quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

DINOSSAUROS


Em todos os termos, sou uma tia-avó assumida. Tomo conta de Daniel, vou buscar na escola, levo para passear, ao cinema. Em decorrência de tal função é que venho assistindo diversos filmes infantis. Hoje, “Caminhando com Dinossauros”. Uma excelente produção da qual resulta muito encanto e beleza.

É uma delícia ouvir o delírio da criançada. Riem, vibram, estendem as mãos para pegar, mesmo sabendo que não é coisa que se consegue, bichos, objetos, coisas, que parecem se projetar contra a gente. De tão impressionante, chega a parecer real. Mérito da tecnologia 3D.

E o enredo? Bem, um bonito pássaro vai narrando a história, sem faltar algum diálogo entre os principais dinossauros personagens. Ocorre o velho fato de dois filhotes que se desviam da manada, vagam por caminhos tortuosos, sofrem ameaças, mas como não teria graça nenhuma se fosse o contrário, saem ilesos no final.

Tem aquele bonzinho, que de pequeno passou maus pedaços, até defecação na cabeça pelo próprio pai, tinha que ter graça,  por estar em lugar errado no momento. Teve uma orelha furada que a certa altura, a passagem do vento fazia zumbir, hostilizado pelo próprio irmão que lhe roubou a amada, acabou gloriosamente Chefe da manada.

O que faziam, como viviam, numa estação, migravam pra lá, na outra empreendiam volta, entre algumas perdas e sofrimentos causadas por intempéries, agressões de outros e necessidade de ultrapassar obstáculos.

Foi quando me surpreendi: que interessante são os animais, eles não precisam de nada, nem de casa, nem de roupa, nem de dinheiro, nem de cidade, quanto mais de governo. Vão para onde melhor convém. Se aqui não estiver bom, vão pra lá.

Curioso também, o fascínio que exercem sobre as crianças. Do público constavam pequeninos de no máximo dois anos, inclusive gêmeos, diversas outras idades, acompanhados de adulto é claro, mas se bem visualizei, adolescente não tinha.

Que gostassem de um belo passarinho colorido, que voa leve, que canta, saltita, eu encontraria motivos, mas dinossauros, por exemplo, são feios demais. Quase disformes ou completamente? Membros desproporcionais, andar absolutamente desengonçado. No entanto, Daniel é meu paradigma, só desenha dinossauros e não fosse a certeza de resposta em público, certamente, tal filme não teria sido produzido.

Dinossauros, uma raça extinta, viveram quem sabe exatamente quando e interessam tanto, não só a cineastas, como a editores, enfim a todos quantos possam produzir algo de que a criança goste, sem falar do retorno financeiro.

A partir de agora, confesso: estou em estado de meditação, contemplação e busca, gostaria demais de entender a lógica de tanto fascínio e quem sabe oferecer alguma contribuição para igualmente oferecer às crianças momentos propícios para que sejam tão gente quanto são bichos os outros animais.


Marlusse Pestana Daher

Vitória, 22 de janeiro de 2014 22:00