sábado, 5 de maio de 2018

LEIGOS, SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO


A Igreja sempre foi uma instituição organizada, mãe carinhosa, abriga todos os que querem seu refúgio e assim, no curso do tempo sempre se preocupou com cada seguimento dos seus filhos, na família e na sociedade, em qualquer condição ou estado de vida, em que individualmente responde à própria vocação, mediante a qual faz sua caminhada rumo à única vocação, a universal à Santidade.

Nesta abordagem, o foco são os Leigos, seculares que sem ser oposição ao sacerdócio, a religiosos, outras classes, convivem juntos sob os ensinamentos das mesmas escrituras.  “Leigo é todo aquele que se encontra inserido nas realidades temporais, compete-lhe se integrar sem receio na sociedade, na política, no trabalho e na cultura, desde a primeira a última significação das coisas que se ganha em Cristo. A secularidade que vivem, no respeito ativo pela consistência da criação – ou seja da dimensão espaciotemporal do mundo – leva-os a respeitar e a melhorar todo o modo de fazer sem nunca perderem a absoluta dimensão do ser, como da finalidade das coisas”[1].

O Leigo forma o povo de Deus, não se diferencia dos demais integrantes da hierarquia. É pessoa humana tanto quanto, reveste-se da mesma dignidade porque também criado à imagem e semelhança de Deus. A diferença fica tão somente pela diversidade de funções e a cada uma além de se atribuir especiais ocupações é recomendado o respeito recíproco.

A Igreja no Brasil, decidiu celebrar o ANO DO LAICATO  que teve início no dia 26 de novembro do ano pretérito e finda com a Festa de Cristo Rei que acontecerá no dia 25 de novembro deste ano de 2018.  Tudo foi muito bem planejado e em bom tempo todas as Dioceses e Prelazias do Brasil receberam orientações metodológicas, material e quanto mais necessário para bem realizá-lo.  A recepção deixa a desejar, inúmeras paróquias ainda que bem instruídas, não recepcionaram a proposta, talvez pela falta de leigo interessado(?).

Certamente o projeto de Deus o desejou. O Concílio Vaticano II procedeu às grandes transformações que ocorreram não só no mundo católico. É verdade que não faltaram consequências, até advindas do interior da própria Igreja. De todas elas saiu ilesa.  

Do Vaticano II veio o Decreto Apostolicam actuositatem, sobre o apostolado dos leigos. Ainda não é suficientemente conhecido apesar dos seus 53 anos. E o que o motivou? Como inicia afirmando: “o desejo de tornar mais intensa a ação apostólica do povo de Deus, dai porque dirige-se esperançoso aos leigos, que desempenham papel específico e insubstituível no conjunto da missão da Igreja. 

... Decorrente da própria vocação cristã, o apostolado dos leigos não pode deixar de existir na Igreja. As Escrituras mostram como foi espontânea e frutífera a ação dos leigos nas origens da Igreja. (cf. At. 11, 19-21; 18,26; Rom. 16.1-16; Fl 4,3). Contém VI  capítulos elucidativos de tudo como e porque deve ser, como fazer.

Em 1987, os “fiéis leigos” foram tema do Sínodo dos Bispos como “pertencentes àquele povo de Deus que  é representado na imagem dos trabalhadores da vinha, de que fala o Evangelho de Mateus: “O Reino dos  Céus é semelhante a um proprietário, que saiu muito cedo,  a contratar trabalhadores para a sua vinha. O convite do Senhor Jesus «Ide vós também para a minha vinha » continua, desde esse longínquo dia, a fazer-se sentir ao longo da história: dirige-se a todo o homem que vem a este mundo”, afirmou-o o Papa João Paulo II em Exortação apostólica  sobre a “Vocação e Missão dos Leigos na Igreja e no mundo”. Reforçou totalmente os termos do documento conciliar, atualizou o tema, e denominou como “fruto mais precioso  daquele encontro dos Bispos, que os fieis leigos escutem o chamamento de Cristo para trabalhar na sua vinha”. Adverte sobre os perigos do secularismo que se propaga do mesmo modo que a indiferença religiosa, com olvido de práticas que sempre ajudaram a vida do cristão.

Claro, enfatizou a necessidade da oitiva atenta da Palavra como forma de conhecer a vontade de Deus, de descobrir sua vontade concreta para as nossas vidas.

