiz você reler a frase acima? Sim você que está começando a ler mais esse meu escrito. Para entender, é claro.
Escrito? É escrito. Quando escrevo, gosto de fazer com a maior naturalidade que me for possível, dai não paro para analisar se o que estou escrevendo é uma crônica, seria uma história, sei lá. Até porque “em gênero, número e grau”, concordo com Álvaro Moreyra que define crônica como  "uma comunicação. Com um pouco de poesia e um pouco de graça. Em traje de esporte. Dá bom-dia, dá boa-tarde e boa noite".  Acrescento: chega, cumprimenta, se despede e vai em boa hora (embora). Em boa hora, na mais oportuna, para não perder o fio do raciocínio. Não sei se quando faço ajuntamento de palavras é isso que faço.
Do que eu estava falando mesmo? Ah sim, das malditas, das malditas não, das mal ditas palavras.
Ilustrando minha crônica “Prima” com algumas mulheres cujas fotos fui colhendo aleatoriamente no meu arquivo, disse que nenhuma delas é Prima, referia-me à inspiradora da crônica, mas acabei proferindo mal ditas palavras pois, exatamente naquela foto em que apareço, as outras duas são minhas primas, é preciso esclarecer. Não negarei nunca a minha gente! E como negar a minha querida Paeararaeanagauae? Tire os as e leia o apelido carinhoso dado por tio Gigi, seu pai, à minha prima Caçula, a que está séria na foto, mas na realidade “não é nem tanto”. E eu não renuncio chamá-la de P... porque gosto de ouvir aquela  risadinha.
Ah sim, Caçula é outro nome que ficou com Marideia, até quando ela já tinha seis anos e foi desbancada pelo nascimento de uma irmãzinha.
A outra? É Rosângela (cuja pronúncia sua madrinha traduziu por convicção em Rosolângela).  É prima de segunda, não, disse mal, em segundo grau. A mãe dela, minha madrinha preta, a Dindinha, é que é minha prima em primeiro grau. Para quem não sabe, madrinha preta é a que carrega a criança que vai ser batizada. Nem sei se ela deu conta. Tinha 10 anos quando nasci. Será que aguentou? Será que a deixaram carregar a bebezinha?  Ou foi só um faz de conta? Não importa, desde que me entendo por gente ela é minha Dindinha (combina com Mariinha como é chamada, em vez de Maria Gilda) e não se fala mais nisto.
Todo esse palanfrório é para dizer sobre o cuidado que se há de ter, quando se escreve. Nem sempre a palavra erudita soará melhor ou se adequará melhor ao contexto frasal onde o sentido que se quer dar tem que ser traduzido com o vocábulo que melhor o exprime.
Agrada-me exemplificar assim: falecer é sinônimo de morrer, mas ninguém diz que o cachorro faleceu.  Não soa bem. Embora seja a mesma coisa, o cachorro morre. 
Recém acontecido. Havia escrito acima: eu gosto de dizer, substitui por agrada-me dizer, achei que ficou melhor.
Arre!
Entre apostos, orações adjetivas, etc,  acabo de escrever mais este(a) escrito/crônica. Desculpo-me se a alguém parecer cansativo(a), para mim, foi uma diversão literária. Amanhã já tenho o que publicar no meu blog.

Marlusse Pestana Daher
10/3/2011 16:59

quinta-feira, 10 de março de 2011

P R I M A

Ouvi Eugênia que é minha prima, (a mãe dela e o meu pai eram irmãos), chamando de Prima aquela mulher ainda jovem, rosto bonito e de uma cor que não decifrei a raça, se negra ou cabocla. Ela a ajudava nos serviços domésticos. Naquele dia, em particular,  era “auxiliada” no tipo “trabalho de criança é pouco, mas quem perde é louco”, como dizia minha avó Rosinha, por uma neta de apenas 10 anos. Em pouco tempo, toda  a casa brilhava com a limpeza.

