terça-feira, 2 de abril de 2013

ESTRANHO QUERER SABER


Às vezes fico pensando na incrível capacidade de certas pessoas de estarem a par de mínimos detalhes da vida de tanta gente. Não chegam a ser daquele tipo que sai propalando aos quatro ventos tudo de que acaba por tomar conhecimento, mas se mostra visivelmente inquieta enquanto não ficar sabendo de qualquer tipo de “novidade” vislumbrada  na vida, na casa, nas coisas de outrem.

Aproximam-se, com o mais doce de qualquer tom de voz e apesar de tentar, sem conseguir disfarçar o que pretende, inicia verdadeiro interrogatório a respeito do tema ou do objeto sobre o qual, acha que tem que ficar sabendo. Compararia a um vício.

Na verdade, deixa seu interlocutor em apuros, pois, nem sempre quer-se propagar o que somente a gente mesma diz respeito. Já dissera Sêneca: evitamos a inveja se guardarmos as alegrias para nós próprios. Por que me fazer falar o que eu não quero contar? Por que a insistência em dizer que é pobre, o rico é o outro e com aquelas sutilezas que acabam por ser antipáticas, prossegue invadindo minha privacidade ou de quem cair na sua berlinda?

Que sentimento seria este? Em casos específicos, passam-me a sensação de extrema curiosidade, não chega a ser inveja, antes, sentem necessidade de saber tudo.

Em certos casos, também não acho que  seja feito por mesquinhez, antes,  é no entanto, verdadeira desatenção para com o outro, não saber que as vezes esse outro prefere calar a não falar do que tem, ou comprou, ou ganhou, ou deu, etc...

Exatamente, envolve aquela ética do cuidado, que nos faz atenciosos, não invasivos, respeitosos com toda ou qualquer individualidade.
 
Nota: quase denominei "crônica inacabada", pois na verdade o é.