quinta-feira, 17 de março de 2011

Duas de vez.

Existem coisas que estão acima da nossa compreensão, da nossa capacidade de ver claramente ou em detalhes, de saber os porquês. Neste grupo, se incluem os desígnios de Deus.
Nós nunca chegamos à conclusão que queremos a respeito dos males, das doenças, das coisas que nos ferem tanto, da morte que nos deixa arrasados e em pranto que insiste em não estancar, embora o tempo passe...
Existem coisas que Deus faz ou permite que aconteçam e mesmo que desejemos, Ele não vem em nossa ajuda do nosso jeito.
Nosso querer é diferente do querer de Deus e é diferente porque apesar de termos sido criados à imagem e semelhança de Deus, pelo pecado, nós nos desigualamos e esta desigualdade faz muita diferença, no sentido de que tira de nós os atributos divinos, as graças que recebemos a partir do batismo e ficamos de certa forma mutilados o que nos impede de estar na mais perfeita comunhão possível com Deus e assim, nosso coração bater no ritmo do coração de Deus, nossos passos nos conduzirem nas pegadas dele, sermos de fato um membro sadio e útil do corpo místico do qual Cristo é a cabeça.
Esquecemos que Deus é Pai, que Deus nos ama profundamente, mais do que possamos imaginar. Fomos criados para a comunhão com Deus e é o afastamento dele que nos causa as dores que chamamos de tantos nomes que arranjamos e distanciamos a certeza da realidade mais perfeita que Deus é em nossa vida e nós burramente, ofuscamos, esquecemos.
Peçamos pois: Maria, mãe de Deus e mãe dos pobres, intercede por nós no sentido de que nunca nos esqueçamos que fomos criados à imagem e semelhança de Deus e que seu amor por nós é de verdade.

Marlusse Pestana Daher
Do Programa Cinco Minutos com Maria

TRATA-SE DA FAMILIA

Dizia a lei 6.515 de 26 de dezembro de 1977, no § 2º do seu art. 3º que ao Juiz que se deparasse com um casal que manifestou o desejo de separar-se, competia “promover todos os meios para que as partes se reconciliassem ou transigissem, ouvindo pessoal e separadamente cada uma delas e, a seguir, reunindo-as em sua presença, se assim considerasse necessário”.
Lembro-me que logo no início até chegava a ser feito, mas também me lembro que no máximo, o Juiz acabava por simplesmente adiar o termo da pretensão, para que o casal refletisse mais um pouco... não me lembro de nenhum caso que se tenha logrado êxito.
E deste modo, acabou mesmo é que as separações consensuais se tornaram muito fáceis: sala de audiência, o casal, presença do Promotor de Justiça, o Juiz pergunta: “vocês querem se separar”? “o que consta da inicial sobre separação de bens e relativo aos filhos é o que vocês convencionaram”? E à resposta afirmativa, ouvido o MP, a sentença – aquela já prontinha que bastava mudar os nomes e outros pequenos detalhes, - era lavrada ali mesmo, dela sendo de imediato intimadas as partes. E tudo estava consumado!
Nunca me resignei com tanta facilidade, razão porque, só quando em Vara única ou em substituição, atuei em Vara de Família. Trata-se da família, nada menos que instituição divina que depois os homens acolheram. Tão importante, que o Estado coloca sob sua especial proteção; que estendeu à união estável sua equivalência; que a considera a principal responsável na construção da sociedade; que a nomeia primeiro quando diz de quem é o dever de assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (Art 4º, ECRIAD).
Mas veio nova lei que vai facilitar ainda mais a separação do casal. Será, que o mais importante, necessário, urgente, se traduz nessa facilidade? sequer precisam de recorrer ao processo, no Cartório – cujos titulares agradecem mais emolumentos – e tudo se resolve sem problemas. Opa, sem problemas não! Numa separação, ambas as partes perdem, mas há sempre aquela que perde mais, aquela que mais ama. Dificilmente, quando aconteceu por amor, mesmo que a ferida se feche, a cicatriz não deixará de incomodar.
O Brasil, como muitos países do mundo igualmente o fazem, proclama solenemente através de sua Lei Maior, entre muito mais: o Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. (§ 8º do art. 226). Existe algo neste sentido? a violência campeia, violência real, violência presumida, violência moral que chega por todos os lados.
Em outro dispositivo, art. 221: A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: ... IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família. Não passa de dispositivo morto. A falta de pudor que penetra sem pedir licença nos lares brasileiros, a violência que deixa até crianças de tenra idade em excitação ou pânico com o que assiste, é um constante.
Os que “estão-se lixando”, que só pensam em si e no poder só se ocupam de estratégias que na condição os mantenha, a grande maioria ignora ou se resigna, os que clamam acabam por emudecer, porque, quando uma causa é de todos a batalha só é vencida mediante o concurso igualmente de todos.
É uma pena constatar, ver gente que tenta subir escadas a partir da metade delas. Há problemas na base que devem ser antes perscrutados. Na redação do propalado PAC, seu autor começa por dizer: “A minha intenção é estimular todos os setores do país a participarem deste esforço de aceleração do crescimento, pois uma tarefa dessas não pode ser uma atitude isolada de um governo, mas de toda a sociedade. Um governo pode tomar a iniciativa, pode criar os meios, mas para que qualquer projeto amplo tenha sucesso é preciso o engajamento de todos”. Lindas palavras! Crescimento? Crescimento é inchaço. O nome tem que ser desenvolvimento e sustentável.
Esqueceu que o país é signatário das “Metas do Milênio” a serem cumpridas até 2015, firmadas em 2000, como membro da Organização das Nações Unidas. Não as divulga, não as menciona...
Sem fins eleitoreiros, sem demagogia é preciso pensar a família, é preciso cumprir a Constituição Federal. Os problemas da família não se resolvem facilitando os modos para que os cônjuges se separem, mas criando mecanismos que os ajude a não chegar a tal ponto e cujos motivos nem sempre são de ordem externa, mas sedimentados dentro dos próprios lares, onde a vida não é segundo sempre deve ser.
Ouçam-se os entendidos. Haim Gruspum, médico e psicólogo clínico, professor da PUC-SP, defende a idéia de um mediador familiar que pode ser um profissional que atua de forma voluntária para chegar estrategicamente a um acordo entre casais que buscam a mediação de forma voluntária. Com ação na comunidade, pode intervir em famílias íntegras em via de separação agindo de forma preventiva, pode agir durante a separação ou após, quando surgem problemas para criar e educar os filhos nas novas formas de família.
Esta é apenas uma das muitas soluções possíveis. Mas os que “podem tomar a iniciativa e podem criar os meios”, preferem outros caminhos.
É uma luta de todos, porque quem põe, também pode depor. É preciso pensar na família, dar a todas o que lhes faltar para realmente ser.

Marlusse Pestana Daher
21/05/2009 11:42