quinta-feira, 26 de junho de 2014

LEVE MARIA PARA SUA CASA


A festa da Penha chega hoje ao seu ápice. Depois do domingo de Páscoa, quando a terra explodiu em aleluias, anunciando a ressurreição vitoriosa de Jesus, em cada dia  se desenvolveu uma prática particular carinhosamente preparada, fez-se um oitavário.

Catedral ortodoxa de Atenas

Em procissão, em grupos de amigos, com familiares ou sozinhos, a verdade é que todos os que chamamos Maria de Mãe e a queremos como protetora para as nossas vidas, vamos à Penha. Subindo pela ladeira antiga, mais íngrime e mais recolhedora, ou pela nova, mais movimentada, cantando ou rezando, o importante é chegar lá e cumprir nossa particular devoção, com nosso particular modo de ser, com a expressão que particularmente nos caracterizar.

Por que amamos Maria? Uma primeira resposta óbvia é: porque ela é mãe de Jesus e nossa mãe. Não nos detemos, sem profundidade, em considerá-la apenas uma bem aventurada. Maria foi concebida no pensamento de Deus, exatamente, quando  Ele concebeu o plano da salvação para redimir todos os homens do pecado. Seu Filho seria verdadeiramente Homem, logo, carecia do ventre de uma mulher para que se fizesse carne e habitasse entre nós.

E aquela que era simplesmente uma menina soube cumprir em todas as dimensões o papel que lhe foi confiado. Imensamente humana, permitiu ao lirismo de D. Tonino Bello interpretando a afirmação conciliar de que “Maria vivera na terra uma vida absolutamente igual a de todas as mulheres do seu tempo”, poetar assim se exprimindo: “... pode ser que alguém tenha dito: Maria, teus cabelos estão ficando brancos” e na primeira oportunidade ela checou a veracidade do que ouvira espelhando-se na fonte e terá provado a mesma sensação que provam todas as mulheres, quando se apercebem que a juventude se vai’.

No entanto, nem se fez concessões. E quando o Filho morria na cruz ela lá estava de pé. Jesus tinha o olhar turvado, a mente dilacerada pela violência de ter sido pregado pelas mãos e pelos pés, o respiro é sufocado até pela posição imposta pelo patíbulo... mas Jesus é Deus!  E por isto nada O impediu de escrutar o coração de Maria, pois, conhecia seus sentimentos. Ele sabia que Maria estava ali, com a humildade da fé. Jesus leu na alma límpida de Maria e viu que não obstante  a tempestade do Calvário, ela permanecia indestrutivelmente apoiada na certeza de que DEUS É AMOR. Maria vê esse amor, observa com olhos apaixonados de Mãe, O vê pregado na cruz e repete com o mesmo sentimento e a mesma disponibilidade o SIM  translúcido do dia da Anunciação.

E foi naquele momento que Jesus fundou a devoção que hoje se propaga e passa de pais para filhos, devoção a Nossa Senhora, cuja maior expressão reside na imitação de suas virtudes. E vendo ao lado da Mãe o discípulo amado diz: “Mãe, eis ai teu filho”! e olhando para o discípulo: “Eis a tua Mãe”. E daquele momento o discípulo levou Maria para sua casa.

Muitos já fizemos o mesmo, mas há muito a ser feito para ninguém deixe de levar  Maria para sua casa.

2006

quarta-feira, 25 de junho de 2014

A ALQUIMIA DAS PALAVRAS

A interrogação nos dá novas e infinitas prerrogativas, porque ela concede a chance de um eterno recomeçar.


A interrogação nos dá novas e infinitas prerrogativas, porque ela concede a chance de um eterno recomeçar, independentemente de o assunto já ter - até mesmo, em muito - se esgotado. A pergunta rebobina o assunto, e a resposta faz uma releitura. Quando uma pergunta ecoa, o universo se abre para uma nova etapa. A etapa de uma nova resposta. Um novo sim, um novo não, ou uma nova alguma outra coisa qualquer. Qualquer coisa.

As perguntas nos respondem e nos instigam, nos espetam, nos revelam. Cada pergunta passa o bastão da palavra e, quem tem a palavra, tem o mundo inteiro. Pelo menos naquele momento. Pelo menos para nós, que gostamos de escrever, de ler e que reverenciamos a palavra (impiedosa vocação). O pensamento como matéria-prima em uma alquimia singular.

No trato dessa matéria, interferência sensorial, conjunção astral, alinhamento dos planetas. Acreditamos que pingo é letra e que o que há transcende o que sempre houve. Porque o momento se expande quando pensamos, o pensamento congela o instante, e a palavra tipifica. E registra.

