
Não temos os meios, os
instrumentos, os agentes, não temos as tais políticas públicas. Fala-se na Lei
Maria da Penha como se ela representasse “a redenção da mulher” e quando se
fala em violência, nela é que se pensa.
Tal lei não previne, por
exemplo, a violência contra o conjunto dos direitos da mulher. Cito apenas um:
ser instruída politicamente, havendo inclusive dispositivo legal que prevê 5%
do fundo partidário que todo partido recebe, para tal fim.
Hoje, 28/03/2014, na
Assembleia Legislativa, sessão especial realizou o “VIII Fórum de Políticas
Públicas para as mulheres vítimas de violência”. Tenho marcado presença e posso
dizer que o formato é o mesmo. Falam conferencistas convidados, concede-se a
quatro das pessoas presentes a fala por dois minutos e se tiram as propostas.
A maioria se vê no
constrangimento de “entrar mudo e sair calado”. De quem é a autoria das
propostas, onde elas são debatidas? Qual o respaldo que têm? Daí que não se
chega a lugar nenhum e as tais políticas públicas continuam verdadeiras
miragens.
Que essa “Lei Maria da
Penha” botou a boca no trombone, ninguém
pode negar. Mas o trombone não soa, lá naquele morro onde aquela Maria de
Qualquer Santa, que vive com os filhos, que é adepta da economia solidária e
trabalha, ela sim, pela libertação das mulheres na sua comunidade, pois lhes dá
trabalho, que não recebe bolsa família ou outra qualquer, por opção consciente,
teve sua casa invadida pelo ex-marido, espancada por ele, viu os filhos terem
igual sorte e ainda debochar de todos.

É muita teoria para tantos
problemas.
Ouvi na semana passada, em
um encontro em Brasília, uma pessoa dizer que cogita-se de promover cursos para
novos juízes, a fim de capacitá-los a lide com assuntos de gênero. Com meus
botões respondi: capacitem-nos a ser bons hermeneutas, não precisamos de uma
única lei nova, precisamos de quem saiba aplicar as que temos.
Vitória, 27 de março de 2014 19:28