Não
são bem-vindos, quase sempre, nem mesmo na Igreja. Que grande tristeza... Falo
de pessoas, geralmente pouco ou muito carentes de faculdades mentais, que
ingressam em ambientes onde os que ali estão, pagam pelo serviço solicitado, como
restaurantes, alguma loja onde algo pode ser comprado, alguma casa, lanchonete
ou o que for e mesmo estando do lado de fora, para lá dos vidros, podem
entrever que há guloseimas.
Mas
assim que é visto, logo, há alguém que se levanta, gentilmente, pega o “intrometido”
pelo braço, falando baixinho, o vai convencendo de que o Padre está falando e
os fiéis precisam ouvir(?), as pessoas estão rezando(?), ou que “por favor” espere... do lado de fora,
a função terminar, depois (só depois) será atendido(?). Depois? E corre-se o
risco de ter-se ido e não ser visto mais.
É
que, de volta à casa, tinham os pés sempre sujos da poeira das estradas e era tarefa específica dos servos, lavarem os
pés dos seus senhores. As estradas eram do barro do chão e o caminhar acontecia
como elas eram. E foi em razão de mais um ensinamento que queria transmitir, a
dimensão do serviço, que Jesus lava os pés de cada um dos seus apóstolos, como
condição de “tomar parte com Ele”, esclareceu, quando Pedro se recusou permitir
que seus pés fossem lavados por seu Senhor, logo a quem não tinha dignidade
sequer para tirar as Suas sandálias.
Em
seguida Jesus prescreveu, “se eu, vosso Mestre e Senhor, vos lavei os pés,
façam o mesmo, lavai os pés uns dos outros”.
Sim,
não é o caso de se desmerecer a solenidade de uma Santa Missa, celebração dos
mistérios da nossa Salvação, mas não vejo uma única razão para que um desses
pobres coitados deva ser retirado da Igreja, quando entrar na hora que for, sem
sentir o calor de ser acolhido. Vigiados? Tudo bem, não se sabe como agem ou
reagem, mas acolhidos, ouvidos, se possível, acompanhados em todos os seus
movimentos pelo templo. O Celebrante até se pode valer do momento para realizar
uma boa catequese. “Intrometeu-se” no ambiente um corpo de Cristo desfigurado pela indiferença, pela miséria, pela
subtração do seu direito de falar e ser ouvido. Em verdade é realmente, uma imagem autêntica do Verbo que se fez carne
e se busca lugar entre nós, não podemos deixá-lo
ir-se sem que tenha sido amado, Deus nos livre de que “venha para os que eram
seus e os seus não o recebam”. (Jo 1,11).
É
provável que, não se ouse pensar que todas, mas uma boa parte das pessoas se
converta, deixe o comodismo e abrace o dever de “procurar antes de tudo o reino
de Deus e sua justiça”,(Mt 6,36) neste tempo particular em que a Campanha da
Fraternidade nos despertou para uma busca mais efetiva, pela exigência e
prática das políticas públicas necessárias à vida com dignidade de todo aquele
que foi criado “à Imagem e semelhança de Deus” (Gên 1,26)..
De
igual modo, aquele que está fazendo sua necessária refeição diária, esteja
atento para quem pode estar olhando com “aqueles olhos compridos” todos aqueles
pratos variados, bem revestidos e... tem fome.
A
cena não é rara, hoje mesmo presenciei. Aquela mulher ainda jovem entrou no
restaurante, de repente todos os olhares se voltam para ela, porque falava
muito alto, reclamava de ter sido machucada, por aquele distinto senhor que pode
ter usado de uma certa força, ao ter tentado conduzi-la pelo braço, ao pedir
que dali saísse. “Não havia lugar para ela na estalagem”! (Lc 2,7 fine). Seu
aspecto era de “pobre coitada”, “desmiolada” e certamente sem dinheiro para
pagar o que consumisse. Mais tarde até poderia receber...
Saiu,
mas do lado de fora, ainda bradava, até que a alguém ocorreu a ideia de dar-lhe
“aquele dinheirinho” e não antes de vociferar outras palavras, foi-se.
Depois
que almocei, saindo daquele lugar passei em frente a outro estabelecimento e lá
estava ela, devorando “sua marmitex” ou coisa parecida. O jeito que comia era
dramático, demonstração de muita fome. Não é o caso de descrever.
Ao
menos não tenhamos a coragem “farisaica” de clamar Senhor, Senhor, um Senhor que não se vê e ao mesmo tempo, ignorando ou fazendo de conta que não sabe que
está na pessoa de todos que o representam aos quais cumpre servir com o
espírito de Nossa Senhora quando se definiu: Eis aqui a serva do Senhor!
Marlusse
Pestana Daher Vitoria,
26 de abril de 2019 - 14h23min