sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

SERIA FALSA A ESPERANÇA?

Aconteceu no dia 27 de dezembro p.p. Como é comum, fui a um supermercado para comprar alguma coisa para o lanche com uma das minhas irmãs. Quando estou colocando as sacolas no carro, um daqueles “funcionários” que ficam recolhendo carrinhos, abandonados depois de esvaziados pelos fregueses e ali mesmo deixados,  ao ver meu pequenino Smart, começou a dizer: “ele é bonitinho, que pequeninho, se eu tivesse dinheiro, ia comprar um”.



À esta altura, brotou-me compaixão, comecei a exortá-lo a crer que pode sim, que tenha certeza de que é um vencedor, que pode melhorar sua vida, que... que... que... e o fazia com força à guisa do “Discurso Espetacular” descrito em seu livro por Alessandro Gomes. 

Falei, como gosto de repetir, quando necessário, que venho de família pobre e dos milagres que mamãe fazia tantas vezes, para nos alimentar. Não é que me tenha alongado. Quantas coisas disse também já não sei mais exatamente, só sei que falei com o coração, quis plantar a esperança naquele irmão que o tempo todo ouvia muito atento ao que lhe ia dizendo. No final, dei-lhe um carinhoso abraço, que foi retribuído, enquanto o ouvia agradecendo-me e formulando os mesmos votos de "Feliz Ano Novo".

Mas quando sai dali, fiquei tentando avaliar meu comportamento. Será que fiz mesmo uma boa ação? Alimentei esperança naquele coração que pela aparência nos seus 30 anos, era apenas um recolhedor de carrinhos e tem como recompensa um irrisório salário mínimo? O que terá ficado pensando ou de como galgar uma função melhor, conseguir um outro emprego, com esta carência que temos deles. Como será o futuro, cujo horizonte na minha boa fé lhe descortinei como muito mais promissor. E quando os dias forem passando e nenhuma nova possibilidade não surgir? Que poderá me dizer quando voltarmos a nos encontrar? Ele que deve ficar contemplando outros carros de luxo, naquela garagem. Quando terá dinheiro para adquirir um Smart?

Terei falado de falsa esperança?

Alguém me consolou dizendo: “Deus é a esperança”. E quem não sabe disto? O caso é que Ele não se dá com esta de querer “fazer milhares a torto e a direito”, como muitas vezes ferventemente e até prostrados, imploramos.  

Ele não bota juízo na cabeça de quem escolhe mal seus governantes, não se compraz com quem torce que um, se dê mal, porque não é do seu partido político. 

Quando da sua estadia nesta terra, ensinou a todos em que consiste viver com dignidade, com esperança, com fé. Realçou a atitude dos primeiros cristãos dos quais se sabe que “tinham tudo em comum e não havia necessitados entre eles”.

E ai é que eu penso, quem entendeu bem tudinho foi Nossa Senhora, Ela sim, viveu como Ele mandou. Quanto a nós, criemos juízo, ponhamos na cabeça que somos responsáveis pelo alcance da vida em abundância que Jesus veio trazer, em nosso favor e de todos os nossos irmãos, nenhum excetuado.                                                                                  


Escrito 27/12/2019 00:27