
Entrei no meu carro, liguei
o GPS e peguei a estrada. Como nem sempre confio no aparelho, vendo outras
indicações com o mesmo nome da praia do meu destino, enveredei por outros atalhos,
só dava errado. E pensar que já me dirigia para lá, pela segunda vez. Sou assim
mesmo, de vez em quando, prefiro caminhos mais longos...
Enfim, depois de avisá-la
por telefone, cheguei e fui recepcionada sob risadas da minha amiga que se
divertia com, tenho que confessar, minha incompetência direcional.
Tudo bem,
beijinhos, abraços. Claro que ao seu lado, estava, como sempre sorridente e
igualmente acolhedor, o marido, Tatá como ela o chama.
Com Lu, a conversa pode
girar desde filosofia, computador, crônica ao mais comum do dia a dia. Podemos
conversar sentadas, mas circulamos pela casa, pelo jardim e pelo quintal, onde
eles têm um pouco de várias coisas.
- Vamos fazer uma
limonada! E ai entra tarefa de competência do Tatá que pega uma escada, sobe,
enquanto Lu, com uma mão o segura e com a outra, a escada. Limões suficientes
para o momento, ele não desce sem antes dar uma balançadinha como se fosse
cair, sob os protestos dela. Mas isto não é nada. A cada hora ele apronta
alguma. Dificilmente diz coisa, sem uso de engraçadas metáforas. É seu modo de
ser, melhor, de viver.
Estoura uma quase
espumante. Mesa posta, vamos almoçar, uma comidinha super gostosa e saudável. A
conversa rola e mesmo depois, ainda ficamos à mesa. Tatá tirou os pratos e nada
menos se põe a lavá-los na pia da cozinha. Logo em seguida, tudo estava na mais
perfeita ordem.
Antes já me dera uma aula
de como obter roupas mais limpas, usando a máquina.
Ali naquele aconchego
amigo, eis que o moço entra apressado pela porta de trás: cadê a máquina? cadê a máquina? Ela: tá aqui. Ele pega sempre apressado e sai. Lu me explica que ele
estava querendo fotografar um passarinho muito bonito que os andava brindando
com sua visita. Depois de alguns poucos minutos aparece perguntando:
- Como é o nome daquela
coisa, símbolo do comunismo?
- Foice, responde Lu.
Pois é, foi-se (o
passarinho foi-se)! E eu soltei mais uma gargalhada, outras a precederam, sempre
com algum lance espirituoso desse amigo legal. Lu carinhosamente o recrimina: “assim Marlusse vai sair daqui com
a barriga doendo de rir de suas palhaçadas”. Na verdade, me divirto.
Que coisa boa chegar na
casa de amigos, circular pela casa, sentir-se inteiramente acolhida.
Que bênção vê-los
sorridentes, se entendendo tão bem, vivendo um para o outro, tão em comunhão de
vida, de objetivos, unidos sem dúvida pelos laços de um forte amor.
Esta até pode ser uma
crônica incompleta, muitas outras coisas poderiam dela constar. Suficiente, no
entanto, para não deixar sem registro um dia bonito de sol, tão perto do
Atlântico que até se poderia ouvir o marulhar de suas águas, entre pessoas
sinceras, sem trejeitos, simplesmente.
Marlusse Pestana Daher, 5 de outubro de 2015 23:31