Sentada à mesa,  onde acabara de sorver café, perguntei à minha prima o porquê do tratamento Prima (cheguei a pensar que fosse nome próprio) e ela (estava até descascacando uma cebola) me respondeu: “Merência (aquele tipo preta-velha que vive uma vida ao lado de uma família e que acaba por ser tão estimada como membro dela) a chamava de Prima e nós por ter ouvido dela,  mantivemos o tratamento”. Estava tudo explicado, até porque de Merência sei bastante.

Minha pergunta motivou Eugênia a falar um pouco mais sobre Prima e provavelmente pela singularidade do fato, com voz e ar expressivo me revela: “sabe que Prima não sabe ler, nem escrever” e virando-se para ela cujo rosto não obstante o que ouvira, estava iluminado por um sorriso que lhe acrescentava beleza, pediu: “diga a Marlusse, Prima, porque você não aprendeu a ler”. A resposta veio com simplicidade, sem resquício de qualquer mágoa ou lamento: “meu pai dizia que era para que nós não escrevêssemos cartas para namorados”.

E havia escola ao alcance da família.

Talvez tocada pelo clima com que tomei conhecimento do fato, curiosamente, não senti particularmente nada, como quem ouve apenas uma outra versão de um fato bem conhecido. 

Mais tarde, toca um celular que Prima apanha atrás de uma vasilha e atende. Era o marido avisando-a de que à sua casa acabavam de chegar parentes. Como quem diz, vem para ver o que se faz. Eugênia, logo aquiesceu, “vai, Prima, o resto eu faço”.

Opa! Prima não aprendeu a ler, mas tem celular! E ai meu pensamento disparou. E quem disse que não saber ler é (será?) tão determinante?

Assim mesmo iletrada, Prima foi crescendo, conheceu alguém por quem o coração bateu mais forte e se casou, tem filhos, tem netos, recebe parentes, tem amigos, se comunica, trabalha. Pelo que se pode perceber, é excelente dona de casa, seu ambiente é limpo e arrumado, cada coisa está no seu lugar.

Claro, antes de tudo, Prima nasceu como toda pessoa nasce. No gênero mulher, desenvolveu física e psicologicamente todos os potenciais possíveis. Sua aparência é acolhedora. Será que o que lhe falta é só ser capaz de olhar um texto e saber o que diz?

Certamente, ela teria um algo mais (muito mais?) se não fosse iletrada, mas é uma mulher! Como mulher, nada fica a dever em tudo o mais ao que fazem as outras. Ser mulher é ser (ser é tudo) independente do que lhe vem ou é somado de fora para dentro. Como mulher de dentro para fora alcançou e domina todos os espaços que seus limites lhe concedem. Não cogita, talvez até porque ignore, do que possa existir além do seu mundo. O fundamental ela sabe: que a vida está ai, vive-se um dia após o outro. Importa viver.  

Resumindo trata-se de uma mulher, mulher e daí?

Embora faça parte dos que preferem dia de mulher todo dia e  se tenham passado dois dias, pelo Dia Internacional da Mulher, ano de 2011, aqui vai minha homenagem a uma MULHER (com maiúscula sim), uma mulher que também continuarei chamando de Prima, que a bem da verdade, nem sei de quê. Mas que importa?

Marlusse Pestana Daher
10/3/2011 - 09:23

EIS AI, MULHERES, NENHUMA É  PRIMA








 Obrigada Ester.

Uma homenagem às amigas Acadêmicas, bravas guerreiras da Arte, da Cultura, do dia-a-dia.
Abraço


Senhora dos ventos

 Maria Esther Torinho

Senhora dos ventos
- embora se queira senhora de todos
os elementos -
faz aliança com o tempo
e enfrenta as tempestades
com um olho no dia
da bonança;
criança no colo
e mãos na máquina
de escrever, como Clarice
ou de lavar, como outras tantas,
quem foi que disse que ela se entrega
e se acha uma qualquer?
Não, que ela na força se imanta
e na face a coragem estampa;
é bendita desde o seu ventre
sendo simultaneamente
do lar, rainha e escrava,
é fera ferida e guerreira brava 
é doce e mel, é também atrevida:
com tantas virtudes e tantos defeitos
ela é simplesmente Mulher!

sábado, 5 de março de 2011

DIA DA MULHER, PARA QUÊ?


