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Mais guerreira que uma mulher nenhum homem foi, é ou será. |
Não sem ser seriamente
questionada, a Igreja Católica continua a não admitir mulheres à ordenação
sacerdotal. Logicamente, muitas têm sido as explicações dadas para tanto. A que
mais se ouve é que Jesus não teria escolhido mulheres para seu discipulado.
De fato, quem lê os Evangelhos, escritos por
homens, não encontra em nenhuma passagem, uma mulher sendo expressamente chamada ao seu seguimento, a exemplo do que
fez com os doze. E ainda mais, por que entre aqueles, foi escolhido um, ao qual
foi dito, "o que ligares na terra estará ligado no céu" e quem hoje
consideramos seu sucessor, o Papa, tem demonstrado de todos os modos que o
sacerdócio, na Igreja Católica, não está aberto ao ingresso de mulheres.
No último encontro dos Bispos brasileiros, Itaici,
SP, o assunto voltou a gerar polêmica. D. Mauro Morelli, bispo de Caxias do
Sul, RJ, lembrou sua dificuldade em distribuir a Eucaristia para todo o seu
povo e acrescentou, independentemente de serem casados ou de serem mulheres
estes podem ser pessoas "eminentes na fé e na caridade" capazes,
portanto de exercerem à altura tal ministério. Metade do auditório, formado
também de religiosas e representantes de outros organismos do povo de Deus,
veio abaixo em aplausos.
O teólogo, Mons. Bruno, porta-voz do Vaticano, a
quem D. Mauro se dirigiu, optou por
responder como teólogo apenas, nada acrescentou.
"Entre Todos os Homens" é um romance que
nos foi presenteado por Frei Beto, como resultado de pesquisa por longos doze
anos, na Bíblia, na paisagem, nos costumes e na geografia da Palestina onde
Jesus viveu.
Pela aproximação que faz dos sentimentos divinos
com os nossos, mais precisamente pela demonstração humaníssima com que o filho
de Maria e José é ali tratado, pareceu-me que pudesse buscar, nem que fosse uma
palavra a mais, justificadora do que na Igreja é assegurado a respeito do
assunto que abordo.
Curiosamente, no capítulo "Os
discípulos", deparo-me com um Jesus que "não quer volver os olhos dos
penitentes aos pecados cometidos e sim ao futuro, lá onde se situam o novo céu
e a nova terra prometidos por Jeová pela boca dos profetas". E quando
André insiste em muitas referências sobre o que recomenda, ouve: "André,
não me importa o que se diz dessa ou daquela pessoa. Conheço pelos olhos o coração
humano". Taí, pensei comigo, Jesus não está interessado nos currículos...
mas nas respostas que dão ao seu convite.
Ainda no citado romance, li em desprezo à mulher:
"Bem que dizem que é melhor atirar a Torá às chamas que permiti-la às
mulheres". Natanael faz questão de enfatizar que consideravam
desabonadores antecedentes de Tamar que com a morte do marido se disfarçara de
prostituta, Taab que era meretriz em Jericó, Rute, bisavó de Davi, era
morabita, e sabem para quê, pertenciam a linhagem de Davi como José, o pai de
Jesus, justificando por que não poderiam esperar tanto de um filho que pudesse
ter um tal homem como pai.
Do que concluo: não passa bem pelo fato de ser
mulher, pois, como capacidade pessoal ela já provou que pode fazer tudo tão bem,
ou melhor, do que o homem, mas porque ainda há preconceito, uma miragem formada
de alguma suposta atitude do Mestre.
Outras confissões, igualmente cristãs, contam com
suas pastoras desempenhando santamente a função.
Quando Jesus caminhava para o calvário, foi
acompanhado também por mulheres. Entre os concelebrantes da primeira missa
realizada no Gólgota, se contavam mulheres, uma delas Maria, a mãe da vítima
ali oferecida em holocausto.
Em breve, a Santa Mãe Igreja também terá que fazer
uma consulta ao povo: mulher pode ser sacerdotisa? Vai dar uma avalanche de
sim.
13/08/2001