sexta-feira, 1 de abril de 2016

MARIA, MÃE E PORTA DA MISERICÓRDIA

Maria, Mãe da Misericórdia
Reparemos que a nossa Igreja não inventou uma invocação como tema da Festa da Penha deste ano. Quando rezamos, Salve ó Rainha, acrescentamos em seguida, mãe de misericórdia.
Existe uma íntima relação entre Maria Santíssima, a Mãe de Jesus, o mistério da misericórdia divina e a prática da misericórdia. Maria está desde a sua concepção envolta na misericórdia infinita do Pai, pelo Filho e no Espírito (preservada do pecado e do demônio), ao mesmo tempo em que o seu agir – antes e depois da sua Assunção – está assinalado pelo amor efetivo aos seres humanos (especialmente pelos pecadores e sofredores).   
Em 15 de agosto de 1983, a Igreja Católica aprovou oficialmente, o formulário da Missa Votiva “Santa Maria, Rainha e Mãe de Misericórdia”, o que se constituiu em importante marco para a história de sua veneração – sem nos esquecermos que a 30/11/1980 o Papa João Paulo II na sua Encíclica Dives in misericordia destacou que Maria é a “pessoa que conhece mais a fundo o mistério da misericórdia divina” (n. 9). Anos depois o Catecismo da Igreja Católica (1997) dirá que ao rezar na Ave-Maria: “rogai por nós, pecadores”, estamos recorrendo à “Mãe da misericórdia” (n. 2677).
A invocação “Salve, Rainha, mãe de misericórdia” destaca a qualidade do olhar materno de Maria  quando dizemos: “esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei”, e se conclui com o sentido desta sua misericórdia: “ó clemente, ó piedosa, ó doce, Virgem Maria”.
O título de “Mãe de Misericórdia” se crê que foi dado pela primeira vez a Maria por um santo de nome meio estranho Santo Odão (+942), abade de Cluny. Maria lhe teria dito em sonho e revelou:  “Ego sum Mater misericordiae” (Eu sou a Mãe de Misericórdia),
No mundo oriental podemos encontrar testemunhos ainda mais antigos. O padre oriental da Tiago de Sarug (+521), aplicou a Maria explicitamente o título de “Mãe de misericórdia” (Sermo de transitu), o que é por muitos considerado como sua primeira atribuição em absoluto.


O TÍTULO, MÃE DE MISERICÓRDIA

O título “Mãe de misericórdia” que reconhecemos a Maria se justifica no fato de ela ser a mulher que experimentou de modo único a misericórdia de Deus – Ele a envolveu de modo desde a sua Imaculada Conceição, passando pela Anunciação, como discípula fiel do seu Filho, até o grande momento da Sua Páscoa (paixão, morte, ressurreição, glorificação e Pentecostes). Ela é “cheia de graça”, ou seja, totalmente transformada pela benevolência divina (cf. Ef 1,6).
Maria é a mãe que gerou a misericórdia divina encarnada adquirindo uma relação inimaginável intimidade com o próprio “Pai das misericórdias” (2Cor 1,3). A partir do seu “eis-me aqui” e o seu “faça-se”, a misericórdia divina se faz carne e entra na história!
Maria profetisa, exalta a misericórdia de Deus –por duas vezes, no Magnificat: “a sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem”; “socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia” (Lc1,50.54).
Maria é a intercessora incansável do povo de Deus, a exemplo do que fez quando rogou pelos esposos de Caná. Assunta ao céu, Ela “continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna”,  praticando assim a misericórdia, sobretudo para com os que padecem dos males da alma (pecadores), mas também do corpo (todos que sofrem).
Maria é a apóstola incansável da misericórdia divina – com permissão e o envio do seu Filho, Maria visitou  seus filhos ainda peregrinos neste mundo, nas aparições (Guadalupe, La Salette, Lourdes, Knock, Fátima etc.), convidando a todos a se aproximarem do “trono da graça” que é o seu Filho. Com o seu coração compassivo de Mãe, não poderia permanecer indiferente às mazelas dos seus filhos neste vale de lágrimas!
A Mãe de Jesus e nossa merece, portanto, ser honrada como Mãe da Misericórdia e Mãe de misericórdia! Ó Maria, Mãe que experimentastes e gerastes a Misericórdia, Mãe que proclamais e exerceis a misericórdia, fazei de nós autênticos apóstolos deste mesmo mistério de amor em nossos tempos. Amém.