sexta-feira, 20 de março de 2020

NÃO TEMOS VULCÕES, NEM FURACÕES


Diante do tamanho dos danos que vem causando o “Corona vírus”, que faz nossos corações se encherem de ternura e compaixão por todos que sofrem suas investidas, mais parece que os últimos desastres causados pelas chuvas abundantes que caíram aqui no nosso Espírito Santo ficaram esquecidos? 
Vargem Alta - ES

Não, com certeza, pelas pessoas diretamente atingidas pelos danos. Quanta gente morreu entre água e lama, sem que tivesse chance de se segurar em algum lugar e sair. Cidades completamente devastadas e governantes sem recursos suficientes para suavizar tanta dor. Livros de professores, ou não, material escolar de crianças (cito estes dois exemplos por saber o que significam.) É como dizemos “ficaram unicamente com a roupa do corpo, suja de lama ou molhada”.

No último rompimento de barragem no litoral santista, nada menos que trinta pessoas perderam a vida em poucos minutos. Quantas famílias desestruturadas, quanta devastação, quanta dor da parte daqueles que sequer puderam enterrar seu familiar porque o corpo não foi encontrado. E muito pouco tempo separou tudo isto do nefasto rompimento de barragem,  ocorrido em Brumadinho.

Pois é, costumávamos dizer, “nós não temos vulcões, graças a Deus”, “não temos furacões”. Ah é? Mas temos muita água que desbrava terra e se as chuvas são abundantes fazem rios transbordar. Quantas vezes a insensatez fez ser dito por alguns que a devastação do meio ambiente, que há muito tempo vem sendo causada, desestruturando a natureza, fazendo-a entrar em desequilíbrio, era coisa de ambientalista “que não tem o que fazer”. Por causa disto ocorreram martírios como de Chico Mendes, como o de Paulo Vinha no nosso Estado e tantos outros.

Corta a perna de uma pessoa e vai ver que transtorno causa a mesma, passará a depender de meios antes desnecessários. Cegue uma pessoa, decepe suas mãos. Enfim há muitos modos de inviabilizarmos vida de pessoas. 

Pois é, devastamos os picos dos montes, acabamos com muitas vidas de espécie animal e vegetal, sem piedade, nos imiscuímos pelo prazer de captar “aquela espécie em particular”, biodiversidade? “mas isto se come”?

Sim, estamos perplexos, vivemos esperando que Deus viva repetindo milagres “para nos tirar do sufoco” esquecendo aquele velho ditado com que os antigos sintetizaram toda a obra de Deus: seu cuidado, seu amor, o que espera de nós com aquele “faça por onde, eu te ajudarei”.

Enquanto a natureza estiver desequilibrada, cada vez mais seremos levados por quedas de barreira, morro abaixo.

Se Deus não nos ouve é porque Ele é quem sabe qual é a hora de favorecer-nos, afinal de contas: “tudo tem seu tempo debaixo do céu”.