quarta-feira, 13 de novembro de 2019

SUPERIORIDADE MORAL


Cheguei àquela fase da vida de “fazer limpeza nos guardados”. Assim, de vez em quando, poderei ser encontrada, revirando  pastas, papeis e me deparando com recortes preciosos de jornais.  Amarelados pelo tempo e curiosamente secos, característica de ser de jornal.

Pena que por ignorar a utilidade, de nem todos fiz constar data ou a fonte, ainda que vez ou outra reconheça ao menos a segunda.  Às vezes jogo fora, mas alguns não o farei antes de transcrever, devido à preciosidade do conteúdo, da atualidade, ou outra qualquer virtude que possa ter.

Desta vez, trata-se de uma entrevista com Alexander Soljenítsin, publicada no nº 1215/1975, da revista “Manchete”. Em Wikipedia cujo link consta da postagem anterior, pode saber quem foi ele.

 A moral é superior à Lei

Ou admitimos praticamente a moral - que questiona o homem e os grupos sobre suas responsabilidades – como superior a lei, ou podemos legislar o imoral. E aí será a falência do poder. 
Alexander Soljenítsin

Sobre isto, adverte-nos um experimentado homem oriental e religioso.

Os hábeis doutores de direito do Ocidente, criaram a expressão “realismo legal”. Mas, com esse realismo o que pretendem é deixar de lado qualquer avaliação moral dos assuntos. Alegam eles, devemos reconhecer a realidade. 

É preciso entender que se tais e tais leis foram estabelecidas em tais e tais países, essas leis que dão origem à violência, devem ser reconhecidas e respeitadas. 

Hoje, esse conceito é amplamente aceito pelos advogados: a lei é superior à moral. A lei é algo no qual se trabalha e se progride enquanto que a moral é algo rudimentar e amorfo.  Não é este o caso. A moral é superior à lei. O direito é a nossa tentativa humana de infundir, de alguma maneira, nas leis, uma parte daquela esfera moral que está sobre nos. 

Tentamos compreender esta moralidade, trazê-la para a terra e apresentá-la sob a forma de leis. Às vezes temos mais jeito, outras não. Os senhores têm, de vez em quando, uma caricatura da moralidade, porém a moralidade é sempre superior à lei. 

No mínimo temos de reconhecer que é quase uma brincadeira falar hoje no mundo ocidental em palavras como “bem” e “mal”. Estes são conceitos quase ultrapassados, mas são conceitos muito reais e genuínos. Vêm de uma esfera superior à nossa. E ao invés de nos envolvermos em cálculos políticos distorcidos. Teremos que reconhecer a concentração da maldade do mundo e a tremenda força de ódio que nele se encontra.


Agora posso jogar fora o velho recorte do jornal O Lutador de 14 X 12 cm.