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Brasília |
Filha de Urano e de Gaia,1 era, portanto, uma Titânide. Gaia havia sido
gerada do Caos,
e Urano foi gerado de Gaia.2 Com Urano, Gaia
gerou os 12 Titãs:
Oceano,
Céos, Crio, Hiperião, Jápeto, Teia, Reia, Têmis, Mnemosine, a coroada de
ouro Febe e a amada Tétis;
por fim nasceu Cronos, o mais novo e mais
terrível dos seus filhos, que odiava a luxúria do seu pai.1
Quando ainda criança, foi
entregue por Gaia, aos cuidados de Nyx, que
acabara de gerar Nêmesis.
O objetivo de Gaia, era proteger Têmis do enlouquecimento de Urano. Porém Nyx estava cansada, pois gerara
incessantemente seus filhos. Então Nyx entrega
sua filha Nêmesis, e a sobrinha Têmis aos cuidados de suas mais velhas filhas,
as Deusas Moiras (Cloto, Laquésis e Atropo).
As Moiras criam as duas Deusas infantes, e
lhes ensinam tudo sobre a ordem cósmica e natural das coisas; e a importância
de zelar pelo equilíbrio. As Moiras são as Deusas do destino, tanto dos homens,
quanto dos Deuses e suas decisões não podem ser transgredidas por ninguém.
Desta criação, vimos a origem das semelhanças das duas lindas e poderosas
Deusas criadas como irmãs: Têmis, a Deusa da justiça, e Nêmesis, a Deusa da
retribuição.
Há uma versão errada, segundo
a qual as Moiras eram filhas de
Têmis. O que pode ter gerado tal equívoco possivelmente foi confundi-las com as
Horas (ciclos presentes na natureza, estações, clima, vegetação, etc), que
também agem nas energias cíclicas da natureza, assim como as Moiras (ciclos
vitais da vida, nascer, crescer,etc). Têmis, na mitologia grega, é a deusa
dos juramentos, mãe de Dice, deusa da justiça, a protetora dos oprimidos.
A primeira esposa de Zeus foi Métis que, depois de
colocá-la em seu ventre,3 Zeus casou-se com
Têmis.4 Zeus era filho de
Cronos e Reia,5 irmãos de Têmis.1
Sentava-se ao lado de seu
trono, pois era sua conselheira. Considerada para a mitologia a personificação
da Ordem e do Direito divinos, ratificados pelo costume e pela lei.
Oráculos
Têmis não representa a matéria
em si, como sua mãe Gaia,
mas uma qualidade da terra, ou seja, sua estabilidade, solidez e imobilidade.
Ela é uma deusa que falava com os homens através dos oráculos. O mais famoso de
todos os templos oraculares da Grécia Antiga, Delfos, pertencia originalmente a Gaia, que o passou a filha
Têmis. Depois disso, ele foi de Febe e só
no fim foi habitado por Apolo. Há
pesquisadores que afirmam, no entanto, que Têmis é o próprio princípio
oracular, de modo que, em vez de ter havido quatro estágios de ocupação do oráculo
de Delfos, foram só três: Gaia-Têmis, Febe-Têmis e Apolo-Têmis. Portanto, Têmis tinha máxima
ligação com a questão das previsões oraculares e, no fundo, representa a boca
oracular da terra, a própria voz da Terra, ou seja, Têmis é a terra falando.
Quando o titã Prometeu foi acorrentado ao
Cáucaso, Têmis profetizou
que ele seria libertado. Sua profecia se concretizou quando Héracles (ou Hércules), salvou-o do seu
castigo. Foi Têmis quem alertou Zeus que o
filho de Métis seria uma ameça à seu pai.
Ajudou Deucalião e Pirra a formar a humanidade após o dilúvio
enviado como castigo por Zeus,
profetizando que ambos deveriam "jogar os ossos de sua mãe para trás das
costas". Pirra ficou temerosa de
cometer algum sacrilégio ao profanar os ossos de sua mãe, não captando o
sentido da profecia. Deucalião,
porém, entendeu tratar-se de pedras os ossos da deusa-Terra, mãe de todos os
seres. Assim ele atirou pedras para trás e delas surgiram homens.
Os oráculos dados por Têmis,
não profetizavam só o futuro, mas eram ainda, mandamentos das leis da natureza
às quais os homens deveriam obedecer. A Deusa nos fala de uma ordem e de uma
lei naturais que precedem as noções culturalmente condicionadas da organização
e das regras derivadas das necessidades de uma sociedade.
Alguns pensadores crêem ser
Têmis uma abstração das noções humanas de uma justiça de uma cultura
específica, presumivelmente matrifocal. Uma visão arquetípica, sustentaria que
Têmis não é o produto da organização social, mas o pressuposto para tanto. Sua
existência psicológica precede-o e subjaz ao entendimento humano do que ela
quer dizer ou ensinará. A visão arquetípica localizaria sua origem na natureza
psíquica, no inconsciente coletivo, ao invés de localizá-la na cultura e na
consciência coletiva. Ela não é secundária, e sim fundamental.
Entretanto, nos cultos à Têmis
eram celebrados os "mistérios" ou "orgias", emprestando-lhe
a visão que ela era uma Deusa genuína, e não uma simples personificação da
idéia abstrata de legalidade. Têmis é a Deusa oracular da Terra, ela defende e fala em nome da Terra, do enraizamento da humanidade em uma
inabalável ordem natural.