Ela marca o momento, assim como o beija-flor fica parado em pleno voo, sustentando-se sobre a aparente estática de seu bater de asas mais rápido que nossa simplória percepção. Nós acreditamos no poder da palavra, como uma música hipnótica, encantadora de serpentes. E em sua utilidade, como ferramenta que operacionaliza os diversos tipos de comunicação. À parte a semântica e a semiótica, é na dança do sopro divino que a caneta desenha a letra, aquela insolente, por sobre o papel.

A palavra é a rede de caçar borboletas que escolhe e captura, no ar, um pensamento esvoaçante que, como o beija-flor, reluz aos raios de sol. E que no papel toma pouso, se aquieta e se amolda. Tempestade cerebral, metamorfose criativa. Porque a mágica está no sentimento, na interpretação, no personalístico, na infinidade de possibilidades, onde a intuição é a mãe, as palavras obedecem e isso dá vida ao cenário. O cenário é o mundo, esse tabuleiro de xadrez. E o mundo todo é branco ou preto, simples e sem graça como um código binário.

O que colore é a energia que existe em cada vida, em cada transformação, na comunicação. E na força dos elementos. Porque o mundo pulsa ao pulsar de cada coração, e o cenário se modifica a cada batida de asas de um pensamento azul, ou verde e amarelo (minha sutil homenagem à Copa). A cada insight, a cada palavra ou a cada gota de orvalho solta na natureza. E o enxame das possibilidades se vai com a mesma leveza que viera, e se dissipa em questão fracionária de segundo, dando espaço para outro que se aproxima. E roda a engrenagem. E realimenta o ciclo. Um ciclo que se fecha à luz de cada ideia, na força da palavra e na leveza do pensamento. E faz o mundo girar.

terça-feira, 24 de junho de 2014

E MARIA RESPONDEU SIM

Tenho pensado muito nos momentos que Nossa Senhora terá vivido, quando o Anjo Gabriel saiu de sua casa, levando o consentimento que deu para que Jesus se fizesse homem e viesse nos salvar.

Afinal de contas, Maria era uma mulher da mesma natureza das demais e plenamente humana. Portanto, é possível que possa ter experimentado momentos de dúvida, mesmo sem permitir que viesse a menos sua fé. 

Por exemplo. Poderá ter perguntado: será que eu vi mesmo o Anjo? Falei com ele? Estou grávida do Filho de Deus? E ficou em silêncio, mesmo ante a perspectiva de deixar José confuso ou sem entender o que estava acontecendo.

E ai que se lembra que o anjo também lhe dissera que sua prima Isabel já nem avançada idade, esperava um filho e porque para Deus nada é impossível.

Como está no evangelho de Lucas: naqueles dias, Maria foi as pressas as montanhas da Judéia. Ocorreu-lhe que a particular condição de Isabel propiciaria que, como ninguém, poderia entendê-la. Foi esta certeza que animou Maria a ir ao encontro da prima, e qual não é sua  surpresa ao constatar  que antes de dizer qualquer coisa a prima demonstra que já de tudo sabia.

Maria então entoa o mais lindo dos cantos que começa engrandecendo a Deus por tudo que em si havia feito.

É possível imaginá-las, abraçadas, ingressando casa a dentro, o servir de alguma coisa como quem caminhou certamente carece, as conversas, o comunicarem as maravilhas operadas por Deus em suas vidas. Isabel terá dito o porquê da mudez do esposo Zacarias.

E nos dias seguintes, as comunicações entre elas guardavam o mesmo tom de quem espera um filho, nos seus casos em particular, sobre a particular missão  a que estavam destinados.

Guardadas as devidas proporções, reconheçamos que também nós temos muito a agradecer. Aprendamos com Maria  e tenhamos sempre entre os lábios um canto de louvor ao Deus porque tanto nos ama,  nos criou.


02/06/2001


DEVERIA SERVIR PARA NÓS

            
            Na vida, importa ter sempre uma meta a alcançar, um ideal ao qual se pretender chegar. Se tivermos uma meta, um ideal, certamente, temos maior motivação para viver. É claro que deve ser no sentido positivo. Os maus fazem tudo, se arriscam, se expõem para conseguir o que querem. Os assaltantes de bando por exemplo, vão bem armados, armados até os dentes, como se diz, sabem que podem morrer tanto quanto estão dispostos a matar, mas vão. Planejam tudo e procuram dar cumprimento ao plano o mais rápido possível.

