domingo, 16 de outubro de 2016

EM NOME DE DEUS?

                              Passaram-se onze anos desde que escrevi este artigo e a história não mudou.

Quem assistia o “Fantástico” de domingo, 30 de setembro último, (2001) ao ouvir a voz grave do Cid, acompanhada de um jogo simulado de imagens correspondentes ao que ia sendo dito, deve ter ficado mais do que impressionado!

Refiro-me à provável oração proferida por um dos terroristas, na manhã do fatídico dia 11 daquele mês, quando o mundo mudou por causa dos ataques terroristas na América.

Chamamos terroristas, mas não sei quantos de nós outros, que cremos na divindade de Jesus Cristo que eles negam, rezamos com tal consciência da presença de Deus, com tal entrega, suplicando sua ajuda e pedindo que ilumine nossos caminhos.

Igualmente, teremos concluído o quanto mais intensa há de ser a nossa súplica, quanto com mais empenho devemos fazer chegar a Deus nossa oração, no sentido de que, se não, em perfeita paz, tenhamos ao menos, menos não tranquilidade e menos medos nestas nossas vidas.

São fanáticos e de fato encarnam a advertência do Nazareno quando disse: virá o tempo em que vos matarão julgando prestar serviço a Deus.

 Cultuam o Deus de Maomé que creu ter tido uma visão, enquanto se encontrava  em uma caverna do Monte Hira, ao norte de Meca. Tinha 40 anos e era um mercador. Denominou “Corão” (do árabe qur’am = leitura), o livro onde registrou as revelações colhidas.

Islamismo vem do árabe, islam, significa resignação, a mais absoluta submissão a Deus. São também chamados mulçumanos (crentes) ou ainda maometanos. Monoteístas, professam como fé que "Não há outro Deus senão Alá e que Maomé é o seu profeta"; consoante a IV sura do Corão, afirmam: "Acredito em Deus, em seus anjos, livros e mensageiros, no último dia, na ressurreição dos mortos, na predestinação de Deus, no bem e no mal, no julgamento, na justiça, no paraíso e no fogo do inferno".  

Assumem quatro deveres básicos: a oração (salah), feita cinco vezes ao dia; o jejum,  que consiste na abstinência completa de comida, bebida, tabaco e relações sexuais;  a esmola (zakah) traduzida num dízimo a altura de cada um e ao menos uma vez na vida, ir a Meca.

Além disso, a religião prega a prática de circuncisão, proíbe a bebida, o jogo, a ingestão de carne de porco e de animais que tiveram morte natural.

Em síntese,  no que creem e o que  praticam homens cujas mulheres são escravas, devendo andar inteiramente cobertas. No Afeganistão, se um só dedo aparecer, podem ser espancadas pelo primeiro que as encontrar.

Mas são bem menos do que todos os outros povos que enchem a terra, que se devem unir portanto, para contê-los, usando todas as armas com que pudermos contar.

Depois de terem tornado em inferno os ambientes que dominam, mantêm o mundo refém de eventual surpresa com que possam atacar quem sabe primeiro onde, sob a mira de armas que podem destruir todas as pessoas mantendo intatas as construções.

E tudo isto, pasmem, em nome de Deus!


08/10/2001


sábado, 15 de outubro de 2016

DIA DO PROFESSOR

Hoje é dia do Professor, uma categoria de pessoas que contribui fundamentalmente para nosso desenvolvimento, com a nossa educação.  É justo que haja um dia para que lhes prestemos nossa homenagem e agradeçamos por tudo que representam para nós. Já está mais do que provado que a educação é essencial na vida da pessoa, que a educação contribui de forma decisiva para o desenvolvimento do indivíduo e do grupo social ao qual ele pertence. 

O dia litúrgico é dedicado a Santa Teresa de Ávila, uma grande religiosa do Carmelo, (irmãs carmelitas de clausura) temos um Carmelo em nossa Arquidiocese. Santa religiosa realizou transformações na vida de sua ordem, ficando reconhecida por esse feito.

Ao falar em professores é necessário lembrar uma injustiça que persiste em relação a eles. Ganham pouco, o que ganham não está à altura da importância que têm e do volume de trabalho que devem cumprir. Além da sala de aula, o professor tem trabalho em preparar suas aulas, em corrigir trabalhos dos alunos, aperfeiçoar-se.  E o pior é que sempre se repete a mesma coisa e as melhorias tão faladas não passam de promessas.

