No
silêncio do meu quarto
Beatriz Monjardim
No
silêncio e no escuro do meu quarto,
Deixo que entre pela janela aberta,
A brisa fresca e olorosa em que me farto,
Das lembranças que a brisa em mim desperta.
Deixo que entre pela janela aberta,
A brisa fresca e olorosa em que me farto,
Das lembranças que a brisa em mim desperta.
Coisas
da infância, e em pensamento sigo,
Em busca dos meus sonhos, alma atenta;
Sonhos tão lindos, que em meu peito abrigo,
Que me dão força e o meu viver sustenta.
Em busca dos meus sonhos, alma atenta;
Sonhos tão lindos, que em meu peito abrigo,
Que me dão força e o meu viver sustenta.
Consigo
ver luzir os vagalumes,
Sentir das flores, os doces perfumes...
E até ouvir o criquilar de um grilo!
Sentir das flores, os doces perfumes...
E até ouvir o criquilar de um grilo!
Quanta
inocência nas noites da infância!
Sem dor de amor...sem saudades e esta ânsia...
Dormir em paz, o coração tranquilo.
Sem dor de amor...sem saudades e esta ânsia...
Dormir em paz, o coração tranquilo.
Em tuas mãos
Beatriz Monjardim
Perdoa-me
Senhor, se ainda choro,
Vergada ao peso da desesperança...
Aflita, ergo as mãos aos céus e imploro:
Não sei se ouves... se minha voz te alcança.
Vergada ao peso da desesperança...
Aflita, ergo as mãos aos céus e imploro:
Não sei se ouves... se minha voz te alcança.
Quisera
ver de novo o teu olhar
Buscar o meu tão terno e compassivo...
Todo o meu ser se abrasa ao recordar
Aquele sonho em que Te vi tão Vivo!
Buscar o meu tão terno e compassivo...
Todo o meu ser se abrasa ao recordar
Aquele sonho em que Te vi tão Vivo!
Sei
que És o Caminho, a Verdade e a Vida!
Que hás de curar toda dor, toda ferida...
E que, aos tristes, hás de enxugar o pranto.
Que hás de curar toda dor, toda ferida...
E que, aos tristes, hás de enxugar o pranto.
Deponho
em Tuas mãos, minha tristeza...
Ofereço-Te esses versos, na certeza,
De que aceitas meu louvor nesse meu canto.
Ofereço-Te esses versos, na certeza,
De que aceitas meu louvor nesse meu canto.
É doce o pranto
Beatriz Monjardim
Meus
olhos se banharam em pranto:
Orvalho da saudade mansa
Que banha minha face enquanto,
Saudosa, lembro os dias de criança.
Orvalho da saudade mansa
Que banha minha face enquanto,
Saudosa, lembro os dias de criança.
Já se
perde o tempo na distância;
Embora a vida escoe e o tempo passe,
Relembrando os saudosos dias da infância,
É doce o pranto que banha a face...
Embora a vida escoe e o tempo passe,
Relembrando os saudosos dias da infância,
É doce o pranto que banha a face...
Ah,
louras manhãs ensolaradas
Que douravam a verde capoeira,
Onde eu sonhava horas encantadas,
Ao som dos grilos e cigarras cantadeiras...
Que douravam a verde capoeira,
Onde eu sonhava horas encantadas,
Ao som dos grilos e cigarras cantadeiras...
As
folhas secas me faziam o berço,
Na relva fresca, doce e perfumada,
Por aroeiras, goimbês __ah, nunca esqueço,
Se deste aroma, tenho a alma saturada!
Na relva fresca, doce e perfumada,
Por aroeiras, goimbês __ah, nunca esqueço,
Se deste aroma, tenho a alma saturada!
O sol
queimava, a terra sufocava,
Zumbiam insetos no ar parado e quente...
E eu, deitada na relva, armazenava,
Essas lembranças para o eternamente.
Zumbiam insetos no ar parado e quente...
E eu, deitada na relva, armazenava,
Essas lembranças para o eternamente.
Ah,
louras manhãs, tardes serenas,
Que ainda perduram, embora o tempo passe...
Brotam em meus olhos lágrimas amenas;
É doce o pranto que me banha a face.
Que ainda perduram, embora o tempo passe...
Brotam em meus olhos lágrimas amenas;
É doce o pranto que me banha a face.