            Esta “receita” deveria servir para nós, para o bem
. O que quero ser  ou onde quero  chegar?  como ser e como chegar lá?  em quanto tempo?

            A gente pegou uma mania contagiosa. Reclamar de tudo e de todos, menos de si mesmo. Criticar  o governo e não reparar que teremos contribuído de alguma forma para dar-lhe o poder. E como os ratos da fábula (decidiram colocar um guizo no pescoço do gato, assim ouviriam quando se aproximasse e teriam tempo de correr, mas ninguém quis colocar o tal guizo e a ideia não vingou) achamos mil soluções para todo e qualquer problema, mas fica-se a espera de que o outro cumpra a tarefa.

            Quem sabe, mudar nosso comportamento? vamos fazer um teste?  Vejamos o que impede que sejamos o que devemos ser ou de fazer o que devemos fazer. Estabeleçamos uma meta a alcançar e a estratégia ou forma para ela e em quanto tempo. Mangas arregaçadas, mãos à obra, à luta. o resultado será surpreendente.

            E tudo é claro, caminhando com Maria, fazendo dela a estrela que nos guia, espelhando-nos no seu exemplo, pois, continua a ser o modelo insuperado e insuperável, inigualável!


            Maria é nossa Mãe e nossa Mestra. Soube dizer SIM a Deus, um sim que a levou ao calvário e a fez corredentora com Jesus e não obstante sua condição de Rainha, olha por nós, não abandona e angaria a salvação de quantos à sua proteção se confiam. 

quinta-feira, 19 de junho de 2014

CORPO DE CRISTO DO VENTRE DE MARIA

Preparar, com Nossa Senhora, a Solenidade do Corpo de Deus, a Solenidade do Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, é tentar preparar com a Mãe a grande Solenidade de Jesus, seu Filho. Sempre estamos cheios de lembranças como  do  Congresso Eucarístico Nacional que se realizou em Brasília. 


Quando, na última Ceia, Jesus afirmou: “Tomai e comei isto é o meu Corpo”; e mais adiante disse: “ Tomai e bebei é o Cálice do meu Sangue”, referia-se ao dom pleno de Si mesmo, à entrega total da sua vida, do seu amor, de todo o seu ser. Por isso dizemos: Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, Deus e Homem verdadeiro, Filho de Deus e Filho de Maria.

O Senhor Jesus Se oferece na Ceia e renova a sua oferta no Banquete sagrado do altar, é o Filho de Maria de Nazaré. Daí que o Senhor que temos no sacrifício do altar, que renova o do Calvário, é carne da carne de Maria, é sangue do seu sangue. Verdadeiro Filho, gerado no seio de Nossa Senhora, oferece a sua vida por nós. Vida que veio de Maria, corpo gerado no ventre sagrado da Virgem Puríssima Santa Maria.

A Eucaristia é, por isso, dádiva de Maria, foi Ela que O gerou, O deu à luz no Presépio, O ofereceu no Calvário.

O “sim” de Jesus ao Pai e à sua vontade, a oferta de Jesus na Cruz, correspondem ao momento máximo do “ sim “ de Nossa Senhora. Ambos estão unidos pela mesma dádiva. Ele oferece-Se e Ela oferece-O e oferece-Se com Ele. Em cada Eucaristia celebrada em Igreja e pela Igreja, Jesus renova a sua oferta e Maria está misticamente presente, oferecendo-o e oferecendo-Se. Ela é a Mãe do Pão Vivo descido do Céu, é a Senhora do Santíssimo Sacramento, é a Mãe de Jesus Vivo e Glorioso que Se dá a nós em cada Eucaristia.   
   
Não sabemos, por dados da Escritura ou da Tradição, se Nossa Senhora esteve presente na última Ceia, mas sabemos que acompanhou os cristãos, nas comunidades primitivas, dum modo particular em Jerusalém, nem que teria participado alguma vez na “fração do pão”, na Ceia, celebrada por S. João ou algum dos outros Apóstolos. Se assim foi, se Maria participou da Eucaristia, se Ela comungou , voltou a receber dum modo eucarístico, Aquele que tinha gerado e dado à luz.

Fecha-se o círculo dos mistérios: volta a entrar nela, pela Eucaristia, o que dela saiu, no nascimento no Presépio. Ela é de todos os modos a Mãe de Jesus Eucaristia e sem Ela, não teríamos o Corpo e o Sangue para ser oferecido na Cruz e, agora, ser recebido no altar no Banquete Sagrado.     


