
Este período de campanha
eleitoral é deveras propício. Neste ano, apesar do silêncio imposto pela
legislação que contém os arroubos no palanfrório que grassa, das limitações ao
exagero que causam poluição visual, no salão-de-beleza e congêneres, por
exemplo, as conversas, mesmo entre pessoas que se veem pela primeira vez,
constituem boa leitura, um volume “nas nuvens” que bem usado, oferece excelente
aprendizado pela profundidade da qual se reveste.
A crise generalizada em
que foi imerso o Brasil deriva do populismo barato com que preferem se mover
governantes investidos em altas funções que abandonam os grandes compromissos,
ditames constitucionais, previsões legais que podem conduzir a bom termo sua
gestão, para satisfazer “coisitas” agradáveis ao povo, que malgrado nosso, na
sua grande maioria, não sabe exatamente o que quer.
O bom governante se
assemelha ao pai de família que sabe negar uma pretensão do filho, em vista do
bem maior que a ele, da sua negativa pode advir.
É assim que se pode ouvir
uma pessoa dizer: “vou votar em F. porque ele não tem medo de nada, mete o pau
nos ricos”. Evidente que os ricos (onde provavelmente nem se encontram aqueles
aos quais ela possa diretamente se referir) é que a incomodam. E ao emitir tal
parecer como em outras oportunidades, revela o mais exacerbado preconceito
contra uma classe social que certamente não é a dela. No caso da cor da pele, esta será diferente da sua.
De outra: “ah o prefeito
deveria fazer mais abrigos nos pontos de ônibus, calçar as ruas”... Pode ser
que não se lembre que os abrigos serão tanto menos necessários, quanto maior
for a oferta do transporte coletivo, como o calçamento da rua não é suficiente,
se não tiver sido preparado “o que fica embaixo do chão.” E ai, porque não se
realizam do dia para a noite, como o que está sendo feito na Av. Leitão da
Silva, os compadecidos são os comerciantes que fecham suas portas. Não se sabe
que grandes empreendimentos requerem também, sacrifícios pessoais.
E como candidatos também
não estão isentos desses pequenos desejos prometem-nos e se frustram e frustram
expectativas, ante a realidade que é sempre outra.
Não podemos jogar pedra em
ninguém, mas nem é proibido dizer que somos um povo muito mal educado. Educação
vem de berço sim, mas também do ensinamento na família e nas escolas. Como não
se pode falar de educação, sem falar de saúde: somos um povo um tanto quanto
doente, carente de medidas sanitárias que previnam males e mantenham corpos sãos para que sãs sejam as
mentes.
Mas é como disse em artigo
passado, não podemos achar que ao governo compete tudo e tudo devemos esperar
que ele faça. Cada um de nós tem que fazer a sua parte, na grande engrenagem da
vida, somos infinitas peças interdependentes, pelo que, a falta de apenas uma,
prejudica o conjunto.
Pensemos bem. É ano
eleitoral, onde cada um de nós, no isolamento de nossa consciência depomos na
urna o nome dos que escolhemos para gerir a coisa pública, para nos
representar. É porque mal escolhemos que estamos sempre a nos dar mal.
A hora é boa para começar
a mudar tudo, para virarmos a página da política de favores baratos e corrupta,
de escrevermos uma nova história.
Mãos a obra.
Marlusse Pestana Daher
1 de setembro de 2016
17:46