Gostaria de partilhar com vocês
uma reflexão que sempre me ocorre, quando chamo Maria, Mãe de Deus e Mãe dos
pobres,
Não é recente na Igreja,
se falar e muito em pobres – aliás, é sua obrigação, uma vez que Jesus não
advertiria “os pobres tereis sempre entre vós” reclamando somente a atenção que
lhe era devida, ou em seu favor, mas prevenindo que por todos os tempos nos
deveríamos ocupar com eles, pois “ninguém tem o direito de ser feliz
sozinho” (Raul Follerau). Nossa igreja
particular, por sinal, a Igreja de Vitória, como muitas outras por todo nosso
país, como também insiste o Papa
Francisco, entre suas prioridades, reafirmou a opção preferencial por eles.
Os pobres aos quais me
refiro, não são necessariamente, aqueles que não têm salário, quanto mais
digno, casa para morar, o que vestir e o que comer. Estes são antes,
verdadeiras vitimas do sistema iníquo
que privilegia uma minoria, que se apossou da maior parte da “fatia do
bolo” dos bens da terra, querendo tudo só para si. São melhor incluídos nos que
formam aquela turma que melhor se denominam empobrecidos, tornados pobres
compulsoriamente, por lhes serem negadas voz e vez.
Ser pobre e filho de
Maria é ser feliz. É possuir sem ser possuído. É aquele alguém que pode ter muita coisa, possuir dinheiro e
bens, mas pelo seu desapego de tudo, fazem
parte daqueles que Jesus proclamou
bem-aventurados, acrescentando que deles
é o reino dos céus.
Por muito tempo, no
próprio livro sagrado se lia esta bem aventurança como dos ‘pobres DE espírito’.
Esta palavrinha muda demais o sentido real. Pobres DE espírito são as pessoas
medíocres, gananciosas mesquinhas e avarentas, não se incluem entre os bem-aventurados.
Ao invés, o importante é
que sejamos pobres pela graça de Deus, pobres, ou seja, humildes, inteiramente
dependentes de Deus, entregues a Ele, ao seu projeto e à sua vontade, confiados
na sua providência, não, autossuficientes, não, vivendo esquecidos Dele,
indiferentes ao seu plano de amor tão grande que o levou ao patíbulo da cruz,
dando até a última gota de seu sangue.
Não esqueceremos que vivemos num país imenso,
onde a riqueza não faria nenhum rico ser mais pobre com uma boa distribuição
dos bens da terra entre todos aos quais ela se destina. Carecemos de políticas
públicas como evidencia a Campanha da Fraternidade. O amor é tudo e pode
reverter situações de injustiça, tornar melhor os bons e fazer bons os que não
o forem.
Por isto, pedimos: Nossa
Senhora, Mãe de Deus e Mãe dos pobres, liberta-nos de toda autossuficiência, da
nossa soberba, dá-nos de compreender o verdadeiro valor de ter um espírito de
pobre, para que confiemos mais em Deus e O façamos Senhor das nossas vidas e
seremos capazes de ajudar o mundo a ser melhor.
Yexto do programa COM MARIA PELAS ESTRADAS DA VIDA.