Dia desses, parte da assembleia dos
paroquianos estava reunida para a celebração da Santa Missa na matriz de Jardim
da Penha, quando, de repente, pés descalços, saco nas costas, entra igreja adentro,
um homem. Era visível que não goza de boas faculdades mentais.
Pelo menos aparentemente, ninguém
se sobressaltou. Deus estava ali. Passo firme, bem próximo ao altar, sem subir
os degraus, aquele homem fez profunda reverência, voltou-se e foi-se retirando,
enquanto conservava a mão erguida, como se a todos nos abençoasse. Não me
impediu de ver que na camisa branca, certamente ganha recentemente, ainda
limpa, estava escrito: Professor!
Deus sabe extrair de qualquer
tipo de baú, “coisas novas e velhas”. Aquele pobre homem inconsciente, a todos
deixou uma lição: vai-se ao altar para dele recavar coisas boas, bênçãos e depois
distribuir com todos os irmãos. Seria essa a motivação que nos faz participar
da Santa Missa? Rezamos para todos, colhemos os dons do sacrifício de Jesus
para reparti-los com quem não tem?
Um dia pródigo, pois, não foi só
esse professor que me ensinou grandes lições neste dia. Uma baianinha que vive
sorridente, não tem casa, paga aluguel com seu salário mínimo, contou-me que
foi visitar a mãe depois de 11 anos de ausência, voltou impressionada com a
pobreza e a fome. A mesma que a fez
partir.
Pobreza? é a dela, o que viu onde
sua mãe continua morando é miséria extrema. O irmão que tem família, trabalha
numa fazenda e ganha 20 reais por quinzena! O que é isto minha gente?
Minha amiga melhorou ao menos um
pouco de vida. Caprichosa, como se diz, sabe atenuar as penúrias pelas quais
passa e até dribla algumas delas. Mas a
realidade descrita é ainda muito forte por ai. E não se diga que é vontade de Deus.
Deus quer que sejamos livres e
tenhamos vida em abundância. Chegou o tempo de começarmos a entender melhor o
que acontece a nossa volta. Pobreza é resultado de má distribuição dos bens da
terra, etc. Injustiça social é egoísmo, exploração brava, etc.
Vamos acabar com isto. Nós
podemos.