quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

CONFORMAR-SE É MORRER

Escrevi este artigo há mais de dezessis anos,
minha sensação é de tê-lo apenas terminado. 
        

A vida sempre se encarrega de nos oferecer  oportunidades de voltarmos a nos surpreender, por exemplo, ao constatar que há quem seja capaz de partindo do absolutamente nada, dirigir acusações infundadas a outrem, infligir maus tratos,  pior ainda, torturar. 

Na Auditoria Militar, foi ouvido o depoimento de uma vítima, demonstrando o resultado deprimente do quanto pôde ser aniquilada e como conseqüência ter perdido todas as forças de ainda acreditar que haja esperança, de que possa ser diferente nesta terra. No final, não obstante sua infinita simplicidade e detenção, de poucas letras, presenciamo-la se refugiar na certeza da existência de Deus e afirmar que Sua justiça sim, não falha! 

Revelou com minúcias tudo, mas recusou-se a assinar o termo, afirmou que de nada adiantaria.  Ante os argumentos que usava, quando foi tentado convencê-la de que o fizesse, vergaram-se todos, só restando “engolir em seco”, o seu protesto. Tem toda razão. Dois anos depois, seus algozes ainda não foram punidos.

Terminada esta cena, (não sua lembrança), uma jovem advogada vem ter comigo e pedir apoio para resolver um problema sério. Impetrara um Mandado de Segurança em favor de um seu cliente e não obstante tê-la conseguido, mediante sentença, a autoridade coatora, recusa-se a cumprir a ordem. Já se dirigira a todos quantos é possível e atônita, vê os dias passarem sem que a solução que urge, venha.

Como se diz frequentemente:  as coisas estão piorando  a cada  dia. E como é grave!

Fica muito difícil conviver num mundo em que a crise de autoridade se demonstra de tal forma sensível e palpável.  O suceder de tais fatos  somado à  leitura de um artigo de Nicolau Sevcenko, que acabou de publicar “A corrida para o Século 21”, me levou à busca do panfleto “A Desobediência Civil”, escrito de Henry D. Thoreau (1817-1862). Nele, Thoreau, que inspirou a luta anticolonial do Mahatma (Grande Alma) Ghandi” “firmou seu pensamento político e resumiu sua proposta  de  “resistência não violenta”,  o anseio de “não se conformar nunca, porque conformar-se é morrer”.

Conformar-se é morrer me vai repetindo uma voz lá dentro...

Já é bastante grave a situação em que nos encontramos. Mas é absolutamente certo que ainda podemos reconstruir. Disponhamo-nos a remover os destroços.

Uma grande iniciativa passa, por exemplo, pelo dar vida às universidades, motivando seus docentes. De tal forma, que o entusiasmo pelo que é o ambiente onde militam, retenha-os entre seus umbrais durante todo o tempo que for de trabalho.  Igual tratamento seja dispensado a todas as escolas indistintamente, desde a pré. 

Um povo educado será um povo mais esclarecido e  tangido por todas as veras da própria alma saberá responder ao convite feito pelo poeta à criança, mas  que se  pode  estender a todos os demais:  imita na grandeza, a terra em que nasceste!
        Marlusse Pestana Daher
        A GAZETA 26/11/2001





domingo, 27 de janeiro de 2019

BRUMADINHO: O QUE QUEREMOS?



Propagação da lama
Tristeza é isto, estarmos sofrendo consequências da irresponsabilidade do mal cumprimento do próprio dever por parte antes de tudo da humanidade egoísta e indiferente que constituímos, se estamos bem e  nem precisa de tanto para a maioria, chegamos a ser capazes de nos entregarmos ao comodismo. "Tô numa boa, o resto que se dane".

Em seguida,  desses órgãos ambientais, cujos funcionários (pode ser pela falta de recursos e meios de ação, não excluo) que não vigiam ou se deixam corromper pelo dinheiro da ganância, que recebem como propina, das empresas que carecem de vistorias frequentes e diferentes licenças ambientais para funcionar sem que tenham para tanto, as necessárias condições. 

