Senhora Presidente;
Senhoras e Senhores Acadêmicos;
Ilustres Covidados, parentes e amigos
presentes.
Primeiramente agradeço a doutora
Marlusse Pestana Daher, Presidente da AMALETRAS, pelo honroso convite para
pertencer a esta Academia, e a todos os seus membros, que ao concordarem com o
convite da Presidente, possibilitaram que eu acedesse a esta Casa para ocupar a
cadeira de número 12, cuja patrona é minha avó, professora e escritora Doralice
de Oliveira Neves.
Discurso de posse nova Acadêmica |
Ao convite feito respondi “sim” à
minha amiga Marlusse Pestana Daher pressionada pelas minhas emoções, para
segundo após a atitude ousada cair em total e profunda reflexão assombrada por
calafrios de medo se estava à altura representativa da patrona da Cadeira Nº
12. É que durante vinte e seis anos aproximadamente de convivência com a avó
Doralice de Oliveira Neves, tive o privilégio também de conhecer a outra face
da mulher descortinando novos horizontes e diminuindo àquelas grandes lacunas
que aprisiona homem, através da substituição da ignorância pelo saber que o
prepara para uma leitura de sua realidade circundante.
De Dora, tratamento carinhoso lhe
dispensado pelos netos mais velhos, cresci ouvindo o segredo do poeta e do
escritor que ela atribuía a Lavoisier: “retocai vinte vezes a vossa obra; limai
e relimai sem descanso; acrescentai muitas vezes; e riscai muitas outras”.
Foram assim que nasceram as lendas e mitos de sua autoria “Como a Noite
Reinou sobre a Terra”; “A Primeira Mãe Capixaba”; “Guananira” e outras, além de
vários artigos veiculados em revistas e jornais de grande contribuição cultural
e educacional. Suas obras e seus artigos literários trazem a característica
indelével da educadora que acredita no poder do conhecimento para a
imortalidade da alma.
Doralice de Oliveira Neves nasceu em
Cambuci (São Fidélis), no Rio de Janeiro, em 1900. Professora formada veio
ainda muito jovem para o Espírito Santo onde, em Santa Leopoldina, na casa de
seu irmão Sebastião de Oliveira, coletor federal, conheceu seu esposo e meu avô
Getúlio Neves. Casaram-se, tiveram filhos, enviuvou depois de dezoito anos de
matrimônio, e aqui no Espírito Santo também veio a falecer, na Cidade de
Vitória, em 26 de janeiro de 1980.
Foi educadora e foi literata. Ajudou
a organizar a Academia Feminina Espírito-santense de Letras, que por diversas
vezes reuniu-se em sua casa. Quando da reorganização do grêmio, em 1992, foi
homenageada com sua indicação para patrona da cadeira Nº 10, hoje ocupada pela
Acadêmica Jô Drumond.
Deixou muita coisa escrita, pouco
publicou – somente textos em jornais locais. Entretanto, coube ao seu neto o
Doutor Getúlio Marcos Pereira Neves, Juiz de Direito, Associado Efetivo do
Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, Membro da Academia Espírito
– Santense de Letras, Cadeira Nº 33, Escritor, o crédito do seu reconhecimento
devido no mundo literário, quando lhe dedicou o primeiro texto que publicou na
Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, no n.º 54, de
2000, chamado “Tentação e Virtude: os costumes da terra nas palavras dos
primeiros Jesuítas”.
No conceito expresso sobre ela, Agostinho Lazzaro afirma: “Doralice de
Oliveira Neves, mestra e lutadora nos campos de batalha de ensino público,
sabia antes por experiência do que por premonição, que somente o
conhecimento adquirido através de uma sólida educação pública, seria capaz de
transformar uma Nação.”