domingo, 27 de outubro de 2019

JUSTIÇA SOCIAL


O clamor por justiça brota não só da ocorrência de um fato delituoso: homicídio, assalto, seqüestro ou qualquer outra conduta socialmente reprovável, já prevista em lei, mas da constatação arregaçada de como não somos todos livres e iguais, como há diferenças a nos dividir em classes e quanto são mentirosas as políticas que fingem resolver problemas, quando não passam de meros paliativos, momentâneos e escravizadores, que resultam em reverência servil e dependência eterna de quem recebe a esmola em relação a quem a dá. 

Não tive a menor dúvida, muito antes da campanha eleitoral, de que o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva se reelegeria como Presidente da República. É praticamente impossível, vencer alguém que passa quatro anos, (tudo bem, três anos e meio) no mais alto topo da mídia, proclamando as próprias virtudes, (mesmo que pseudo sejam), divulgando seus feitos, sem que entre na cabeça da maioria que o ouve e vê, que realmente é formidável.

Isto também explica a reeleição do Governador Paulo Hartung.

O que não deve haver, portanto, é reeleição, pois a força do poder atrai e muito, faz invencível quem o detém.

Diante do fato consumado, a opção mais lúcida é sobrepor a cidadania a tudo e fazer com que sua alma, sustentáculo da democracia, dite as iniciativas e atos, a forma com que nos devemos doravante comportar, pois já não somos (gregos), petisgregos ou (troianos) alkiminianos, todos somos brasileiros!

E como brasileiros, devemos querer uma Pátria sempre mais engrandecida e orgulhosa dos feitos – ainda que custe heroísmo – dos seus filhos, de sua gente, de quem a elegeu para transcorrer os dias de sua vida, os que a escolheram, como segunda mãe.

O discurso da igualdade, a miséria, a pobreza, o exílio de tantos da própria terra, ainda que continue vivendo nela, todas as formas de discriminação fizeram nascer no ânimo de muita gente, uma suposta luta em busca de justiça social.
Esta muita gente projetou-se então em direção de quem é por ela vista como responsável pela injustiça, os que não padecem desigualdade, estão distantes da miséria, são ricos e vivem como senhores da terra, não sabem o que é discriminação.
Já afirmara Rousseau (Discours sur l´Origine de l´Inégalité – 1754):  “a natureza estabeleceu  igualdade entre os homens e eles estabeleceram a desigualdade”. Malgrado nosso,  “este mito virou um dogma falso”. 

Constata-se que quem se dispõe a buscar supostas soluções prefere partir de onde o fato está e dali, prosseguir a caminhada. Não há efeito sem causa e a causa não é buscada para a consecução de um plano de ação que antes examine os precedentes à luz do Evangelho, sobretudo, da boa doutrina, de quantos já provaram suficientemente, que são capazes de conduzir uma ação, e dos que pelo próprio Jesus a tanto foram destinados. 

Nem se olvide que a inveja pode ser a principal mola propulsora associada a tal pseudo vontade de fazer justiça. Como afirma Eduardo O. C. Chaves: “A inveja tem sido associada, historicamente, tanto ao sentimento de tristeza que a felicidade dos outros causa ao invejoso, como ao sentimento de alegria que este sente ao ver a infelicidade, o infortúnio, a miséria, daqueles que inveja.... O sentimento de inveja, não importa sua variante, jamais é admitido como tal: é sempre ocultado, dissimulado, mascarado de algum outro sentimento”. 

No seio da própria Igreja Universal-Católica e Apostólica, ventos de mau agouro, vozes estridentes se encarregam de não somar e até de dispersar forças. O “quem não recolhe comigo dispersa”  é aplicado ao inverso.

Tudo acarretando como conseqüência o distanciamento daquele dia em que “todos verão brilhar a igualdade na terra”, para que sejamos “um só rebanho sob a batuta de um só Pastor”.


Este artigo data do ano 2006.