O capital é o deus que adoram. O lucro é a grande meta, expondo a saúde, a vida de milhares de pessoas cujos ancestrais já se encontravam onde elas (as empresas) vêm se instalar e permanecem sem a necessária vigilância a encher os bolsos, pouco se importando com o que for, ou com quem quer que seja. O egoísmo é um mal que não tem tamanho.

Muito bem, a Vale só de início já teve seis milhões de reais bloqueados para reparação de danos, parece muito, mas não é nada porque não repara a dor da morte, quem passa por tanto aperreio não pode esquecer. Pode ficar traumatizado pelo resto da vida e passar tal sentimento para a inteira família. Aprendi que quando há crime é necessário examinar minuciosamente a conduta de quem o praticou.  E deve ser buscado o contexto em que se deu ou quem concorreu para ele. A isto se chama coautoria, deve, portanto responder criminalmente pela sua concorrência criminosa, pelos males causados, quem deixar de cumprir o seu dever na forma da lei. Funcionários omissos comprometem a administração pública e a máquina estatal desanda, emperra e não há progresso. 

É unanimidade entre as pessoas que pensam, concordo totalmente com elas, que a falta de educação compromete tudo. Criança, adolescente, jovem, deve estar na Escola. A lei da educação tem que ser posta em prática, os professores devem estar motivados para o trabalho, sem que tenham de se subtraírem a ele com pensamentos que geram tanta preocupação, muitas vezes  a começar por interrogações como: será que o salário vai dar para passar o mês? Pior ainda quando está atrasado. 

O salário não se pode constituir em motivo de desentendimentos familiares. Um filho nunca deveria ver seus pais discutirem, quanto mais as mães sofrerem violência por parte de homens que pensam que elas são propriedade deles e não companheiras de suas vidas.

Para que as coisas deem certo, sociedade e família, é preciso que tudo esteja em seu lugar. Muitos desses poderosos que ai estão, possivelmente, jamais foram treinados para ser gente, para respeitar a dignidade alheia, saber que onde quer que estejam, tem quem está em sua volta e não lhe deve subtrair o espaço.

Barbaridade! as cicatrizes criadas pelo desastre de Mariana ainda estão abertas e a Vale é responsável, porque a Samarco é só um braço dela, e novas feridas foram aberta com o caso Brumadinhos MG. Mais uma vez a Vale a Vale como responsável.

Valha-nos Deus, valha-nos sim, mas não basta apenas o clamor deste grito, Deus quer seus mandamentos respeitados, quer que nos amemos uns aos outros como somos por Ele amados. Sem Ele nada somos, nada podemos, nada valemos. 

Ou nos unimos ou findamos por ir todos “para o brejo”. É isto que queremos?

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

É INCRÍVEL? MAS ACONTECE


Como sabem estou volltando ao meu programa na Rádio América, com o título CAMINHAR COM MARIA,  mais votado no face.  Já lhes falei do assunto, mas acrescentei. Será depois da Santa Missa celebrada diariamente na Catedral, ao meio dia.


FAÇA JUSTIÇA, SENHOR! 
                  

Foi um jornalista chamado Paul Rafaelle, experiente em observação de povos isolados, que depois de conviver duas semanas com os Indios Suruwahás, no sudoeste do Amazonas, fez a incrível denúncia, realizando um documentário. Ele voltou ao Brasil a convite da Comissão presidida pelo ex senador Magno Malta. Contou como bebes vivos eram/são deixados na selva à mercê de animais selvagens, ou enterrados vivos. E gritou: “Acordem, tentem salvar esses índios bebês. Crianças têm sido mortas do modo mais terrível. (…) Já cobri cerca de duas mil histórias e certamente essa é  uma das mais importantes de toda a minha carreira”.[i] Importância pela relevância do tema.

