Na noite de ontem, quando
me recolhia, pensei o quanto seria muito bom, se no dia da Pátria, amanhã
(hoje), ao alvorecer, fôssemos despertados pelos mais de duzentos milhões de
vozes da brava gente brasileira cantando feliz, alto e em bom som: “Já podeis
da Pátria, filhos, ver contente a mãe gentil, já raiou a liberdade, no
horizonte do Brasil”...

O ritmo e a melodia
exprimem o orgulho possuído pelos autores por tão ditoso acontecimento. É um
sentimento comum que pode tomar uma pessoa e mesmo uma nação que vê no que
celebra, esperança de dias melhores.
“Já raiou a liberdade”, somos
livres, podemo-nos unir para construir juntos a Pátria que queremos, para que
nossas riquezas não sejam levadas para além das nossas fronteiras, privando do
bem estar que delas advêm, seus verdadeiros donos.
Entre os versos, neste
particular momento, o que mais me diz é: “Brava gente brasileira", que vá
para longe o temor servil, que você assuma sua responsabilidade, cumpra seu
dever, ocupe cada cantão ou pedacinho do chão que lhe pertence, não deixe que
alguns poucos a usurpem tornando-se biliardários, (tri...) enquanto a base da
pirâmide alcança sempre maiores e mais desastrosas dimensões, onde a falta de
políticas públicas relega os direitos que devido a sua importância denominam-se
fundamentais, sobrepõem-se e devem ser respeitados mais que quaisquer outros.
Passado todo este tempo, a
nação ainda não aprendeu. Na época de eleição, escolhe o mais populista, ou que
tem mais dinheiro para pagar um bom marqueteiro e o unge como “o cara”, mas
depois não vigia o que ele faz, não cobra como é seu direito e dever as
promessas feitas na campanha, omite-se e ainda “paga dobrado e perde calado”.
Só se exibe brasilidade no
ano da 'copa do mundo de futebol", quando seus carros trafegam ornamentados com bandeiras
do Brasil que bailam ao sopro do vento. Portam uma camisa amarela, que
corresponde ao ouro como representa nossa Bandeira, ouro que é nosso, mas que às
nossas mãos nunca chega.
“Nosso peito, nossos
braços são as muralhas” da Pátria, é preciso saber erguê-las não deixando
passar quem não merece. É preciso estar atento para os tapinhas nas costas, os sorrisos
que só se abrem no tempo de campanha, verdadeiros “astutos ardis” que nos
cegam, quem sabe, absurdamente comovem.
Deixo o que escrevo aqui, como pista
para quem quiser valer-se dela e encontrar nos sábios dizeres do poeta, uma
riqueza imensa por toda letra do belíssimo e magistral hino. Este artigo
viraria “um tratado” se me ocupasse de todas.
Que este dia da Pátria,
seja um dia novo. O primeiro dia do resto de nossas vidas como gente que pela
Pátria é capaz de “desafiar a própria morte”.
Este pais continente, “com
tanta fartura, tanta paz e tanto amor” não seja negado a ninguém e quem se
sentir lesado, não se amofine na resignação e lute pelo que é seu.
“A terra é dom de Deus e
os frutos que ela produz são de todos”. (Zumbi dos Palmares).
Marlusse Pestana Daher
Escritora, poetisa, acadêmica presidente
da Amaletras, promotora de justiça aposentada.
Vitória, 7 de setembro de 2018.
Vitória, 7 de setembro de 2018.