Reafirmo.

No contexto social, mulheres e homens de acordo com os atributos das suas respectivas naturezas desempenham papel fundamental. As possibilidades dela, somadas às dele, realizam o bem indispensável, satisfazem as necessidades humanas e propiciam aquela vida com dignidade que todos desejam.  

Como todos os viventes são ou mulher ou homem, tudo que é feito tem como destinatários os próprios, pelo que, independentemente de qualquer circunstância, onde quer que estejam ou seja lá do que precisem, mulher e homem se sentirão melhor, melhor se realizarão, e mais dignidade propiciam a si mesmos.

8 de março de 2.009, mais uma celebração do “Dia da Mulher” que longe está de ser para homenageá-la como o sexo frágil,  mais do que provado que nunca foi, ou como a “Rainha do Lar”, aquela que em troca do título, se desdobrava em cuidados para que o “lar, doce lar” esteja sempre bem limpo e onde tudo é oferecido a tempo e a hora, aos filhos e ao marido sobrando para si, apenas o cansaço de tantas e múltiplas tarefas que desempenhou durante o dia que começou cedo, além da dupla jornada de trabalho, dentro e fora de casa.

Neste dia da mulher, valho-me da oportunidade e ouso, mais que convidar, convocar todas as mulheres a se distinguirem como cidadãs, a estarem muito atentas aos apelos dos tempos, a dizerem presente e integrarem às lutas cujas frentes se abrem na perspectiva de curar este mundo tornado moribundo por tanto descaso, por tanta desgovernança, por tanto cada um pensar que pode ser mais a custa de tantos continuarem a ser cada vez menos.

A frente de luta no momento se traduz na Campanha da Fraternidade que ainda que de iniciativa da Igreja Católica é ecumênica, tão mestiça quanto este Brasil de todas as raças, de todas as origens e de tantas expressões.

Todas e todos são convocados a repensar a insegurança em que vivemos a desvendar as causas que longe estão de se traduzirem nos gestos individuais dos que chamamos marginais que invadem nossas casas, roubam o que temos e matam os que amamos.

A insegurança começa na ausência do leite no peito que a mãe não tem, porque está desnutrida, no gesto de amor não dispensado, na expressão do carinho contido, no ignorar aquele olhar de súplica que pedia apenas atenção. E ainda muito mais!

Por isto, mulher, reparta com marido e filhos as tarefas domésticas, afinal de contas a casa em que vocês moram não é só sua. Pegue a espada desse amor que lhe transborda do coração e vem para luta sem tréguas das transformações que urgem. Se fora dos umbrais domésticos houver mais amor, justiça e paz, sua casa será inundada e sua família, todas as famílias, por acréscimo, serão bem mais felizes, até além do quanto possam ter sonhado.

Vitória, 20 de fevereiro de 2008 -        Marlusse Pestana Daher

terça-feira, 1 de março de 2011

SAUDADE...

Autor desconhecido.



Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando
mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um
espetáculo de beleza rara. O barco, impulsionado pela força dos ventos,
vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.
Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na
linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontraram.
Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: "já se foi".
Terá sumido?
Evaporado?
Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O barco continua do mesmo
tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós.
Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas
recebidas. O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver.
Mas ele continua o mesmo. E talvez, no exato instante em que alguém diz:
"já se foi", haverá outras vozes, mais além, a afirmar: "lá vem o veleiro"!!
Assim é a morte.
Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: "já se foi".
Terá sumido?
Evaporado?
Não, certamente.
Apenas o perdemos de vista.
O ser que amamos continua o mesmo, suas conquistas persistem dentro do mistério divino.
Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita. E é
assim que, no mesmo instante em que dizemos: "já se foi", no além,
outro alguém dirá : "já está chegando". Chegou ao destino levando
consigo as aquisições feitas durante a vida.
Na vida, cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e
desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.
A vida é feita de partidas e chegadas.
De idas e vindas. Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.
Assim, um dia, todos nós partimos */como seres imortais que somos/*
todos nós ao encontro daquele que nos criou.