Vê-se na filmagem um índio inteiramente nu, cavar uma cova rosa, colocar ali uma criança que é por ele pisoteada, logicamente porque institivamente, procurava sair. Ainda bem que parece que conseguiu com auxilio de outra criança que usava as próprias mãos pra retirar a terra. Ouve-se na gravação um falatório (na língua deles) e uma figura de mulher. Seria a mãe que não defendeu o filho?

Já do Estado Islâmico chega notícia de que um menino órfão, de apenas onze anos, com fome, tentava vender uma bateria que fora furtada.  O homem a quem ele ofereceu o objeto contou aos Justiceiros que em plena praça, solenemente, portanto, amputaram sua mão direita.

Mas é possível que nestes dias, neste hoje, aconteçam coisas semelhantes? Acontecem, caro ouvinte. Não consigo esquecer aquela mãe que me procurou no fórum de Campo Grande e me contou que dois homens entraram em sua casa, pegaram seu filho que ainda dormia e saindo jogaram o rapaz de qualquer jeito por cima de uma pequena cerca que eles pularam. A esta altura quem já não estaria  acordado? Levaram para um campinho que existia por perto e “de sua casa só ouviu tiros”, não soube dizer quantos.  

Isto não é amor, isto é ser insensível, cala a própria consciência e o próprio coração que fica repetindo, tá errado, tá errado, não faça isto, mas se faz e sai-se às vezes sem pressa, como se nada tivesse acontecido. Fala-se que assim agiu o homem que matou recentemente, o ex-governador Gerson Camata. 

Aprendamos e vivamos o ensinamento de Jesus. Conta-se que o apóstolo João, aquele a quem Jesus confiou os cuidados de sua mãe, já bem velho, sem força para lutar pelos ideais cristãos com o fio de voz que lhe restava, repetia: " Meus filhinhos, amai-vos uns aos outros ". Foi o único dos doze apóstolos que morreu de morte natural, os demais foram brutalmente assassinados. Não valorizamos e deveríamos ao invés imitar,  esses baluartes da luz, que com o sacrifício de suas vidas, mudaram o mundo e com seus testemunhos, fizeram o cristianismo vingar”.



[i] O jornalista, que possui vasta experiência na observação de povos isolados, conviveu durante duas semanas com os índios Suruwahás, no sudoeste do Amazonas, para produzir o documentário Amazon’s Ancient Tribe – First Contact. Ele disse que  presenciou rituais em que bebês indígenas eram enterrados vivos ou deixados na selva à mercê de animais selvagens. Raffaele expressou sua indignação: “Acordem, tentem salvar esses índios bebês. Crianças têm sido mortas do modo mais terrível. (…) Já cobri cerca de duas mil histórias e certamente essa é uma das mais importantes de toda a minha carreira”, disse ele em declaração ao portal Fé em Jesus. (https://cleofas.com.br/).




domingo, 13 de janeiro de 2019

MARIA VISITA ISABEL

Da cepa brotou a rama,
Da rama brotou a flor,
Da flor nasceu Maria,
De Maria, o Salvador.



Baseado em Lucas, 1,16 ss.

Na liturgia da Palavra do domingo, 23 de dezembro de 2018, a passagem narrada pelo Evangelho como antes nunca, me tocou profundamente.  E sou levada a fazer o que agora faço, escrevo,  mas é a conclusão à qual cheguei e revelarei no final, que se constituiu no objetivo, na associação que fiz entre aquele e os outros momentos que poderiam estar acontecendo em vista das causas ou situações que cotidianamente, vivenciamos.  

Embora sempre implorassem juntos ao Senhor o advento de um filho, penso que de certa forma entendiam, que o tempo de Deus não é o nosso, sabiam que os pensamentos de Deus não são os nossos. Os planos de Deus estavam bem traçados, o filho que gerassem, seria precursor do Messias cuja chegada era estimada para a “plenitude dos tempos” o qual ainda não chegara. A pobre Isabel provavelmente terá provado uma certa humilhação perante o marido, personagem de destaque, fazia parte da equipe dos sacerdotes de Abias.

