quinta-feira, 14 de abril de 2011

MARIA HELENA

Motivação é o melhor impulso que nos pode possuir. Motivada é a pessoa que tem razões para se entregar a uma tarefa, o que faz com gosto e dali certamente deriva satisfação pessoal. Infelizmente, pode-se tratar também de satisfação negativa. Já foi provado que de tudo que fazemos recavamos um acalentado interesse. Não me estendo, não é o caso de fazê-lo aqui.

Supostamente motivada por ter que cantar os versos antigos de Lorenzo Barcelata, Russel e Haroldo Barbosa, busquei na intenet onde encontrei, como sempre se encontra tudo o que se procura, a canção de nome: Maria Helena.

Ouvi algumas, agradou-me particularmente uma interpretação maviosa em voz feminina, acompanhada de um Regional. Ah os regionais!

Maria Helena, és tu a minha inspiração.
Maria Helena, vem ouvir meu coração.
Na minha melodia, ouço tua voz
A mesma lua cheia há de esperar por nós.

Maria Helena, lembra o tempo que passou,
Maria Helena, o meu amor não se acabou
Das flores que guardei, uma secou,
Maria Helena, és a verbena, que murchou.

Que melodia! que letra! que harmonia! quanta musicalidade em poucos versos independente da música real a qual se associa. E chama-me atenção para o que comunica.
Primeiro a revelação que o amante faz a “sua” Maria Helena, quando invocando-a confessa: és minha inspiração. Inspirar é ser musa, musa na mitologia é: “divindade inspiradora de poesia”. Ela é responsável pelo que sente, pelo momento de êxtase e beleza esperimentada. Portanto que lhe venha fazer companhia, “vem ouvir a minha voz” de onde vai emanar tudo que sente e que a tem como beneficiária.
Acrescenta razões para tudo que diz: “na minha melodia, ouço tua voz”. Não se trata de uma voz simplesmente mas a dela, dai revestir-se de outros atributos capazes de fazer o amante inebriar-se e distingui-la entre tantas e não obstante outros murmúrios ou outros ruídos dos quais se possa rodear, sua voz, Maria Helena, que se confunde com a própria melodia.
Para iluminar o grande momento nada menos que a luz cheia que quando era contemplada inspirou poetas e compositores, que nos legaram versos imortais. Ela estará ai: “há de esperar por nós” .
Na segunda estrofe, o canto do desencanto: ele quer que Maria Helena se lembre de outro tempo, aquele em que se completavam, “o tempo que passou” e que não obstante ou apesar dos pesares e de tudo: “o meu amor não se acabou”.
Para finalizar o amante(?) atesta o conceito que predomina, ou de que um homem dificilmente terá cultivado em seu jardim, uma única flor. Foi pela vida cultivando flores que guardou, no entanto Maria Helena, exaltada em verso e canto, é a única verbena (= a flor dele) que murchou.
Não é raro nos acontecerem sentimentos contraditórios pelo que é difícil saber onde está a verdade. Em se tratando de amor no entanto, não pode traduzir sentimentos opostos, traduzir mentiras: ...és minha inspiração, ouço tua voz, não se distorce o papel da lua cheia. ...vem, ouvir meu coração, ...na minha melodia, ouço tua voz. Ao menos é realista pois lembra, o tempo que passou. E o tempo faz passar com ele muitas coisas. É possivel dizer o meu amor não se acabou: quando se acrescenta em seguida: Das flores que guardei, uma secou, Maria Helena, és a verbena, que murchou.
Acredito que ninguém nunca disse que não gosta de música. Quanto mais um tipo assim que enleva e transporta ao sonho. As letras resultam de penas rabiscadas por mãos humanas, é comum traduzirem o que sentem ou pensam inúmeras pessoas, dai falar-se em melodia preferida.
Quanto aos aspectos aqui abordados podem ficar por conta de quem quer pensar.
Ainda não disse o porquê comecei a escrever, voltarei ao tema.

Marlusse Pestana Daher
14 de Abril de 2011 11:06

Para ouvir MH, acesse: http://letras.terra.com.br/altermar-dutra/615833/