Convidados a viver durante o mês de Maio o mistério da vida de Nossa Senhora, podemos e devemos celebrá-lo em Eucaristia. Quem melhor que Nossa Senhora, a Mãe do Pão do Céu, poderá ajudar-nos? Com Ela celebremos o amor eucarístico. Com Ela, cada dia, preparemos a Eucaristia. Com Ela, a Mãe da Eucaristia, a Mãe do Pão do Céu, celebremos o amor de Deus que nos dá a graça de participar no Banquete Sagrado.


terça-feira, 17 de junho de 2014

AMAR É QUE É OUTRA COISA

Basílica de S. Sofia - Istanbul
Durante a viagem que fiz recentemente e da qual já lhes falei um pouco, uma pessoa entre nós, a certa altura, disse: “perdi um anel e é de ouro”. Estava meio chateada.  Conhecendo o cuidado que ela tem “com suas coisas”, logo disse: “tá por  ai mesmo, você logo vai achar”.



No dia seguinte, revirando sua bolsa de mão, bem guardado dentro de uma sacolinha, ela encontrou o tal anel e começou a agradecer a S. Antônio que nunca lhe falta em momento assim.

Brincando, mas em verdade, retruquei: que S. Antônio, que nada...  Usei um tom que levou uma terceira pessoa, conhecida na mesma viagem, a dizer: “interessante, você é católica, mas fala assim de um santo”...
Vamos entender. Porque são até colocados em altares, achamos que os santos devem ser tratados com todo respeito, de outro modo ou não se pode gozar de um santo.

Penso que não é bem assim. Santos são pessoas que enquanto viveram em carne e osso, pautaram suas vidas por uma conduta exemplar, reconhecendo de forma admirável a condição de Senhor, em Deus, a Ele servindo e amando. E por causa do exemplo dado, a Igreja os canoniza como que a dizer: “olha ai, eles foram de carne e osso como vocês, se eles puderam, vocês podem também”.

Cisterna da Basílica 
No caso citado, não houve milagre nenhum, o anel estava bem guardado na bolsa da minha amiga. S. Antônio não fez nada.


Quando à gozação. O mesmo respeito que devo aos santos canonizados é devido ao próximo, gente como a gente, pelo que, se posso dar uma gozada no irmão comum, brincar com ele, como aliás o fiz, o mesmo posso fazer com esse pessoal que povoa os altares por ai, os santos. 

Amar é que é outra coisa.


sábado, 14 de junho de 2014

FIFCJ EM AÇÃO


Buenos Aires, 4 de Junho de 2014.


Em Moçambique está prestes a ser aprovado um Código Penal que fomenta a cultura da violência e da discriminação. Não obstante as revisões que têm vindo a ser feitas, persistem disposições que carecem de rigor necessário para definir o que é uma violação, dentro ou fora do matrimónio, e que conferem o perdão do agressor se contrair casamento com a vítima. Em conjunto estas disposições traduzem-se numa maior impunidade para os crimes sexuais, porque violam os direitos das mulheres consagrados em distintos instrumentos de direitos humanos.

O que impõe que a Federação Internacional de Mulheres de Carreiras Jurídicas exija que este projecto de Lei seja revisto, de modo a respeitar os compromissos internacionais vigentes.

Por esta razão, considera que aquela Lei constitui um retrocesso na defesa e promoção dos direitos humanos das Mulheres de Moçambique.

Denunciamos ainda que caso seja aprovado o novo código penal, constituirá uma flagrante violação do Protocolo de Maputo, aprovado pela União Africana em 2003, e em vigor desde 2005. Este instrumento legal – sem precedentes para as mulheres africanas – desenvolve e reforça os seus direitos consagrados noutros instrumentos internacionais; foi o produto da sua luta e expressa os interesses de todas elas. 

A FIFCJ está consciente das dificuldades que enfrentam face aos movimentos dos líderes religiosos e tradicionais que põem em risco a plena vigência dos direitos humanos das mulheres em Africa.

Instamos todos os membros da FIFCJ para que continuem a trabalhar para tornar efectivo todo o potencial do Protocolo para proteger os direitos das mulheres africanas. Por isso exigimos que os governos redobrem os seus esforços nesse sentido, especialmente durante o Decénio da Mulher Africana (2010-2020), período durante o qual se espera o cumprimento dos compromissos assumidos.

Desta forma, invocamos a Declaração de Maputo da FIFCJ, aprovada em Setembro de 2008, cujos preceitos estão vigentes e se ajustam no seu espírito e no seu teor à questão em apreço. É dever de todos os membros da FIFCJ cumprir e fazer cumprir na medida das sua possibilidades as obrigações impostas pelos Estatutos, e por força do qual emitimos esta declaração.