Competia a eles oferecerem os sacrifícios e holocaustos a Javé, únicos autorizados a entrar no “santo dos santos”. O povo permanecia na área externa do templo. Era assim o rito litúrgico à época. Mas o que me faz refletir melhor, no entanto, foi pensar o quanto era feliz a Virgem Maria, “bendita entre todas as mulheres ... porque acreditou nas coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas”,  que, ao invés de se orgulhar por ter sido escolhida pessoalmente por Deus para protagonizar o  fato mais importante, eficaz e duradouro pelos séculos e séculos sem fim, “conceber do Espírito Santo e dar a luz, o Filho de Deus que se fazia homem, para salvar a todos”. Considerou como pura misericórdia o ato de “o Senhor olhar para a humildade de sua serva”. E a salvação compreendia a geração que já passara, da que vivia, e as futuras, hoje, e os que ainda estão por vir.
Anunciação

Tudo se deu enquanto no silêncio – diz-se que foi encontrada ajoelhada - se entregara a oração. Absorta na contemplação dos mistérios abissais de Deus, tem sua atenção desviada para improvisa aparição de um Arcanjo que se apresentou como emissário do senhor para revelar-lhe uma missão a cumprir e para tanto, obter seu consentimento livre, no uso da  liberdade da qual o mesmo Deus dotou todos os filhos seus.

A saudação tinha caráter absolutamente insólito e ao mesmo tempo      exclusivamente usada em relação a ela, não pelo interjetivo. “salve”,  mas pelo que foi acrescentado a seguir: “cheia de graça”.

Ave! Salve! Olá! Shalon! Tudo bem? Como vai? Nada disto, mas “cheia de graça”. Realidade extraordinária e que além do mais só a ela foi  dirigida por ordem e desígnio do que governa terras, mares e céus.

Mas é natural que quisesse um esclarecimento: “como se dará isto”? O Arcanjo lhe responde: “o santo que nascer de ti, será chamado Filho de Deus”. E nada mais se fez necessário para que generosamente respondesse em promessa que jamais seria descumprida: “eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim, segundo a Sua Palavra”.

Foi desde sua conceição, imaculada, o pecado que “emporcalha” todos os descendentes de Adão e que só pela força do batismo é apagado, não penetrou nela, não a atingiu e quando de Anna e Joaquim foi concebida esta nova vida, cumprido o tempo da gestação, num oito de dezembro, nasceu um serzinho que se chamaria, simplesmente Maria. Seus pais ainda que virtuosos, não tinham olhos capazes de vê-la além da aparência, era igual à, de todo ser humano; ou que, olhando-a divisassem naquela menina alguma diferença ou distinção  de outras, suas coetâneas. 

Mas ao vê-la desenvolver-se, pelos seus gestos, pelo modo com que se expressava o que só se justifica pelo seu ser “cheio de graça,” acabaram por compreender sem que sequer imaginassem o que fosse, que algo de especial havia naquela sua Maria.

Pais verdadeiros em família exemplar estavam sempre atentos, sempre vigilantes em tudo que lhe dissesse respeito. E tão compenetrados da realidade, costumes vigentes naqueles tempos, ainda que fosse tão jovenzinha, não consta que se tivessem oposto ao seu casamento com um homem bem mais velho que ela. De virtudes reconhecidas, mas mais velho e mesmo reunindo as qualidades do que lhe deu o título de “homem justo”, e claro, principalmente, por também ele, ter sido predestinado à missão de Pai putativo do Filho de Deus encarnado. Protagonizavam os acontecimentos, mas era Deus a determinar tempo e hora do que quer que fosse que podia acontecer, sem que disso se rendessem conta, de como se deviam comportar. 