Qualquer governante ou pretendente a cargo público continua fazendo da educação, plataforma que rende votos, mas continua tratando os professores com a mesma indiferença. Esquecem que o lado negativo da convivência entre as pessoas, os problemas sociais que são muitos, que temos e nos causam transtornos, são causados pela falta de educação em todos os sentidos.  


Por isso pedimos: Nossa Senhora, mãe, mestra de vida, intercede pelos nossos professores, para que sejam melhor reconhecidos, pela dedicação com que desempenham suas obrigações e para que nunca se deixem abater  por tantas dificuldades.  


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

COMPETE A TODOS


Acabei de ler nesta manhã, mensagem de um amigo no “zap-zap” que diz: “no Bom Dia, Brasil, de hoje colho notícia sobre a situação de segurança pública no Rio, continua caótica. Houve um aumento enorme da criminalidade. O roubo foi o que mais cresceu. As delegacias não têm recursos sequer para necessidades básicas de higienização da unidade. Salários atrasadíssimos. O Secretário de Segurança jogou a toalha. O Chefe de polícia fez o mesmo. Procure evitar ir ao Rio de Janeiro, mas se for, tenha muito cuidado”.

Verdadeiramente, alguma coisa tem que ser feita para acabar com tanta criminalidade, com tantas mortes – de mulheres pois, como noticiado que vem acontecendo em Goiás – com tanto roubo, com tanto assalto, com o perder de tantas vidas inocentes e não só por atos de meliantes desocupados, mas também por engravatados, ontem denominados pelo Juiz Sérgio Moro de “traidores”. Políticos que recebem mandato com fins específicos e usam-no para corrupção, lavagem de dinheiro, etc, etc, etc.

A morte já é triste mesmo quando decorre de consequência natural, pior,  se o é de irresponsabilidade, fica-se sempre com a sensação de que ainda não era hora.  

Não sei se temos direito, mas ouso clamar: Senhor Deus, tem piedade desse mundo tão estranho, dessa gente que não pensa, que não tem medo das consequências que suas irresponsabilidades sempre causam.

Acabo de fazer um pedido a Deus. Ao mesmo tempo lembro que Deus não quer o mal, mas acaba Ele mesmo, que é todo poderoso, “sem saber o que fazer”. (Mas Ele é onisciente).

Presença da MULHER  na política. 
Deus fez o mundo, fez todas as coisas, criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança. Arrumou o mundo de forma incomparável para ser uma boa morada para seus filhos que no entanto sequer agradecem, preferem a desordem à paz e à beleza. Fazem por menos ou renunciam a que “suas vidas sejam em abundância”.

Mas compete a cada um de nós pensar e decidir como agir, quem tiver em casa um tipo amalucado, que costuma fazer alguma besteira, tome cuidado com ele, evite que tenha ao seu alcance o que pode pegar para fazer mal uso, não tenha com que “aprontar”.


Isto mesmo, muitas vezes, mais que aos governantes, mais que à polícia, mais que à justiça, cada um de nós pode fazer algo para combater tanta irresponsabilidade. 

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

VIVER, É PRECISO

Com certeza, a ganância que domina muitas pessoas as impede de viver melhor, de contemplar a beleza de uma paisagem, de relaxar ouvindo uma boa música.

A ganância é irmã da avareza. Há pessoas que já são muito ricas, mas mesmo assim, desejam ter sempre ainda mais. Exploram o trabalho dos seus semelhantes com o chamado trabalho escravo, por exemplo. Não sabem repartir o que ganham, acumulam riqueza que não lhes servirá muitas vezes para tratar o mal do qual acabam por morrer.

Trata-se de uma doença cuja cura devemos implorar a Deus que dela nos livre.

Há muitas coisas que dinheiro nenhum compra, como: ver um filho que brinca alegremente com coisas que ele mesmo juntou, tomar um banho de mar e ficar na areia contemplando a beleza do infinito, ver o dia nascer ou se por, iluminado pela luz dos sol, ouvir o canto dos pássaros, passear numa mata onde for possível, pisando as folhas secas caídas pelo chão e até se deliciar com o “cri cri” de algum grilo. Ouvir o barulho da chuva, o silvar dos ventos, o balouçar dos galhos das árvores.


