sexta-feira, 14 de junho de 2013

A PRIMAVERA DE TODOS OS DIAS


Fabiani Rodrigues Taylor Costa, Formada em Letras, Especialista em  Literatura Brasileira e Gestão Escolar, Diretora da EEEFM Profª Filomena Quitiba.

Não é só no mês de setembro que podemos observar o desabrochar da primavera. Em junho, em um único dia, são tão intensos os resquícios da primavera, que vemos o farfalhar de flores, acompanhadas de variados corações, para que se comemore o Dia dos Namorados.

Os buquês surgem por todos os lados, arrancando sorrisos, lágrimas, emoções dos apaixonados. É uma pena observar que o presente é tão efêmero quanto os “amores contemporâneos”.

Antigamente, havia toda uma preparação, não se começava o namoro logo pelo beijo, cortando a fila de outras emoções e sensações que são essenciais vivenciar.

Uma delas era o olhar. Existia todo um ritual. Depois de olhares cruzados, era a vez do aperto de mãos, saber o nome daquele (a) que, talvez, passaria a ser a pessoa com quem se iria compartilhar a vida.

Os bilhetes, com as tão esperadas flores, chegavam periodicamente para marcar o encontro, às escondidas, pois chegar até os pais já era consumar de verdade o namoro, era quase um pedido de casamento.

Quando esse passo era concretizado, os pais ficavam na presença do casal para que nada além da conversa acontecesse naquele momento.

A distância era insuportável de se aguentar, mas havia o telefone e a disputa de quem iria desligar primeiro. O tum tum tum do telefone desligado se confundia com a saudade, já, dentro do peito, e os suspiros poéticos abriam a madrugada à espera do dia seguinte.

Mas, o beijo haveria de chegar. Não era algo supérfluo, era o momento mais esperado. O entrelaçar de bocas seria o aviso final para o relacionamento duradouro.

Esse momento vinha com mãos suadas, frio na barriga e o coração saltitando tanto, que parecia sair do peito.

Essas emoções eram mais importantes do que quaisquer presentes. O ato de se conhecer é que provavelmente solidificava a frase “na alegria, na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe.”

Hoje, com os apetrechos tecnológicos, não é preciso nem se conhecer. O casamento é realizado via Internet mesmo, as etapas do namoro foram queimadas e é preciso garantir o “que seja infinito enquanto dure.”

Não duram. Da mesma forma que as flores murcham, os relacionamentos também. São muitos os motivos para o naufrágio. Infelizmente, o presente vem na frente do amor.

Na geração fast love, a quantidade superou os efeitos da qualidade. O amor virou tema de festa brega, sentimento somente para os mais velhos.

Mas ainda há esperança. Que venham as rosas, os lírios, as orquídeas, mas junto delas, o coração eternamente apaixonado e, dentro dele, a primavera de todos os dias: o amor.