- Como vai? Pergunta uma
pessoa a outra.
- Vou levando...
Levando? Levando a vida é como se traduz tal expressão
e indo-se mais a fundo conclui-se: levando a vida significa prosseguir
simplesmente a caminhada da existência por que não tem outro jeito, mas também
não quer morrer. Ninguém quer morrer, mesmo os suicidas não é que queiram por
termo à própria vida o que pensam é que deste modo acabam com as angústias
pelas quais passam e são afligidos.
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Arte da minha amiga Lu. |
Mas a vida é para levar? Partindo-se
do significativo do termo levar, ou seja, é apanhar alguém ou algo que está em determinado
ponto e transportar para um outro, não há ninguém que possa levar a vida. Vida é
não se vê. Vida não é para ser levada, nem pode ser levada, vida é para viver. E
viver é ser “eterno aprendiz”, aquele que capta cada ensinamento que lhe é
oferecido e faz dele objeto do seu seguinte atuar, porque todo aprendizado só
se concretiza mediante aplicação do que se aprende, projetando-se para o alto.
A vida é cheia de surpresas,
alegrias, decepções, tanta coisa, e é claro, por exemplo, que ninguém se alegra em ver num leito imóvel,
inteiramente dependente, alguém que você sempre viu caminhando firme e com
altivez (tenho em mente alguém). Nada mais que esperando a sua hora. Se se for
elencar todos os casos semelhantes conhecidos, o caudal será deveras longo.
Todavia, importa viver.
Viver sem fraquejar, sem deixar-se assaltar por maus sentimentos, perfídias,
lembranças, saudades que causam mal estar e quase não dá para driblar.
Entregar-se significa
criar hábito, do hábito se diz que sempre foi o principal moderador das ações
humanas e uma vez consolidado haja capacidade para ao menos começar a superar.
Não levemos a vida, vivamo-la,
mesmo quando demandar esforço desmedido, porque a felicidade que é direito mais
que universal é de graça, não percamos.