2013: Centenário de RUBEM BRAGA
O Pavão
Rubem Braga

Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores;
é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão.
Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta, como em um prisma.
O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos.
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos.
De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita
e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar.
Ele me cobre de glórias e me faz magnífico
Rio, novembro, 1958
Simples e ternas. Assim são as lindas crônicas de Rubem Braga.
Texto extraído do livro "Ai de ti, Copacabana", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 149. Agradeço ao Antônio pela lembrança.
Obrigada Eliane Auer que me mandou esta crônica ao apagar das luzes em 2012.
Desejo-lhe igualmente o que há de melhor.
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2013
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