Nos nossos dias, a Igreja do Concílio Vaticano II, numa renovada efusão do Espírito de Pentecostes, amadureceu uma consciência mais viva da sua natureza missionária e ouviu de novo a voz do seu Senhor que a envia ao mundo como “sacramento universal de salvação ».(1)

Por sua vez, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil tem-se ocupado do tema e em 1999, 20° aniversário da “Christifideles Laici”, edita o Documento 62 tratando da “Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas”.

Impossível num artigo fazer tantas transcrições, alguma contudo se faz indispensável. Dizem os Bispos, sempre no doc. 62: “Pela sua “índole secular  ...os leigos são cristãos, portanto, participam a pleno título da missão da Igreja. ... Os leigos são chamados a evidenciar a missão da Igreja no mundo. ... têm a vocação de procurar o reino de Deus exercendo funções temporais e ordenando-as  segundo Deus” e assim, possam contribuir, a modo de fermento, por dentro, para a santificação do mundo”.

E com a decisão de comemorar o laicato durante um ano inteiro, a CNBB o fez, editando o documento 105, aprovado em sua 54ª Assembleia Geral em Aparecida SP, no dia 14 de abril de 2016. Já se contam dezenas de artigos alusivos de autoria de diversos Bispos.

Declara abrindo o documento: “Sal da terra e luz do mundo, na Igreja e na sociedade! Os cristãos leigos e leigas receberam pelo Batismo e pela Crisma, a graça de serem Igreja e por isso, a graça de serem sal da terra e luz do mundo. (Mt 5,13-14). Trata-se da expressão com que Jesus definiu seus discípulos e a missão que lhes confiava e são particularmente significativas em se tratando dos cristãos leigos e leigas.

Faço mais uma citação: “Em sintonia com o Ano do Laicato, a Campanha para a Evangelização deste ano  tem como tema “Cristãos leigos e leigas comprometidos com a Evangelização” e o lema “Sal da Terra e Luz do Mundo” (Mt 5, 13-14)

“O objetivo da campanha é despertar os discípulos e as discípulas missionários para o compromisso evangelizador e para a responsabilidade pela sustentação das atividades pastorais no Brasil. A iniciativa considera a ajuda para dioceses de regiões mais desassistidas e necessitadas”.  

Nos dizeres de D. Severino Clasen, Presidente da Comssão Especial para o ano do laicato,  "o leigo deve agir, seja na formação, nos serviços básicos da comunidade de fé, animando a liturgia, a catequese e os serviçoes eclesiais, circulos bíblicos, grupos de reflexão e outros, bem como o  testemunho no serviço aos mais necessitados e carentes. ... o papel dos leigos na Igreja é ser testemunho do  Cristo resusscitado, onde moram, vivem e trabalham.

Através do batismo, tornam-se membros efetivos no corpo da Igreja, onde Cristo é a caneça. "É dever da cada batizado conhecer Jesus Cristo, viver seus sentimentos de amor e ajudar os mais necessitados a serem felizes e a todos se santificarem para a glória de Deus". Os leigos carregam mais que um mero papel, pois se trata de algo maior: uma missão!

Não é preciso dizer mais nada, há muito a ser lido nas mais diversas fontes. Que os Cristãos leigos e leigas procurem se entrosar nesta Campanha, não deixem de ser como o quer Jesus: SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO!



Marlusse Pestana Daher
Vitoria, 04 de naio de 2018






[1] Disponível em:http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/documentos/leigos-na-igreja-e-no-mundo-relendo-a-christifideles-laici/  - Acesso 11 de maio de 2018.

terça-feira, 1 de maio de 2018

DIA DO SUOR DO TRABALHADOR

Homenagem ao trabalhador Daniel Gonçalves
Presidente PV São  Mateus -ES

Sempre será esta nossa BANDEIRA. 
O trabalho humano foi e sempre será a grande estrela na vida do homem, um homem sem trabalho é também destituído de outros direitos humanos e fundamentais, pelo que importa que aumentemos nossos esforços, mesmo ante a certeza de que a luta é renhida e que se podem repetir mortes, injustiças, toda sorte de aviltamento semelhante ao que aconteceu com “aqueles trabalhadores”.

