Soraya Tyndall
 |
Elza e os filhos Pedro e José |
evoca lembrança de sua avó,
Elza Cunha
Falar dos meus avós é ter recordações felizes.
Lembro-me de minha
infância em Bocaiuva, onde passávamos férias. A casa da vovó e do Dedén, meu avô, era
indescritível... Resumindo, uma delicia!!! Acordávamos todos os dias, com um
mingauzinho na beirada do fogão, em pratinhos desenhados. Cada um tinha o seu.
Com cuidado, comíamos pelas
beiradas,
para não queimar a boca. O sabor... ahhh.. com gostinho de quero mais, me recordo até hoje.
 |
A casa de tantas lembranças. |
O quintal era gigantesco. Pés de manga, parreiras carregadas
e muitas, muitas plantas, com vasos feitos de cacos de louça pelo Dendén,
(mosaico).
A praça em frente da casa dos meus avós era o ponto de
encontro da criançada. Recordo-me das palmeiras que com a brisa da noite
bailavam à luz do luar. Na mesma praça, havia uma árvore gigantesca, de cuja
copa desprendiam “pequenos piões” que Dendén nos ensinava a girar... era pura
alegria e vejam só, brincadeira de criança que levei pela vida.
Nos passeios de Kombi, eu grudava no vidro da gente, só
para ver os paralelepípedos passarem.
Nosso destino era o mercado para comprar rapadura, requeijão escuro e geleia de
mocotó. Também estava na nossa programação, visita à “Fundação Graciema” para
curtirmos a Banda de Música.
Mas nada era comparado à nossa ida à chácara onde
chupávamos manga até empaturrar... um
sabor delicioso que hoje não
encontramos mais.
Ah! Ir ao encontro do Sr. Gentil, amigo do Dendén,
tamém era destino certo.
Depois que o Dendén e a vovó mudaram para Belo Horizonte, passaram a morar na casa onde
resido até hoje. Recordo-me que no alpendre os netos ficavam em volta da vovó, tirando cabelos brancos
enfatizando sua vaidade.
No almoço, o feijão era para mim o prato principal, ao comer sempre pensava: “como consegue fazer
um feijão tão gostoso assim? (KKK... crianças!).
Aos domingos, era sagrado o encontro da família. A casa
dos nossos avós chegava a ser um cerimonial, onde pai, mãe, tios, tias, irmãos,
primos, prestavam um agradecimento pela oportunidade de estarmos todos juntos.
A casa ficava cheia e era um local de muita alegria. Com isto, carrego o legado
pra a vida: Família é o nosso porto seguro.
Dendén foi embora... e D. Elza (vovó) tornou-se a
matriarca da família. Mulher forte, sensata, generosa, humana, de um coração
enorme. Foi boa filha, irmã, esposa, mãe, avó, bisavó e sogra.
Num mundo em que sempre ouvimos piadas de sogra, nossa
Dona Elza não se enquadrou. Sempre ouvi, vi e senti da minha avó muita
sabedoria. Elogios à minha avó era uma consequência natural. Tive muita sorte
por tê-la por perto, graças a Deus.
Os anos foram passando e a vida nos esvaziou com a
partida de Vovó, mas ela sempre estará entre nós. Tudo nos remete a sua história
de vida, ao seu legado que sempre foi sua memória, onde passado e presente se
misturam.
AINDA FOTOS DO DIA "que se transformou em festa".