Cheguei àquela fase da vida de
“fazer limpeza nos guardados”. Assim, de vez em quando, poderei ser encontrada,
revirando pastas, papeis e me deparando
com recortes preciosos de jornais.
Amarelados pelo tempo e curiosamente secos, característica de ser de jornal.
Pena que por ignorar a utilidade,
de nem todos fiz constar data ou a fonte, ainda que vez ou outra reconheça ao
menos a segunda. Às vezes jogo fora, mas
alguns não o farei antes de transcrever, devido à preciosidade do conteúdo, da
atualidade, ou outra qualquer virtude que possa ter.
Desta vez, trata-se de uma
entrevista com Alexander Soljenítsin, publicada no nº 1215/1975, da revista
“Manchete”. Em Wikipedia cujo link consta da postagem anterior, pode saber quem foi ele.
Ou admitimos praticamente a moral -
que questiona o homem e os grupos sobre suas responsabilidades – como superior
a lei, ou podemos legislar o imoral. E aí será a falência do poder.
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Alexander Soljenítsin |
Sobre isto,
adverte-nos um experimentado homem oriental e religioso.
Os hábeis doutores de direito do
Ocidente, criaram a expressão “realismo legal”. Mas, com esse realismo o que
pretendem é deixar de lado qualquer avaliação moral dos assuntos. Alegam eles,
devemos reconhecer a realidade.
É preciso entender que se tais e tais leis
foram estabelecidas em tais e tais países, essas leis que dão origem à
violência, devem ser reconhecidas e respeitadas.
Hoje, esse conceito é
amplamente aceito pelos advogados: a lei é superior à moral. A lei é algo no
qual se trabalha e se progride enquanto que a moral é algo rudimentar e amorfo. Não é este o caso. A moral é superior à lei.
O direito é a nossa tentativa humana de infundir, de alguma maneira, nas leis,
uma parte daquela esfera moral que está sobre nos.
Tentamos compreender esta moralidade, trazê-la para
a terra e apresentá-la sob a forma de leis. Às vezes temos mais jeito, outras
não. Os senhores têm, de vez em quando, uma caricatura da moralidade, porém a
moralidade é sempre superior à lei.
No mínimo temos de reconhecer que é quase uma
brincadeira falar hoje no mundo ocidental em palavras como “bem” e “mal”. Estes
são conceitos quase ultrapassados, mas são conceitos muito reais e genuínos. Vêm
de uma esfera superior à nossa. E ao invés de nos envolvermos em cálculos
políticos distorcidos. Teremos que reconhecer a concentração da maldade do
mundo e a tremenda força de ódio que nele se encontra.
Agora posso
jogar fora o velho recorte do jornal O Lutador de 14 X 12 cm.