
Não entenderam que a sorte de todos, tanto quanto o próprio infortúnio, também depende
de todos, que se não quiserem sucumbir, importa que sejam abandonadas as
disputas, a sede de ser quem vence, o querer acumular e a ganância. Importa
acionar a ética do cuidado com a terra, o amor por ela, conscientes de quanto
com ela, constituímos particular ecossistema. Respeitá-la se impõe.
Em
2006, a ONG WWF divulgou em seu relatório que “os seres humanos já usavam
recursos naturais a uma taxa de 25% acima de sua capacidade e que entre 1970 a
2003, o planeta perdeu 30% de sua diversidade biológica”. Revelou o mesmo relatório que neste compasso,
em 2050, serão necessários dois planetas para satisfazer as necessidades de
quem vive. Alerta ignorado. Tal estimativa passou para três, havendo quem
arrisque a falar de quatro planetas.
A desordem no ambiente causa inquietações impensadas. Produz consequências na convivência
entre os povos, desequilibrando-os
física e mentalmente, deflagra guerras, faz com que países já não sejam capazes
de abrigar sob seu teto os próprios filhos que, desesperados, humilhados,
empobrecidos, se lançam na busca de liberdade, sem condições de segurança, sem perspectiva.
Dai então os milhares de refugiados, a triste sorte de Aylan, o menininho turco afogado cujo corpo foi encontrado na praia.
A
humanidade está doente e acha normal. As impurezas que lança na terra retornam
ao seu organismo de inúmeras formas.
“Todos
têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e para as futuras gerações”, prescreve
a Constituição Federal.
Temo
que venham a faltar às futuras gerações um meio ambiente equilibrado e com ele,
água e pão. Não foi para isso que as quisemos e fizemos vir ao mundo.
Salvemos
o ambiente para não perecermos todos.
Publicado em jornal local no dia 1 de outubro de 2015.