sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

EM TROCA

Eu te pedi que me desses
uma rosa,
ao invés,
deste-me os espinhos!

Eu te pedi um sorriso
contraíste tua face,
quase indignado,
olhando para mim

Dei-te uma rosa,
recebeste-a como um dom,
sorri discretamente,
em resposta, gargalhaste.

Ensinaste-me assim
o valor da oferta,
presenteando-me
com muito mais,
do que te dei,
ou te pedi.


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

MATE-ME, MAS NÃO ME BATA!

Está na rua "tem sete natais", "bandidos" o expulsaram de sua casa, não pretende mais voltar. Não tem morada. Dorme em abrigos improvisados, quase sempre depois das quatro da manhã, porque até esta hora, deve vigiar "suas coisinhas" para ninguém roubar.

Vive de  improviso, tem os instrumentos mínimos de que precisa para confeccioná-los. É do que vive, sem compromisso com quem quer que seja. "O filhinho que o Juiz  lhe deu, criou até "tomar prumo", até assim... uns sete para oito anos e agora deixa com sua mãe, lá em..."

Num "ontem", nove horas da noite, hora da "janta" estava tomando um "leitinho e comendo um pãozinho", sentado na calçada, com a mala de "suas coisinhas" do lado.

Ali perto, havia uma pessoa olhando uma vitrine de loja... pelo aspecto, tal qual canta José Geraldo, alguém achou que "devia estar querendo roubar"(?), chamou a polícia que apareceu rapidinho, foi-me contando.

Um policial salta da viatura, dirige-se ao Tal e lhe dá um sonoro tapa no rosto. Em seguida "esquece do rapaz" dirige-se ao Zé e com um pau de mais ou menos um metro lhe dá dois golpes.

É o que se chama de adrenalina pura. Ou a pobreza em ninguém chega a ser tanta ou capaz de negar-lhe o conceito ou o valor da própria dignidade? E os lábios que sorviam um leitinho (única coisa que podia comprar, pois, "nestes dias não estou vendendo nada") se desprendem, dando asas a indignação que explode: "seu canalha, vagabundo, etc, etc, etc... Mate-me, mas não me bata, eu não fiz nada!!!"

Não fez? Retruca o agressor. Que mala é esta ai, cadê a maconha"?

E começa a revirar tudo, espalhando pulseiras, cordões, miçangas e contas... pela calçada e pela rua. A cena é dantesca para quem presa tanto a própria obra, tudo que tem, "as suas coisinhas" tão caras a ponto de deixar de dormir só para vigiá-las.

Afasta-se, não pode ver "a devastação". Sem rumo, por onde passa se criam tangentes de uma circunferência. Um raio invisível, inquebrantável, une-o ao lugar onde as "coisinhas" ficaram.

Mais tarde, não queria, mas os amigos insistiam: "vai, vai, vai buscar suas coisas". E foi. Foi também à Superintendência e aconselhado, "com um jeito delicado" a deixar para lá...

Há reparação para uma afronta desse porte? Um homem foi ferido no que tem de mais sagrado, sua alma! Aquelas duas "cacetadas" não doeram nas costas ou no braço esquerdo, onde ainda restava um hematoma, quando o vi, rasgaram-lhe as entranhas e lhe acrescentaram a descrença e a desconfiança que nutre pelos homens.

Um processo penal punirá o agressor? Absolutamente, não. Talvez uma indenização lhe suavizasse a mágoa como acontece nos Juizados Especiais. Já vi. As vítimas saem de lá mais leves.

Pena que não se aplica no juízo militar.

Praza aos céus que o quanto antes esses cidadãos entendam que os demais são tão cidadãos quanto eles, que lhes compete proteger, jamais, maltratar quem quer que seja.

Deus não gosta! mas não goooooooosta mesmo!!!



sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

CASA ARRUMADA

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa
entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um
cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os
móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras
e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições
fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca
ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

BIG (GRANDE) BOTHER (IRMÃO)

BIG BROTHER BRASIL UM PROGRAMA IMBECIL.

Autor: Antonio Barreto, Cordelista natural de Santa Bárbara-BA,
residente em Salvador.

Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão 'fuleiro'
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, 'zé-ninguém'
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme 'armadilha'.

Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Da muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
 Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério - não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os "heróis" protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
"professor", Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos "belos" na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos "emburrecer"
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados

Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal.
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal.

FIM

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

ASSIM É QUE SE FAZ

A Justiça pode ser terna e bela...
Decisão do Desembargador  José  Luiz  Palma  Bisson, do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferida num Recurso de Agravo de Instrumento ajuizado contra despacho de um Magistrado da cidade de Marília (SP), que negou os benefícios da Justiça Gratuita a um menor, filho de um marceneiro que morreu depois de ser atropelado por uma motocicleta. O menor ajuizou uma ação de indenização contra o causador do acidente pedindo pensão de um salário mínimo mais danos morais decorrentes do falecimento do pai.