E aconteceu o “arranjo” para as núpcias entre os dois. Mesmo que o período fosse de noivado, fala-se que estavam desposados (uso a expressão para fidelizar a nomenclatura da época) como constam das escrituras.

Imensurável “o silêncio de Maria”. E surgiu um complicador em seguida. Foi promovida a Anunciação, enquanto a fase da vida entre os dois era, como sobredito, o de noivado. E apesar de não lhe passarem despercebidos os sentimentos que perpassavam a reação de José, ainda assim: “conservou no coração as coisas que da parte do Senhor lhe revelara o arcanjo” Não se tratava de algo comum, mas da gestação do verdadeiro Deus, Aquele que ela carregava em seu ventre era Deus feito homem.

Dai foi, como é comum, o surgimento das interrogações. Não podia esconder que estava grávida, “mas como?  de quem”? Não se lê a aflição pela qual certamente passaram seus pais, por não ter condição de negar a verdade que a ninguém passava despercebida e no meio do povo, aquelas “conversinhas fiadas e maldosas”: quem diria hem? Eta santinha do “pau pioco”...[1]  

E o homem justo também foi sufocado pelas indagações, atônito, toma uma decisão extrema, saiu da cidadela em segredo, não tira satisfação, não comenta, não reprova. E começa sua cansativa caminhada, “abandonando-a em segredo”. A certa altura, rendendo-se ao cansaço, se acomoda em algum lugar como pode e dorme. É quando mais uma vez entra no desenrolar dos fatos um Anjo o qual lhe diz: Vai embora não, José, Maria é uma moça honesta, irreprovável, ou mais precisamente, “bendita entre todas as mulheres, receba-a como sua esposa,  pois tudo que aconteceu com ela, foi por obra e graça do Espírito Santo”. Não consta que José tenha proferido a voz, mas com ação imediata, pronuncia seu SIM a Deus e que por  sua vez, não retiraria jamais. Empreende o caminho de volta e esteve sempre ao lado dela, fazendo seu papel de “pai de família” .

Maria enconrta Isabel
Voltando ao que sucedeu no encontro das duas primas destaca-se o fato de que ante a proximidade daquele que precederia e com expressa missão para tanto, confessou-o Isabel, porque foi ela a sentir. Saúda Maria: Javé, meu Deus, o que está acontecendo, que merecimento tenho eu para receber na minha casa, a Mãe do meu Senhor? E disso  não tenho a menor dúvida porque apenas ouvida a voz de sua saudação “o menino exultou de alegria no meu ventre”.

E revelando que não era nenhuma bobinha e que nos seus silêncios sempre meditou sobre as escrituras, Maria entoa o canto que a personificou, tornou-se o currículo de sua vida. A primeira palavra é de gratidão, a segunda de louvor: “minha alma agradece o Senhor, explode de alegria a minha alma em Deus, meu Salvador”.

E tiveram três meses para compartilhar suas vidas, orarem juntas, agradecerem e louvarem os prodígios operados por Deus em suas vidas. E João nasceu.

A conclusão?

E qual foi minha conclusão, e que, eu sei,  não chega a ser novidade? Assim me expresso porque foi como fui dominada durante a reflexão: Deus é absolutamente o Senhor, razão porque “toda língua deve confessar isto, para a glória de Deus Pai”. (Fil. 2,11). Sendo Senhor, é Ele que determina cada momento de nossas vidas, como já dissera Jeremias 1,5: “antes que te formasse no seio de tua mãe, te conheci, antes que dele saísse, te santifiquei e te entreguei para seres profeta das nações”. Não dá para se ter a menor dúvida de que somos absolutamente conduzidos por ele, sempre que escolhemos  a estrada santa, aquela que nem mesmo os loucos ao trilharem-na,  correm o risco de errar. (Is. 35,8).

Nada disso se aplica aos que optam pela prática do mal, por matar centenas e até mais de pessoas inocentes, por atos de terrorismo, pelos ditadores biliardários deixando o povo à míngua, pelo poder e não fazer, pela indiferença frente aos males que acontecem.  “É onde há amor e caridade é ai que Deus está”.