Em 1886, Chicago se constituía no maior centro industrial do mundo e como é natural, absorvia expressibilíssima, ainda que “a preço de banana”,  mão de obra, condenando os trabalhadores a uma jornada de 13 horas, tornando suas vidas tormento insuportável. 

Dai que no dia 1° de maio daquele ano, milhares de trabalhadores, em distintos lugares saíram às  ruas para protestar e reivindicar entre mais a redução de 13 para 8 h a jornada de trabalho.

A reação do poder veio com a força policial ocorrendo inevitáveis confrontos e logicamente tendo como resultado mortos e feridos, certo que da parte dos trabalhadores. Eles não dispunham das mesmas estratégias nem das mesmas armas com as quais os vitimaram.
Trabaladoras do G.E. Amâncio Pereira
Provável década de 1950

Foi assim que o 1° de Maio se tornou “Dia do Trabalho”. Vieram documentos favoráveis, pronunciamentos de Papas, autoridades, partidos e até se transformou feriado universal para que tudo seja lembrado.  

Mas aqui não se trata de nos ocuparmos com a história, mas com os acontecimentos do momento que roubam o que de mais necessário tem a pessoa, sua própria dignidade.

O trabalho escravo não acabou acrescentado do infantil.

Só quem a exemplo dos povos indígenas por parte dos mais velhos não vê contada a própria história, não imagina ou sabe do comportamento de fazendeiros em relação aos seus trabalhadores.

Quem não sabe “das vendas” existentes nas próprias fazendas onde o trabalhador mediante vale, faz(ia) compras de víveres para a família? Nunca veem dinheiro em espécie. Nem se esqueça que os preços são bem mais “salgados”. Quantos, sem pagamento de hora extra,  trabalham jornadas superiores às normais, pode ser até que recebendo o salário mínimo, mas sem carteira assinada, sem que tenham sido pagas as obrigações sociais, pelo que terão negados os direitos que desse pagamento decorrem na hora que dele precisarem.

O trabalho dignifica o homem.  Observo aqui onde moro, quanto cresce a “população de rua”, homens em idade de labor, sujos, esfaimados, muitas vezes com a boca cheia de mentiras e olhares lacrimosos, para despertar no próximo compaixão pelo que não existe, que não merecem.


Pode ser que padeçam  o reflexo da canseira dos seus ancestrais que trabalharam duramente, enriqueceram patrões, venderam e ainda vendem sua arma sagrada do voto em eleições, inconscientes do reflexo que decorre de tal gesto.

Ai não se negue que a  primeira causa é a falta de trabalho, se o tivesse, vendo outros que progridem, haveriam de buscar igual sorte. As circunstâncias não favorecem e se transformam ainda em um maior peso social. Falta educação. Falta educação. Falta educação.

Certa vez ouvi alguém dizer “não há rico que tenha enchido os bolsos senão às custas do suor daqueles que para ele trabalhavam”.  Não ousaria generalizar, mas esta afirmação é como o boato o qual “tem sempre seu fundo de verdade”.
Enquanto a população sua, chora, passa fome e se atormenta, o fruto do seu trabalho finda em quase nada para comer, beber se vestir, ter onde morar.

O que é hoje nosso lugar? Um país que progressivamente vinha sendo assaltado, (ainda continua) enriquecendo poucos, fazendo o detentor do poder e seus aliados abarrotarem os bolsos. Dizer vergonha é pouco.

E de acréscimo, pobres de nós pela composição dos Poderes representativos da Nação.

É impossível compreender que uma senhora, D. Marisa Letícia,  só porque foi primeira dama do país tivesse tantos bens, tanta riqueza como os que foram arrolados no seu inventário. 

As pessoas que tiverem consciência, que, por exemplo, acreditam no Papa Francisco que vem ocupando todos os espaços e conclamando ao agir para que as coisas mudem,  “não podem cruzar os braços ou lavar as mãos como fez Pilatos”,  enquanto dispuser de qualquer sorte de capacidade ou habilidade para mudar o mundo, não pare. Vamos morrer lutando.

Nas próximas eleições escolhamos bem, vejam as novidades, pessoas que ainda que pequenos partidos, como o PV, vão apresentar.

Só não podemos quedar-nos imóveis ou nos constituirmos em “vaquinhas de presépio”  Cruz credo!


Marlusse Pestana Daher
1 de maio de 2018  15:49