quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

TODOS SOMOS RESPONSÁVEIS

Circulou via e-mail e muitos recebemos o seguinte: “A ONU resolveu fazer uma grande pesquisa mundial, cuja pergunta era: "Por favor, diga honestamente, qual sua opinião sobre a escassez de alimentos no resto do mundo."

        O resultado considerado desastroso ou um total fracasso, revelou que cubanos pediram maiores explicações sobre o que é "opinião"; os europeus desconhecem "escassez"; enquanto  africanos não sabem o que são "alimentos", argentinos ignoram  o significado de "por favor" e finalmente, que os norte americanos perguntaram o significado de "o resto do mundo".  

A mesma pesquisa revelou que no congresso brasileiro ainda está ocorrendo um debate sobre o que significa  "honestamente".

        Galhofando, o criador da idéia ensejou a quantos dela tomaram conhecimento,  reflexão séria sobre realidades concretas e situações que retratam a diversidade de vida que levam os povos em diferentes continentes ou nações.

        Quem não sabe que não obstante as aparências, o regime cubano é mesmo de opressão? que não há unanimidade de europeus que não sabem o que seja escassez.  Que, no entanto, é fato que os africanos carecem de alimentos, pois da Somália, do Sudão e de outras plagas ecoa perene um pranto-lamento de fome, de dor e de muitas  tristezas que só os surdos não ouvem.  Está movido de rivalidade esportiva, quem diz, generalizando, que os argentinos desconheçam “por favor”. Até que são simpáticos! Mas foi com os Estados Unidos que jogou deveras pesado. E muitos perguntam, será que alguém duvida?  

        É invariável que se chegue a uma conclusão: se a realidade com a qual convivemos e que sobre todos nós se reflete assim se mostra, se convivemos com ela, se pouco ou nada fizemos para mudá-la, podemos dizer que nós também não sejamos responsáveis pelos resultados que produzem ou pelas conseqüências que causam? Todos somos responsáveis! 

        Os EEUU não deram início a uma guerra apenas nestes dias. Pelo que são ou como agem, há muito vêm provocando sentimentos de revolta, sensação de injustiça, desejo de vingança e até de provável tentativa de que entendam que já não cabe, no novo mundo em que o mundo se tornou, a presença de um país que ostente tanta fortaleza, retendo nos limites dos seus confins a riqueza que não advém apenas do trabalho de sua gente, mas, por exemplo, dos altos juros cobrados mediante negócios financiados com sua moeda forte, que subjuga outras economias, que se aproveita da fragilidade de outros países para torná-los em seu depósito de lixo ou quem sabe, financia um empreendimento só para poder em contrapartida, gozar do direito de se eximir de responsabilidades comuns. 

        A quem se puder excluir por não ter contribuído de algum modo, para tudo o que está acontecendo, pode atirar a primeira pedra.

Marlusse Pestana Daher
A GAZETA  15/10/01