Weber José Vargas Müller é membro
das Academias Marataizense de Letras, Letras e Cultura e Guaçuí, da CAPAZZ- Confraria de Artistas e Poetas pela PAZ,
Membro da Academia de Letras de G.
das Academias Marataizense de Letras, Letras e Cultura e Guaçuí, da CAPAZZ- Confraria de Artistas e Poetas pela PAZ,
Membro da Academia de Letras de G.
Ser filho de professora é
muito bom, principalmente no meu caso, em que fui aluno da minha mãe, por dois
anos consecutivos e pude estudar com todos os professores e professoras que ela
mesma escolhia e me matriculava na turma
Exatamente no ano de 1980,
ainda aluno na Escola de 1º. Grau “Antonio Carneiro Ribeiro”- Colégio Estadual,
deparei-me com inúmeros professores, dedicados, zelosos, porém fora amedrontado
pelos alunos mais velhos e de séries mais adiantadas de que eu não gostaria de
estudar com uma determinada professora porque ela era brava demais, exigente, severa, rígida e eu
iria passar muito aperto. O desafio estava lançado. Minha reação inicial fora a
de pedir à minha mãe para me transferir de sala, querendo logo fugir dessa
“cascavel”, procurando o caminho mais fácil, quer seja , o de livrar-me e estudar
com um professor menos exigente. Minha mãe, com sua sabedoria magistral, tino
de educadora e astuta, foi logo
dizendo-me que nem sempre o caminho mais fácil é o melhor. Advertiu-me e
desafiou-me a enfrentar a professora, procurando me empenhar , estudar e mostrar
a ela que quando nós queremos, nós podemos e conseguimos vislumbrar sucesso, independente de quem seja
o nosso mestre. Assim o fiz. Fiquei, a contragosto, naquela turma e fui, pouco a pouco, me encantando e fascinando pela tão temível professora de Língua
Portuguesa. Não perdia uma palavra, um
gesto, um detalhe sequer de suas aulas. Tomava nota de tudo o que ela falava,
registrava seus comentários, fazia todas as tarefas, copiava tudo o que ela
escrevia e passava como exemplos no quadro-negro e fui, a cada dia, me aliando
à mestra, desmistificando essa figura horrenda que havia sido formada em minha
memória. Construí no meu coração uma nova imagem: o de uma mulher rígida, porém
doce. Uma imagem de uma mulher brava e ao mesmo tempo carinhosa. A figura de
uma professora que destruía o aluno, foi
posta por terra e ergui uma imagem de uma professora construtora de castelos e admiradora de todos
os talentos edificados por ela. Essa imagem foi me proporcionando o amor pelas
letras e pela sua maestria como
educadora, terna e eterna em minha vida. Recordo-me de suas aulas de gramática,
à luz dos ensinamentos de Domingos Paschoal Cegalla, onde viajava por horas em
suas lições e socialização de conhecimentos
incorporados por sua vivência em sala de aula. Conclusão: aquela
cascavel não era venenosa, nem tampouco ameaçadora. Era sim uma ourives que lapidou pedras brutas e nos
transformou em joias de pessoas, homens responsáveis, comprometidos e
verdadeiros cidadãos. Seus saberes iam
além dos parâmetros curriculares exigidos. Ela não se prendia a métodos e paradigmas,
ensinava-nos a ser estudantes, pois sempre dizia que essa era a nossa profissão
e devíamos exercê-la com dedicação e compromisso. Jamais esquecerei de uma
grande lição deixada por ela. Numa de suas aulas, de interpretação de texto, em
que líamos silenciosamente o texto e depois era feita uma leitura por vozes
alternadas. Durante a leitura silenciosa, deparei-me com uma palavra
desconhecida e perguntei a ela o significado e a professora , sem titubear,
respondeu-me. Prossegui a leitura e novamente outro vocábulo tornou-se pedra no
meu caminho. Perguntei à professora o significado e percebi que aquilo começara
a tirá-la do sério , mas mesmo assim respondeu-me, com exatidão. Ao dar
sequência à leitura, mais uma vez me vi obstaculizado por uma palavra
desconhecida , não me hesitei e fui logo perguntando:
- Professora, o que
significa Grão-mestre? Ela retirou os
óculos, olhou-me com uma expressão severa , respondeu-me o significado . Aquele
olhar tinha a intencionalidade de
fazer-me parar de perguntar e apenas fazer a leitura silenciosa. Mas eu não
poderia continuar a ler, se eu não soubesse o significado de vocábulos, pois
assim não conseguiria depreender do texto a mensagem desejada e, certamente, não
haveria comunicação alguma.
Como aluno crítico e
sempre questionador que fui, atrevi-me a perguntar à professora o feminino de
grão-mestre, porque fiquei pensando: a
professora não pode ser grão-mestre....O que ela será?
Não imaginem vocês a
reação da professora.... Respondeu-me: Grã-mestra!!!! E disse-me mais: de hoje em diante, nunca
mais pergunte a professor algum o significado de uma palavra. Todas as vezes
que você se deparar com algum verbete que desconheça, consulte o dicionário.
Se não encontrar o que deseja, consulte alguém mais experiente, mais sábio.
A resposta veio-me à ponta
da língua imediatamente:
- É o que tenho feito,
Grã-Mestra, desde o início da aula!!!!!
Essa Grã-Mestra, é minha
querida, amada, entusiasta e incentivadora Comendadora Ivanete da Silva Glória
Dalmácio, ou, essencialmente, IVANETE GLÓRIA!
Esta crônica, valeu ao autor o titulo de Melhor Cronista, pela Academia de Goiás, com a outorga da Comenda
Palma Dourada.