María Elena Elverdín
Presidenta FIFCJ


Norma Chiapparrone
Secretária-Geral FIFCJ


DEVEMOS SER MARIA

A casa da Virgem Maria, no alto daquela montanha de Éfeso, hoje tem estrada boa para subir de carro, de ônibus, do que se for. Mas a Mãe ao cume,  terá chegado, fazendo paradas para descansar. Entre oliveiras e outros bens da flora, certamente tendo ao lado João, quantos dias terá gasto? Seja lá quais forem tenham sido as circunstâncias, os acontecimentos, as intempéries, o vento forte que vinha do mar, foi uma caminhada pautada pelo sabor maior de muito amor. 

Com quatro paredes apenas, a casa conta com um altar no centro, onde está uma imagem de Nossa  Senhora das Graças cujas mãos foram perdidas. Melhor dizendo não foram encontradas.

Nossa Senhora sem as duas mãos, sugere que assim como ela usou-as para amar e servir, hoje, suas mãos devem ser substituídas para o mesmo fim, pelas nossas mãos.

Sabemos que o Deus que nos salvou sozinho, esquecido de sua natureza divina, fazendo-se obediente até a morte e morte de cruz, quer continuar operando tal salvação em nosso tempo, mediante nosso concurso, e juntamente com a Virgem Maria.

Está assim explicado que as mãos que faltam àquela imagem de Nossa Senhora sugerem que devem ser substituídas por nossas mãos, que devemos ser como Maria, pelos caminhos do mundo.

Devemos ser Maria em nossa casa, onde vivem os nossos próximos mais próximos. Devemos ser Maria na comunidade formada pela Igreja cujo credo professamos, no nosso ambiente de trabalho, qualquer que ele seja. Devemos ser Maria qualquer que seja nossa condição, sadios, cheios de coragem e mesmo num leito de dor.


Ser Maria é ser Mãe de Jesus representado por todos os homens e mulheres, nossos irmãos e irmãs. Jesus em todos. É ter coração de Mãe e desvelar-se com todos os cuidados  por todos e por um único semelhante ou não, do mudar fraldas, ao aconchegar de encontro ao peito, do consolar, ao alimentar, ao aplaudir e sustentar em todos os aspectos, levantar, se cair.  


sexta-feira, 13 de junho de 2014

A CASA DA VIRGEM MARIA

Em frente  a Casa da Virgem Maria
Éfesios, cidadãos da cidade de Éfeso, na Turquia, destinatários de uma das cartas, do grupo do cativeiro, escritas por Paulo, o apóstolo das gentes.

Éfeso é uma ilha como outras, formada por ação vulcânica, há milênios. Ainda se pode ver o que foi a cidade, no apogeu de sua história. Construções em mármore, revestida e até calçada de mármore por toda parte.

Quando passávamos pela alameda, bem conservada, em tom gentil, disse a Guia: por aqui, passaram Marco Antônio, Cleópatra e hoje, vocês.

Nas cercanias, num ponto mais alto, uma montanha, onde se diz que a Virgem Maria passou os últimos anos de sua vida, levada pelo Apóstolo João, ao qual Jesus a confiara, antes de morrer na cruz.

É um jardim, em meio a um bosque todo plantado, muito bem cuidado. No topo, uma pequena casinha, a CASA DA VIRGEM MARIA, onde ela passou os últimos dias de sua vida.

Ao lado da casa. 
Terá ali cozinhado, lavado, rezado, provado do amargor do exílio e o quanto foi grande a dor da saudade que terá sentido do seu Filho.

Adentrando aquela casinha de paredes escurecidas, apesar de muito limpas, senti uma profunda emoção, a ponto de meus olhos terem umedecido. Não podia ser diferente, eu pisava o mesmo chão que seus pés pisaram, respirava o ar do mesmo lugar que ela. Surpreendi-me em profunda oração, lembrando de todas as pessoas que amo, de todas aquelas pelas quais devo rezar.

Uma imagem de Nossa Senhora das Graças sem mãos, (digo depois o que acho porquê) ocupa o altar que compõe o ambiente.

Altarzinho externo
Depois que sai, ainda fiquei um tempo rodando por ali, bebi água da fonte, deixei pedido no muro com outras  centenas, talvez milhares de pedidos feitos pelos visitantes.

A paz provada não tem preço, nem se descreve com palavras.

Dois papas, S. João Paulo II e Bento XVI, visitaram o lugar, reconheceram que se trata como já foi dito, da Casa da Virgem Maria, onde ela viveu os últimos dias de sua vida.

Uma experiência inesquecível.