Olimpo
Um dos atributos de Têmis é
sua grande beleza, além do poder de atração de sua dignidade. Sua atratividade
física é confirmada pelo mito em que Zeus a persegue com seu estilo desenfreado
e, finalmente, a desposa. Em outra versão após Zeus devorar Métis grávida, as Moiras levam Têmis até Zeus para se tornar a segunda esposa de Zeus, e as Moiras profetizam que Zeus precisa e tem muito a aprender com Têmis,
que é tão sábia quanto Métis.
Seu mais ardente adversário no
Olimpo foi Ares, o deus da guerra cujo o apetite por
violência e sede de sangue não conhecia limites. Não porque Têmis fosse contra
a guerra, mas agia com motivos de ordem ambiental, pois a guerra reduziria a
população humana. Na qualidade de mãe das Horas (e pai Zeus), Têmis está também por trás da
progressão ordenada do tempo na natureza. As Horas representavam a ordenação
natural do cosmo: inverno e depois primavera, dia depois a noite, uma hora após
a outra.
Sua outra filha com Zeus, Astreia, deusa virgem
protetora da humanidade e que simboliza a pureza e a inocência, também era uma
deusa da justiça. Conta-se que ela deixou a Terra no fim da Idade do Ouro para não presenciar as aflições e sofrimentos
da humanidade durante as idades do Bronze e do Ferro. No céu ela tornou-se a
constelação de Virgem. Também a balança de
Têmis, que Astreia carregava foi transformada em uma constelação, Libra.
As Horas ou Estações (filhas de Zeus e
Têmis) suas são: Irene
(paz), Dice
(justiça) e Eunômia (disciplina); estas
são as Horas mais velhas e estão ligadas a legislação e ordem natural, sendo
uma extensão dos atributos de Têmis. Esta última está relacionada com a
representação da divindade da justiça. Têmis e Dice elucidam o lado ético do
instinto, a voz miúda e calma no seio do impulso. Dice para a humanidade é a
função de base institucional muito sintônica com o que chama de instinto para
reflexão.
Ao presidir as reuniões de
cunho político do Olimpo, Têmis manifesta o
teor organizacional de sua dignidade e justiça. Têmis congregava às reuniões
com seriedade moral e obrigava os grandes e poderosos a ouvir, de modo
consciencioso, as objeções e contribuições dos irmãos e irmãs menos
proeminentes. A Deusa opunha-se à dominação de um sobre muitos e apoiava a
unidade mais que a multiplicidade, a totalidade mais do que a fragmentação, a
integração mais do que a repressão. Nessa atividade de contenção e vinculação,
Têmis revela o princípio operado pela consciência feminina: a lei do amor.
Têmis era a deusa da
consciência coletiva e da ordem social, da lei espiritual divina, paz, ajuste
de divergências, justiça divina, encontros sociais, juramentos, sabedoria,
profecia, ordem, nascimentos, cortes e juízes. Foi também inventora das artes.
Zeus e Têmis
Têmis foi a segunda esposa de Zeus, depois de Métis e antes de Hera. É ela que temperou o poder de Zeus com muita sabedoria e com seu profundo
respeito pelas leis naturais. Sendo uma Titã, suas raízes são
instintivas e pré-olímpicas e estende-se à frente, para incluir uma visão
cósmica das operações finais e essenciais do universo inteiro.
Além de esposa e conselheira,
Têmis é também mentora de Zeus. Em
um mito ela aparece como ama de leite de Zeus bebê, ensinando-o a respeitar a justiça.
No casamento de Zeus e Têmis vemos duas
forças, uma solar e outra lunar, trabalharem coligadas com poucos conflitos à
serem observados. Zeus era o rei
todo-poderoso, absoluto, um padrão arquetípico que governa a consciência
coletiva, que tanto cria como mantém uma coletividade. Mas é Têmis, que
movimentando-se dentro de vários outros padrões arquetípicos, desestabiliza o
absolutismo e as certezas de Zeus. Ela
movimentava-se em uma direção contrária, nunca deixando de incluir o máximo
possível. Têmis exercia portanto, um efeito de abrandamento.
Entretanto, o casamento do
dois não foi de total doce harmonia, pois embora transitasse sabedoria entre eles,
os ditames de um e do outro, sempre tinham um preço muito elevado, pois nada
possui solução definitiva.
Na imagem de Zeus consultando Têmis, podemos aceitar uma
boa dose de troca. Zeus é quem rege e decide,
enquanto Têmis assume uma atitude mais suave e dá seu toque relativizador que
procede de perspectivas mais abrangentes.
Referências
- ↑ Ir para: a
b c Hesíodo, Teogonia,
Cosmogonia, 134-138. Os filhos estão indicados na ordem que Hesíodo
os cita.
- Ir para cima ↑
Hesíodo, Teogonia,
Cosmogonia, 116-133 [em linha]
- Ir para cima ↑
Hesíodo, Teogonia,
Os deuses olímpicos, 886-900
- ↑ Ir para: a
b Hesíodo, Teogonia,
Os deuses olímpicos, 901-906
- Ir para cima ↑
Hesíodo, Teogonia,
Os filhos de Cronos, 453-491
Fnte: Wikipedia.