
Não é só no mês de setembro que podemos observar o desabrochar da primavera. Em junho, em um único dia, são tão intensos os resquícios da primavera, que vemos o farfalhar de flores, acompanhadas de variados corações, para que se comemore o Dia dos Namorados.
Os buquês surgem por todos
os lados, arrancando sorrisos, lágrimas, emoções dos apaixonados. É uma pena
observar que o presente é tão efêmero quanto os “amores contemporâneos”.
Antigamente, havia toda uma
preparação, não se começava o namoro logo pelo beijo, cortando a fila de outras
emoções e sensações que são essenciais vivenciar.

Os bilhetes, com as tão
esperadas flores, chegavam periodicamente para marcar o encontro, às
escondidas, pois chegar até os pais já era consumar de verdade o namoro, era
quase um pedido de casamento.
Quando esse passo era
concretizado, os pais ficavam na presença do casal para que nada além da
conversa acontecesse naquele momento.
A distância era insuportável
de se aguentar, mas havia o telefone e a disputa de quem iria desligar
primeiro. O tum tum tum do telefone
desligado se confundia com a saudade, já, dentro do peito, e os suspiros
poéticos abriam a madrugada à espera do dia seguinte.
Mas, o beijo haveria de
chegar. Não era algo supérfluo, era o momento mais esperado. O entrelaçar de
bocas seria o aviso final para o relacionamento duradouro.
Esse momento vinha com mãos
suadas, frio na barriga e o coração saltitando tanto, que parecia sair do
peito.
Essas emoções eram mais
importantes do que quaisquer presentes. O ato de se conhecer é que
provavelmente solidificava a frase “na alegria, na tristeza, na saúde e na
doença, até que a morte nos separe.”
Hoje, com os apetrechos
tecnológicos, não é preciso nem se conhecer. O casamento é realizado via
Internet mesmo, as etapas do namoro foram queimadas e é preciso garantir o “que
seja infinito enquanto dure.”
Não duram. Da mesma forma
que as flores murcham, os relacionamentos também. São muitos os motivos para o
naufrágio. Infelizmente, o presente vem na frente do amor.
Na geração fast love, a quantidade superou os
efeitos da qualidade. O amor virou tema de festa brega, sentimento somente para
os mais velhos.
Mas ainda há esperança. Que
venham as rosas, os lírios, as orquídeas, mas junto delas, o coração
eternamente apaixonado e, dentro dele, a primavera de todos os dias: o amor.