sábado, 3 de setembro de 2016

INTÉ, AURINHA!

A Áurea Maria Pirola Santos Silva

No dia em que Deus a chamou, todos ficamos imensamente tristes, ninguém queria que acontecesse, mas Ele não faz consulta, muito menos pesquisa para saber o que queremos, quando se trata de cumprir o que desde toda a eternidade está escrito.

Ela ficou sorrindo na nossa lembrança. 
Perplexos, passamos aqueles últimos instantes ao seu lado, rezando e até cantando, em homenagem a você, dizendo bis ao que você também gostava.  A morte foi o único obstáculo que aconteceu em sua vida e que pela garra com que sempre se houve, você não conseguiu vencer.

E como muitas vezes me aconteceu, inclusive em nossas conversas,  lembrei-me de que “somos galinhas de Deus”. Esta expressão ouvi de você no dia em que velávamos seu querido irmão Agilson. Com ela, e era ainda muito jovem, resumiu sua dor e desabafou.  Quis dizer que Deus pega e leva quem Ele quiser.  

Era muito próprio de você arroubos de tal natureza. Digamos, você sabia ser engraçada.

Estivemos juntas nos dois últimos encontros das “Meninas de São Mateus”, quando apesar dos pesares, você se mostrava exuberante, movida de uma esperança admirável, esperançosa quem sabe, de um milagre de Deus, verdadeiramente o que se pode dizer, é que você era capaz de esperar contra toda esperança.

Sua alegria que unanimemente todos os que a conheceram decantam, valia a pena. Filha dos seus pais, irmã-mãe de seus irmãos, atenciosa com todos, a mamãe amorosa de Nanando, Bício e Sansandro.

No dia das mães passado, eu a vi na Igreja de São Francisco assistindo a Missa com os três. São meninos de ouro que com seu jeito singular, habilidade, muito amor, resultou na belezinha que são os três.

Ao seu lado inerte, lá estavam eles. Um perto do outro, mudos, olhares quase incompreensíveis, talvez indagassem por quê? Pelo tanto que era presente em suas vidas, pelo tanto que os sufragaste em todos os instantes, por tudo que mãe de tanto quilate como você foi, era inevitável não perceber o quanto a dor de perdê-la neles doía.

Fazer o quê? Como você gostava de cantar, tem-se que continuar vivendo sem ter a vergonha de ser feliz, tem-se que prosseguir e mesmo se o pranto rolar, caminhando e cantando, seguindo a canção.

Tudo passa, nós também.  Afinal de contas, o que lhe aconteceu, a nós acontecerá, é só questão de tempo.

Há um mês de sua partida, pedimos a Deus que a tenha em seus braços. Está bem, quem nos braços de Deus está.

Inté, Aurinha!
                                                                                     

Marlusse Pestana Daher
3 de setembro de 2016 14:33