quinta-feira, 1 de setembro de 2016

A VIDA COMO LEITURA


Aprendi que nem sempre a melhor leitura nos é proporcionada pelos bons livros. Gosto de refletir sobre o que dizem ou como se comportam as pessoas, e não é para julgar, mas para entender como são, do que gostam, como se comportam, como se manifestam, o que aspiram, com o que se contentam ou não.

Este período de campanha eleitoral é deveras propício. Neste ano, apesar do silêncio imposto pela legislação que contém os arroubos no palanfrório que grassa, das limitações ao exagero que causam poluição visual, no salão-de-beleza e congêneres, por exemplo, as conversas, mesmo entre pessoas que se veem pela primeira vez, constituem boa leitura, um volume “nas nuvens” que bem usado, oferece excelente aprendizado pela profundidade da qual se reveste.

A crise generalizada em que foi imerso o Brasil deriva do populismo barato com que preferem se mover governantes investidos em altas funções que abandonam os grandes compromissos, ditames constitucionais, previsões legais que podem conduzir a bom termo sua gestão, para satisfazer “coisitas” agradáveis ao povo, que malgrado nosso, na sua grande maioria, não sabe exatamente o que quer.

O bom governante se assemelha ao pai de família que sabe negar uma pretensão do filho, em vista do bem maior que a ele, da sua negativa pode advir.

É assim que se pode ouvir uma pessoa dizer: “vou votar em F. porque ele não tem medo de nada, mete o pau nos ricos”. Evidente que os ricos (onde provavelmente nem se encontram aqueles aos quais ela possa diretamente se referir) é que a incomodam. E ao emitir tal parecer como em outras oportunidades, revela o mais exacerbado preconceito contra uma classe social que certamente não é a dela. No caso da cor da pele,  esta será diferente da sua.

De outra: “ah o prefeito deveria fazer mais abrigos nos pontos de ônibus, calçar as ruas”... Pode ser que não se lembre que os abrigos serão tanto menos necessários, quanto maior for a oferta do transporte coletivo, como o calçamento da rua não é suficiente, se não tiver sido preparado “o que fica embaixo do chão.” E ai, porque não se realizam do dia para a noite, como o que está sendo feito na Av. Leitão da Silva, os compadecidos são os comerciantes que fecham suas portas. Não se sabe que grandes empreendimentos requerem também, sacrifícios pessoais.

E como candidatos também não estão isentos desses pequenos desejos prometem-nos e se frustram e frustram expectativas, ante a realidade que é sempre outra.

Não podemos jogar pedra em ninguém, mas nem é proibido dizer que somos um povo muito mal educado. Educação vem de berço sim, mas também do ensinamento na família e nas escolas. Como não se pode falar de educação, sem falar de saúde: somos um povo um tanto quanto doente, carente de medidas sanitárias que previnam males e  mantenham corpos sãos para que sãs sejam as mentes.

Mas é como disse em artigo passado, não podemos achar que ao governo compete tudo e tudo devemos esperar que ele faça. Cada um de nós tem que fazer a sua parte, na grande engrenagem da vida, somos infinitas peças interdependentes, pelo que, a falta de apenas uma, prejudica o conjunto.

Pensemos bem. É ano eleitoral, onde cada um de nós, no isolamento de nossa consciência depomos na urna o nome dos que escolhemos para gerir a coisa pública, para nos representar. É porque mal escolhemos que estamos sempre a nos dar mal.

A hora é boa para começar a mudar tudo, para virarmos a página da política de favores baratos e corrupta, de escrevermos uma nova história. 

Mãos a obra.

Marlusse Pestana Daher

1 de setembro de 2016 17:46