A ganância coloca o homem em sala fechada, respirando do ar condicionado, iluminado pela luz elétrica, o vai e vem das pessoas... vai passando pela vida sem viver.  


quarta-feira, 12 de outubro de 2016

HAITI DO POVO MAIS POBRE E MARTIRIZADO DO PLANETA.

Escrito depois do terremoto de 2010.                                                             E quando ainda não se tinham recuperado, nova destruição.                                                                     

Sofre sem entender. 
Já era o mais pobre país do planeta, de gente martirizada, à margem da cultura, do desenvolvimento, da história. Mas um terremoto se abateu sobre ele, fez ainda mais estragos e roubou mais de 200 mil vidas. Então virou manchete de todos os jornais do mundo. Agora todos falam do Haiti. 

Situa-se num conjunto de arquipélagos entre as duas Américas, ocupa o terço ocidental da Ilha de São Domingos, possuindo uma das duas fronteiras terrestres da região, a que faz a leste com a República Dominicana. Acapital é Porto Principe. 



É só devastação. 
95% da população é negra, 4,9% mulata e tão somente 0,1%, branca. 80,3% dos haitianos professam a religião católica. Não se negue contudo a forte influência africana com suas práticas religiosas semelhantes a dos denominados cadomblés. Foi o primeiro território americano a ser descoberto por Cristóvão Colombo,  cedido à França pela Espanha em 1697. No século XVIII, chegou a ser a mais próspera colônia francesa na América, com a exportação de açúcar, cacau e café. Trata-se da  primeira colônia de maioria negra, mediante revolta de escravos, a conquistar a libertação, em 1794. Mas no mesmo ano, a França dominou a ilha. Um ex escravo Tousasaint Louverture tornou-se Governador Geral em 1801, redigiu uma Constituição para o país em cujo artigo 1º esculpiu o comando: “A escravatura está para sempre abolida, não podem existir escravos sobre este território.” Mas não durou, foi deposto e morto pelos franceses. Em 1803, outro líder, Jacques Dessalines, organiza o exército e derrota os franceses. Declarada a independência, o próprio Dessalines proclamou-se Imperador.

Tamanha coragem valeu ao Haiti 60 anos de bloqueio comercial imposto pelos escravistas europeus e estadunidenses. No governo de Jean Pierre Boyer, cercado pela frota da ex-metrópole, constrangido, assinou tratado pelo desbloqueio, sendo imposto ao país a título de indenização à França, a quantia de 150 milhões de francos, reduzidos para 90 milhões, o que não impediu nada menos que, o exaurimento da economia do país.

Sabem mas não têm escolha.

Depois do terremoto as Nações se mobilizam e centenas de aviões carregados de alimentos, roupa e água foram mandados para o Haiti, de todas as partes do mundo.

Além do que já foi, o governo brasileiro prometeu doar US$ 15 milhões ao Haiti, 14 toneladas de produtos alimentícios, entre sardinha, leite em pó, açúcar cristal e água.

Releva ser dito que a precariedade do país, máxime pela destruição sofrida, dificulta a chegada das próprias ajudas. Não há estradas, aeroporto destruído, linhas telefônicas interrompidas, ainda é precário o contato pela internet.

Órgãos governamentais e ONGs disponibilizaram contas bancárias para receber doações. O Banco do Brasil abriu uma conta (SOS Haiti - agência 1606-3, c/c 91.000-7) para o recebimento dos recursos que serão administrados diretamente pela Embaixada do Haiti no país.

Entretanto, o Haiti não precisa só de pão e água. Clama por desenvolvimento, clama por ser capaz de superar suas dificuldades e se tornar deveras uma Nação Soberana, mediante a liberdade merecida pelo seu povo, gente como qualquer outra, todos filhos de Deus, igualmente feitos á sua imagem e semelhança. 

Em artigo intitulado "Lamento junto a Deus pelo Haiti", desabafa Leonardo Bofff:   Em cada haitiano que sofre soterrado ou que morre de sede e de fome, morremos um pouco também todos nós junto com eles. Finalmente somos irmãos e irmãs da única e mesma família humana. Como não sofrer?”

Ante a indigência haitiana o Prof. Ricardo A. S. Setenfus que integrou a missão da ONU/OEA no Haiti em 1993 afirmara: “A idéia de que cada sociedade deva resolver de forma autônoma seus dilemas nacionais – sustentáculo do princípio da não intervenção – é absolutamente inaplicável em certas situações como, por exemplo, no caso haitiano. Jamais este país conheceu ao longo de sua história sequer vestígios de democracia. A vontade da maioria sempre foi esmagada pela força.  ...uma cruel realidade. ... Nada é mais desumano que a demonstração de indiferença frente ao sofrimento de outrem.”