Por não ter condições financeiras para pagar custas do processo o menor pediu a gratuidade prevista na Lei 1060/50. O Juiz, no entanto, negou-lhe o direito dizendo não ter apresentado prova de pobreza e, também, por estar representado no processo por "advogado particular". A decisão proferida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo a partir do voto do Desembargador Palma Bisson é daquelas que merecem ser comentadas, guardadas e relidas diariamente por todos os que militam no Judiciário.

 Transcrevo a íntegra do voto:

"É o relatório.
Que sorte a sua, menino, depois do azar de perder o pai e ter sido vitimado por um filho de coração duro - ou sem ele -, com o indeferimento da gratuidade que você perseguia. Um dedo de sorte apenas, é verdade, mas de sorte rara, que a loteria do distribuidor, perversa por natureza, não costuma proporcionar. Fez caber a mim, com efeito, filho de marceneiro como você, a missão de reavaliar a sua fortuna.

Aquela para mim maior, aliás,  pelo  meu  pai  -  por  Deus  ainda  vivente e trabalhador - legada, olha-me agora. É uma plaina manual feita por ele em paubrasil, e que, aparentemente enfeitando o meu gabinete de trabalho, a rigor diuturnamente avisa quem sou, de onde vim e com que cuidado extremo, cuidado de artesão marceneiro, devo tratar as pessoas que me vêm a julgamento disfarçados de autos processuais, tantos são os que nestes vêem apenas papel repetido. É uma plaina que faz lembrar, sobretudo, meus caros dias de menino, em que trabalhei com meu pai e tantos outros marceneiros como ele, derretendo cola coqueiro - que nem existe mais - num velho fogão a gravetos que nunca faltavam na oficina de marcenaria em que cresci; fogão cheiroso da queima da madeira e do pão com manteiga, ali tostado no paralelo da faina menina.

Desde esses dias, que você menino desafortunadamente não terá, eu hauri a certeza de que os marceneiros não são ricos não, de dinheiro ao menos. São os marceneiros nesta Terra até hoje, menino saiba, como aquele José, pai do menino Deus, que até o julgador singular deveria saber quem é.

O seu pai, menino, desses marceneiros era. Foi atropelado na volta a pé do trabalho, o que, nesses dias em que qualquer um é motorizado, já é sinal de pobreza bastante. E se tornava para descansar em casa posta no Conjunto Habitacional Monte Castelo, no castelo somente em nome habitava, sinal de pobreza exuberante.

Claro como a luz, igualmente, é o fato de que você, menino, no pedir pensão de apenas um salário mínimo, pede não mais que para comer. Logo, para quem quer e consegue ver nas aplainadas entrelinhas da sua vida, o que você nela tem de sobra, menino, é a fome não saciada dos pobres.

Por conseguinte um deles é, e não deixa de sê-lo, saiba mais uma vez, nem por estar contando com defensor particular. O ser filho de marceneiro me ensinou inclusive a não ver nesse detalhe um sinal de riqueza do cliente; antes e ao revés a nele divisar um gesto de pureza do causídico. Tantas, deveras, foram as causas pobres que patrocinei quando advogava, em troca quase sempre de nada, ou, em certa feita, como me lembro com a boca cheia d'água, de um prato de alvas balas de coco, verba honorária em riqueza jamais superada pelo lúdico e inesquecível prazer que me proporcionou.

Ademais, onde está escrito que pobre que se preza deve procurar somente os advogados dos pobres para defendê-lo? Quiçá no livro grosso dos preconceitos...

Enfim, menino, tudo isso é para dizer que você merece sim a gratuidade, em razão da pobreza que, no seu caso, grita a plenos pulmões para quem quer e consegue ouvir.

Fica este seu agravo de instrumento então provido; mantida fica, agora com ares de definitiva, a antecipação da tutela recursal.

É como marceneiro que voto.

JOSÉ LUIZ PALMA BISSON                                                                  Relator Sorteado
 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

SOFRIMENTO E PAZ

Em seu livro “Forças da decadência”. Frei Ignácio Larragnaga fala ao mesmo tempo de sofrimento e paz.
Diz-se que o sofrimento passou a fazer parte da história humana pela incapacidade do homem e da mulher em lidar consigo, com suas fraquezas, sua impotência; em não se deter perante a dor, ou ficar curtindo-a, julgando-se incapaz de ressurgir dela.
Já teremos ouvido alguém dizer, nós mesmos talvez tenhamos dito: enquanto houver alguém sofrendo ao meu lado, não tenho direito de pensar na minha felicidade.
Frei Ignácio ensina o contrário, pois só os amados amam, só os livres libertam, mas os que sofrem fazem sofrer.Os semeadores de conflitos na família ou no trabalho são sempre espinho e fogo para os outros, porque estão em eterno conflito consigo mesmos.
Dá para entender? Significa que não temos condição de fazer alguém se libertar de quaisquer condições em que se encontre se não formos livres.  A única maneira de amar o nosso próximo se traduz em nossa auto reconciliação. Não é verdade que de verdade alguém ama mais outra pessoa do que a si mesmo. Isto não é possível e se acontece, o amor é amor errado e amor errado, claro, não dá certo.
O ideal do amor é amar o próximo como a si mesmo. A medida, portanto é o a SI MESMO, eu mesmo, antes que o próximo.
Quando alguém não se ama de verdade e corretamente, acabará que tudo dará errado.
....
É certo que é um tema para muita reflexão e aqui não se esgota. Quem sabe continuemos.

