Em todos os termos, sou
uma tia-avó assumida. Tomo conta de Daniel, vou buscar na escola, levo para
passear, ao cinema. Em decorrência de tal função é que venho assistindo
diversos filmes infantis. Hoje, “Caminhando com Dinossauros”. Uma excelente
produção da qual resulta muito encanto e beleza.
É uma delícia ouvir o
delírio da criançada. Riem, vibram, estendem as mãos para pegar, mesmo sabendo
que não é coisa que se consegue, bichos, objetos, coisas, que parecem se
projetar contra a gente. De tão impressionante, chega a parecer real. Mérito da
tecnologia 3D.
E o enredo? Bem, um bonito
pássaro vai narrando a história, sem faltar algum diálogo entre os principais
dinossauros personagens. Ocorre o velho fato de dois filhotes que se desviam da
manada, vagam por caminhos tortuosos, sofrem ameaças, mas como não teria graça
nenhuma se fosse o contrário, saem ilesos no final.
Tem aquele bonzinho, que
de pequeno passou maus pedaços, até defecação na cabeça pelo próprio pai, tinha
que ter graça, por estar em lugar errado
no momento. Teve uma orelha furada que a certa altura, a passagem do vento
fazia zumbir, hostilizado pelo próprio irmão que lhe roubou a amada, acabou
gloriosamente Chefe da manada.
O que faziam, como viviam,
numa estação, migravam pra lá, na outra empreendiam volta, entre algumas perdas
e sofrimentos causadas por intempéries, agressões de outros e necessidade de
ultrapassar obstáculos.
Foi quando me surpreendi:
que interessante são os animais, eles não precisam de nada, nem de casa, nem de
roupa, nem de dinheiro, nem de cidade, quanto mais de governo. Vão para onde
melhor convém. Se aqui não estiver bom, vão pra lá.

Que gostassem de um belo
passarinho colorido, que voa leve, que canta, saltita, eu encontraria motivos,
mas dinossauros, por exemplo, são feios demais. Quase disformes ou
completamente? Membros desproporcionais, andar absolutamente desengonçado. No
entanto, Daniel é meu paradigma, só desenha dinossauros e não fosse a certeza
de resposta em público, certamente, tal filme não teria sido produzido.
Dinossauros, uma raça
extinta, viveram quem sabe exatamente quando e interessam tanto, não só a
cineastas, como a editores, enfim a todos quantos possam produzir algo de que a
criança goste, sem falar do retorno financeiro.
A partir de agora, confesso:
estou em estado de meditação, contemplação e busca, gostaria demais de entender
a lógica de tanto fascínio e quem sabe oferecer alguma contribuição para igualmente
oferecer às crianças momentos propícios para que sejam tão gente quanto são
bichos os outros animais.
Marlusse Pestana Daher
Vitória, 22 de janeiro de
2014 22:00