Ante o sobredito, importa que as Nações – seu povo - se predisponham a ajudar o Haiti, de mãos dadas com sua gente, atentas aos seus grandes anseios, até porque o país que não tem nada para dar,  precisa tudo receber. Que se entenda isso. Que o Haiti se inclua nos projetos desenvolvimentistas nacionais.

Nada mais soa atual no momento, que proêmio da Constituição Gaudium
Ninguém tem o direito de apagar esse sorriso.
et Spes,
 (Vaticano II): “
As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração”.

“Eles sofrem, nós sofremos”. “Guiados pelo Espírito Santo.  Eco no coração. A Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história”.





sexta-feira, 7 de outubro de 2016

O MINISTÉRIO PÚBLICO

 Estes artigos datam de algum tempo.
Resolvi (re)publicá-los como informação para fazer 
frente à tentativas de fazer calar essa soberana instituição.

Não obstante sua origem deite raízes na longevidade dos tempos, continua faltando a diversos, dos mais diferentes segmentos sociais, uma ideia do que realmente seja o Ministério Público, mesmo estando claramente definido na atual Constituição Federal como instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
É a mesma Constituição a fazer consistir seus princípios institucionais na unidade, na indivisibilidade e na independência funcional dos seus órgãos, além de lhe  assegurar autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o que dispõe, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas e de provas e títulos.
Nem sua  origem  encontra guarida pacífica na  História, não havendo possibilidade de precisar  onde tenha surgido, quando, nem como. Mas nem tudo são trevas a respeito, como  disse BERTO VALORI, ou seja, que “há 4.000 anos, no Egito,  havia uma classe de agentes públicos cujos deveres consistiam em serem olhos e a língua do Rei; a eles competia  castigar os rebeldes, reprimir os violentos e proteger os cidadãos pacíficos;  acolher os pedidos do homem justo e verdadeiro, perseguindo o malvado e mentiroso; eram como  marido para as viúvas e pais para os  órfãos;  faziam ouvir as palavras da acusação, indicando as disposições legais aplicáveis em cada caso, além de lhes competir tomar parte nas instruções para descobrimento da verdade”.
No seu  Curso de Processo Penal, [1]Hélio Tornaghi  afirma que a França foi o primeiro país a registrar de forma segura o surgimento de um órgão com  características semelhantes as do atual Ministério Público, bem como que,  após a Revolução Francesa, tal modelo foi adotado por toda a Europa e pelas Américas, tornando-se em seguida,  uma instituição mundial.
No Brasil, a figura do Promotor de Justiça só surge em 1609, quando é regulamentado o Tribunal de Relação da Bahia. No Império, a Instituição era tratada no Código de Processo Criminal, sem nenhuma referência constitucional. Somente na Constituição de 1824, era criado o Supremo Tribunal de Justiça e os Tribunais de Relação, nomeando-se os respectivos Desembargadores, Procuradores da Coroa, reconhecidos como Chefe do Parquet.  A expressão Ministério Público só é utilizada pela primeira vez, no Decreto 5.618, de 2 de Maio de 1874.
Com a Constituição de 1891, também pela primeira vez, o Ministério Público mereceu referência no Texto Fundamental. Entretanto, não lhe foi reconhecida condição de órgão autônomo e aquela, mesmo sendo constitucional, era uma referência deveras lacônica. Assim dispunha o § 2º do artigo 58: "O Presidente da República designará, dentre os membros do Supremo Tribunal Federal, o Procurador Geral da República, cujas atribuições se definirão em lei."

Depois, veio a  Constituição Federal de 16 de julho de 1934, cujos  artigos 95 a 98, tratavam de forma mais definida a própria razão de ser do Ministério Público, além de delinear de forma, ainda que  genérica,  suas  competências funcionais. Ao Procurador Geral da República, nos termos do § 1º do artigo 95,  foram atribuídas  as seguintes atribuições e prerrogativas: "O Chefe do Ministério Público Federal nos juízos comuns é o Procurador-Geral da República,  de   nomeação do Presidente da República, com aprovação do Senado
Federal, dentre cidadãos com os requisitos estabelecidos para os Ministros da Corte Suprema. Terá os mesmos vencimentos desses Ministros, sendo, porém, demissível ad nutum."

