O Prof. Doutor Francisco Aurélio Ribeiro escreveu “as orelhas” do livro ESTORIAS DE BICHOS CONTADAS PELO
POVO. Eis o texto que depois de ler saberá muito mais sobre lendas e tradições,
a transmissão das coisas pela oralidade.
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Prof. Francisco Aurelio |
Apesar
de todo convencionalismo, de toda imposição acadêmica como a escola,
principalmente, como aparelho reprodutor da ideologia do Estado na célebre fala de Althusser,
procura determinar a “cultura”, o que a história da civilização tem demonstrado
é que a cultura vinda diretamente das massas populares acaba sempre ocupando o
seu espaço e perpetuando-se, à margem do poder, mas dentro do sistema.
Hermógenes,
o grande poeta popular, pesquisador do folclores, não por mera ‘curtição
acadêmico-universitária’, mas por ser e viver junto com o povo, do qual nunca se desligou,
representante das raças índia e negra, tão discriminadas pelo poder letrado,
branco, cestão e e luso, nesses longos anos de colonialismo, apresenta-nos,
agora, o seu “Estórias de bichos contadas pelo povo”, co-edição da FCAA e da
SEDU, para o projeto “Salas de Leitura” com apoio da FAE-MEC.
A fábula gênero antiquíssimo, é uma
narrativa curta, caracterizada pela presença de animais irracionais como
personagens, e que encerra um sentido moral, quase sempre em alusão aos seres
humanos. Desde a antiguidade greco-latina foi cultivada, superiormente por
Esopo, escravo grego do século VI a.C. e por Fedro, escritor latino do século I
da nossa era. Modernamente, La Fontaine destacou-se como o mais importante dos
fabulistas, ao final do século XVII.

Na
literatura luso-brasileira, foi cultivada pelos árcades portugueses e,
posteriormente, por Garrett, João de Deus e Cabral do Nascimento. Entre nós, a
fábula começou a circular no Romantismo, com Anastácio Luís Bonsucesso e,
depois, com Coelho Neto, Monteiro Lobato e Maximiano Gonçalves.

Ao
lado dos contos de fadas, o gênero até hoje, mais preferido pelas crianças, a
fábula é um dos gêneros mais apreciados pelos infantes. Apesar de moralista,
ela não escamoteia a verdade, mas transforma simbólica e conotativamente.
Talvez
seu grande sucesso esteja no fato de não silenciar as questões relativas a
sexualidade, à luta pelo poder, ao racismo, à segregação e desprezo pelos mais
fracos, à luta de classes, tornando-se
assim, um gênero duradouro e sempre apreciado.
Hermógenes, ao nos trazer de volta as tradicionais estórias, “festa no céu”, ressuscitando personagens brasileiríssimos o urubu, o jabuti, o macaco, o sapo, o jacaré, a raposa, o boi, o coelho, cada qual com suas características e seus simbolismo relacionado ao comportamento dos homens em sociedade, faz-nos recuar ao passado, aos nossos avós, tias velhas e amas de leite, recuperando-nos toda a magia da literatura oral, contada o pé das fogueiras e à boca da noite.
Tanto
melhor! Só assim nossas crianças poderão ter outras opções mais nacionais e
populares, enriquecedoras e coloridas que os
eternos estereotipados e
chatíssimo He-Man, Tom e Jerry, o debiloide Pato Donald, e tantos outros
personagens dos enlatados americanos que tanto têm, enchido as manhãs e tardes
de nossos filhos e tanto os têm colonizado e empobrecido culturalmente.
Francisco Aurélio Ribeiro (Professor de Literatura Brasileira no Departamento de Línguas
e Letras da UFES)
Crenças
Populares Brasileiras
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Comer uvas e romãs no Ano Novo para
ter sorte e fortuna durante o decorrer do ano que inicia.
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Ferradura detrás da porta para
espantar o mau-olhado.
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Aquela que pega o buquê da noiva será
a próxima a se casar.
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Quando a grávida fica com vontade, a
criança nasce lesada ou com mania daquilo que foi negado à gestante.
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Quebrar espelho dá sete anos de azar.
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Apontar para as “Três Marias”
(estrelas) faz nascer verrugas no dedo indicador.
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Cruzar com um gato preto dá azar,
assim como atravessar por debaixo de uma escada.
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Trevo de quatro folhas trás sorte,
assim como o pé de coelho.
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Sexta-feira 13 é dia de
acontecimentos estranhos e desgraças.
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A principal linguagem
folclórica é a Literatura de Cordel, que consiste num livreto de poesia, por
vezes ilustrado, escrito em linguagem informal.
Originária da região
nordeste, estas obras recebem o nome de "cordel" porque são expostas
numa corda para apreciação.
Outra forma comum de
literatura popular são as adivinhações, ou seja, perguntas com conteúdo
ambíguo. Os provérbios são ditados que contêm ensinamentos (muitas vezes
religiosos).
Piadas ou anedotas são
pequenas narrativas com desfechos engraçados.
Os trava-línguas são
frases, em geral rimadas, que dificilmente são pronunciadas; enquanto as
parlendas ou parlengas são as rimas infantis populares.
Você Sabia?
O Dia do Folclore é
comemorado dia 22 de Agosto.
Por: Daniela Diana