quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

MULHERES SACERDOTISAS

Mais guerreira que uma mulher nenhum homem foi, é ou será.
            Não sem ser seriamente questionada, a Igreja Católica continua a não admitir mulheres à ordenação sacerdotal. Logicamente, muitas têm sido as explicações dadas para tanto. A que mais se ouve é que Jesus não teria escolhido mulheres para seu discipulado.
De fato, quem lê os Evangelhos, escritos por homens, não encontra em nenhuma passagem, uma mulher sendo expressamente  chamada ao seu seguimento, a exemplo do que fez com os doze. E ainda mais, por que entre aqueles, foi escolhido um, ao qual foi dito, "o que ligares na terra estará ligado no céu" e quem hoje consideramos seu sucessor, o Papa, tem demonstrado de todos os modos que o sacerdócio, na Igreja Católica, não está aberto ao ingresso de mulheres.
No último encontro dos Bispos brasileiros, Itaici, SP, o assunto voltou a gerar polêmica. D. Mauro Morelli, bispo de Caxias do Sul, RJ, lembrou sua dificuldade em distribuir a Eucaristia para todo o seu povo e acrescentou, independentemente de serem casados ou de serem mulheres estes podem ser pessoas "eminentes na fé e na caridade" capazes, portanto de exercerem à altura tal ministério. Metade do auditório, formado também de religiosas e representantes de outros organismos do povo de Deus, veio abaixo em aplausos.
O teólogo, Mons. Bruno, porta-voz do Vaticano, a quem D. Mauro se  dirigiu, optou por responder como teólogo apenas, nada acrescentou. 
"Entre Todos os Homens" é um romance que nos foi presenteado por Frei Beto, como resultado de pesquisa por longos doze anos, na Bíblia, na paisagem, nos costumes e na geografia da Palestina onde Jesus viveu.
Pela aproximação que faz dos sentimentos divinos com os nossos, mais precisamente pela demonstração humaníssima com que o filho de Maria e José é ali tratado, pareceu-me que pudesse buscar, nem que fosse uma palavra a mais, justificadora do que na Igreja é assegurado a respeito do assunto que abordo.
Curiosamente, no capítulo "Os discípulos", deparo-me com um Jesus que "não quer volver os olhos dos penitentes aos pecados cometidos e sim ao futuro, lá onde se situam o novo céu e a nova terra prometidos por Jeová pela boca dos profetas". E quando André insiste em muitas referências sobre o que recomenda, ouve: "André, não me importa o que se diz dessa ou daquela pessoa. Conheço pelos olhos o coração humano". Taí, pensei comigo, Jesus não está interessado nos currículos... mas nas respostas que dão ao seu convite.
Ainda no citado romance, li em desprezo à mulher: "Bem que dizem que é melhor atirar a Torá às chamas que permiti-la às mulheres". Natanael faz questão de enfatizar que consideravam desabonadores antecedentes de Tamar que com a morte do marido se disfarçara de prostituta, Taab que era meretriz em Jericó, Rute, bisavó de Davi, era morabita, e sabem para quê, pertenciam a linhagem de Davi como José, o pai de Jesus, justificando por que não poderiam esperar tanto de um filho que pudesse ter um tal homem como pai.
Do que concluo: não passa bem pelo fato de ser mulher, pois, como capacidade pessoal ela já provou que pode fazer tudo tão bem, ou melhor, do que o homem, mas porque ainda há preconceito, uma miragem formada de alguma suposta atitude do Mestre.
Outras confissões, igualmente cristãs, contam com suas pastoras desempenhando santamente a função.
Quando Jesus caminhava para o calvário, foi acompanhado também por mulheres. Entre os concelebrantes da primeira missa realizada no Gólgota, se contavam mulheres, uma delas Maria, a mãe da vítima ali oferecida em holocausto.
Em breve, a Santa Mãe Igreja também terá que fazer uma consulta ao povo: mulher pode ser sacerdotisa? Vai dar uma avalanche de sim. 


13/08/2001