Ele projeta o curso dos nossos dias, tudo que devemos fazer, colocando à nossa disposição as graças para que executemos o melhor dos melhores possíveis, tudo devidamente cronometrado. E ainda mais,  para redimir-nos do pecado permitiu que seu Filho humilhando-se se entregasse à morte na cruz.

E nunca me esqueço do exemplo dado pelo saudoso Pe. Carlos Furbetta, dos Missionários Combonianos, numa aula de religião. “Estamos completamente em Deus. O peixe, por exemplo, vive na água, mas no lugar onde o peixe está, a água não está, mas Deus está dentro de nós, mesmo onde nosso corpo está, Ele está”. Ele sabe tudo a nosso respeito, tudo que tem para nós é concedido no Seu tempo, na Sua hora, como e onde Ele quer.

Se Ele assegurou: “batei e abrir-se vos há” (Mt. 8) ... quando chegar o tempo...
Quer saber mais, confira com o Salmo 138, de Davi.

Marlusse Pestana Daher                                                                               Vitoria, 12 de janeiro de 2019 23:47         




[1] Pau pioco: expressão popular e pejorativa, diria que equivale a túmulo caiado. 



quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

ZONEAMENTO ECOLÓGICO E ECONÔMICO



        Quando do Surgimento da Organização das Nações Unidas, os povos estavam dominados pela ânsia do surgimento de uma nova ordem mundial com foco na economia e na política.

        É consequência lógica que o meio ambiente entrou entre os principais objetos de cogitação, razão porque, dispondo de recursos para serem disponibilizados para as nações que carecessem, o FMI só o fazia, mediante projetos que na sua elaboração tivessem levado em conta os impactos ambientais que causassem.

        O Brasil se inclui entre os países que buscaram esses recursos e como não dispunha de normas reguladoras para a necessária aferição, usava as de caráter internacional, certamente inadequadas aos aspectos particulares da sua natureza.

        Foi sob esse clima, que em 31 de agosto de 1981, era promulgada a Lei 6.938 que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, conceituando, estabelecendo princípios, objetivos, instrumentos, penalidades, seus fins, mecanismos de formulação e aplicação. Instituiu o Sistema e o Conselho Nacional do Meio Ambiente.

        No art 9° a lei enumera seu instrumentos. Todos de fundamental importância.  Quer-se destacar o inc.  II,  porque é ele que trata do zoneamento ambiental.

        Diz por sua vez o art 2º do Decreto nº 4.297/2002, que o ZEE é “instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas; estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida da população”.

        Mas apesar da lei, o Estado do Espírito Santo ainda não procedeu a tal zoneamento, quanto mais, qualquer dos seus municípios, pelo que priva-se o meio ambiente e com ele a qualidade de vida da presente e das futuras gerações.

        Cada vez que os jornais noticiam chegada de empreendimentos no Estado, sinto sobressalto. Sabe-se que os poderosos executivos, quando chegam aqui, já usaram de sofisticados recursos dos quais dispõem, para escolher no nosso território,  a zona que melhor lhes convém. Com promessas de emprego às centenas, impressionam e “devagar, bem devagar, devagarinho”, vão-se aboletanndo e fazem a festa, para a qual os pobres com certeza não são convidados. Este tipo de negócio não contrata quem é mais pobre. Esses não tem qualificação e eles não podem retroceder... mesmo a custa do meio ambiente.

        Chega de faz de conta... “ah mas as condiconantes para o licenciamento são muito fortes...”.  De que adianta, se falta gente para acompanhar seu cumprimento.

        Como a Constituião não exclui-* ninguém, comecemos a cobrar de verdade esta providência. A legislação determina que seja feito.

Não se pode esperar, não se deve esperar.

Marlusse Pestana Daher
Promotora de Justiça

1999