domingo, 8 de janeiro de 2012

ROSEIRAIS FRANCESES


Mais que simplesmente um e-mail entre tantos. Veio de Ceci, eu sei quem é Ceci. Clico, comando abertura e ecoam aos meus ouvidos uma das mais belas melodias selecionadas pelo meu particular gosto, Fascinação. Foi o que primeiro percebi, apesar do bailado de rosas que ao descerrar como de cortinas, na tela se iniciou.  
E simplesmente, quedei em contemplação: sonhei os sonhos mais lindos diante de tantas cores convertidas em grandes arcos que como se detivessem a leveza de pássaros, deixam-se suportar pelos ventos e vagam na amplidão, deliciando-se  simplesmente em fazer entre o que melhor sabem, voar.
Enquanto os arcos se convertiam em outras formas, com elas ergui castelos tendo como componentes apenas quimeras mil que embora abstratas penetraram pétalas a dentro de cada rosa e as impulsionavam a desenharem-se em caminhos por onde não tardo a ingressar  castelos recém erguidos
Ao divisar no lago a projeção das rosas que lhe formaram cílios, a sensação é de que se converteram em milhões de olhares atônitos e ao mesmo tempo transbordantes. Acontece exatamente, quando possuída de sofreguidão, a sensação que me domina é de que previ e encontrei multidões e inundam-me emoções.
É muito gosto cultivar flores, apesar de saber da brevidade do tempo de suas vidas e o quanto são frágeis ante intempéries ou fenômenos estranhos que as impactem. O espaço deve ter extensão expressiva ante a quantidade de cada espécie e a variedade de formas e de cores, da multiplicidade de desenhos feitos na terra e a tanto quanto chegam em altura, no espaço.
Como não parar, como não se deter em contemplação no que se mostra em toda plenitude, sem exibição, não espera aplausos, não verte  uma única  lágrima no adeus.
A música continua e lhes repito como são lindas, são luz, e sedução. Surpreendo-me ao divisar minha mão que desliza sobre uma folha encontrada casualmente, compondo um poema não ouso dizer divino, mas certamente cheio de esplendor.
Não importa que sejam rosas francesas, ou tenham qualquer outra nacionalidade. Se uma rosa já é capaz de admiração e após colhida, aposta em lugar de destaque é porque provoca sorriso que prende fortemente, inebria intensamente e assim entontece.
O belo é sempre assim, é fascinação, é amor!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

NOSSO CANSAÇO A OUTRO DESCANSE

A convivência humana requer sabedoria e disponibilidade.  Sabedoria para conviver com diferenças, para aceitar a maneira de ser do outro, ter habilidade com agilidade de assimilar por exemplo, o lugar do outro e interpretar sua ação ou reação como se fosse nossa, como se fôssemos nós os protagonistas daquele seu agir.  
Disponibilidade que é mais que ir ao encontro para prestar os serviços que nos forem solicitados, prevenir, prever, saber qual é a necessidade que o outro tem para que ao nos dispormos a tal serviço, já levemos a solução do que for sua angústia ou esperança.
Esses são sentimentos que sempre predominaram no espírito de Maria e tão bem manifestados naquelas bodas em Caná da Galiléia, quando, sem que ninguém lhe tivesse pedido nada, ela intervém junto ao Filho para que os noivos fossem poupados do vexame iminente que os rondava.
Ter tal percepção é ser capaz de saber que a medida do serviço ao próximo é um servir sem medida, é estar ao lado, é fazer com que “nosso cansaço o outro descanse”.
Maria foi capaz de tudo isso, O Deus de Maria é o Deus que reconhece a humildade de quem se sente servo e não se opõe, quando Deus intervém em sua vida, no particular de sua história.
Apressemos o passo e façamos por onde nos recompensar pelo tempo perdido e nos esquecemos que é quando desviamos o curso da nossa estrada que enveredamos por caminhos onde o Deus de Maria não está.

Do programa Cinco Minutos com Maria.
Rádio América AM 690

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

LITURGIA DO SILÊNCIO


Quando disseste, vou-me,
Pedi que ficasses!
Por que deves partir,
se aqui tens a paz
ardentemente sonhada?

Não turbarei teu sono,
não te interromperei o sonho
Imerso nos acordes
inebriantes de uma canção
mergulhando no silêncio
que dali me vem e
que contigo partilharei...

Do mato, vinha todo perfume
que tangido por forte chuva
não pudera conter.

Uma brisa mansa
distanciava o calor
deixando apenas suave frescor.

Batido pela brisa.
salpicado pela chuva,
cantava-me o coração
e era indizível
os acordes e momentos
brotados da mais perfeita
liturgia do silêncio.

2004

Você sabia?  A crônica mais lida em 2011 foi NOME DE CASADA.