Mas a  Carta de 1937 extirpou o Parquet do ordenamento constitucional e do próprio cenário político. Ocupou-se por sua vez, a Constituição de 1946 de voltar a inseri-lo. Em 1967,  o Ministério Público passou a integrar o Poder Judiciário e  pela  Emenda Constitucional nº 01 de 1969, o Poder Executivo. Deste modo, pode ser dito: a real importância da Instituição só recentemente, pela Carta de 1988, foi realmente reconhecida. O Ministério Público passou a ocupar posição autônoma frente aos três Poderes Estatais e no exercício pleno de suas atribuições pôde passar a exercer com independência funcional e administrativa todas as atribuições que lhe são afetas, destinadas no contexto nacional, a defesa  sem reservas, dos interesses sociais e individuais indisponíveis, a tutela  dos interesses difusos.

O Ministério Público na atual Constituição
A Constituição de 1988 reservou um capítulo próprio ao Ministério Público, ali se esculpem seu destino e as atribuições que lhe são próprias, praticamente tudo o que possa ser dito a seu respeito. À Lei,  que nem precisou ser complementar,  ficou reservado apenas, dispor sobre sua organização e funcionamento.
Como agentes políticos, os membros do Ministério Público devem atuar com ampla liberdade funcional, não estarão condicionados senão aos parâmetros da legislação que envolver os diversos casos a sua apreciação submetidos e pelo que for ditado pelas  suas consciências. Tamanha responsabilidade, indiscutivelmente, implica na necessidade de garantias, prerrogativas, deveres, e responsabilidade funcional próprios. E isto também se encarregou de lhe assegurar a Constituição atual. Por isto, volta-se a enfatizar, ficou reservado à lei, nos estados de modo particular,  apenas repeti-las.

O Ministério Público da União compreende o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Militar e o Ministério Público do Distrito Federal. Cada Estado tem o seu  Ministério Público Estadual.

As respectivas funções institucionais estão relacionadas no art. 129 da Constituição Federal, consistem na  titularidade da ação penal, da ação civil pública para a tutela dos interesses públicos, coletivos, sociais e difusos e da ação direta da inconstitucionalidade genérica e interventiva, nos termos da Constituição; é o garantidor do respeito aos Poderes Públicos e aos serviços de relevância pública; defensor dos direitos e interesses das populações indígenas; intervém em procedimentos administrativos; é controlador externo da atividade policial, na forma da lei complementar, podendo para tanto, inclusive, instaurar respectivo procedimento administrativo, quando necessário.

O ingresso na carreira se dá através de concurso público, de provas e títulos, nele é assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil.   

No Estado do Espírito Santo, coube à Lei 95/97, complementar o que dispõe à Federal 8.625/93. A carreira é constituída a partir do cargo de Promotor de Justiça substituto, segue-se o de Promotor de Justiça de 1ª, 2ª e 3ª instâncias; Promotor de Justiça de Entrância Especial, e finalmente, Procuradores de Justiça. Estes pertencem à 2ª instância e militam  junto ao Tribunal de Justiça.

 

Verdadeiro defensor


Quem bem analisar, vai concluir que o Ministério Público há muito tempo, se despiu daquela figura implacável de acusador, que é verdade, envaideceu muitos dos seus integrantes, principalmente, aqueles que se notabilizaram nos tribunais do júri popular, pelo que, somavam  como verdadeiros integrantes dos próprios currículos, a quantidade de anos, obtidas nas  acusações.

De fato, cumpria-lhe  se encarregar de enfatizar o que “fosse torto”. Ainda recentemente, era até recomendado, apesar de cada órgão já dispor da faculdade de exercer sem restrições sua titularidade absoluta da ação penal pública, que, nem ante evidências inafastáveis de ocorrência da própria legítima defesa, se prescindisse da ação penal. Mantinha-se assim, alguém processado, por todo o tempo em que acontece uma instrução,  agravada pelo volume processual, pela troca freqüente seja do membro do Parquet, como do  Juiz no curso da instrução e via de conseqüência, pela ineficiência do acompanhamento de cada caso, como forma de assegurar a máxima celeridade da prestação jurisdicional, conduzida pelo Juiz sim, mas  sempre, sob a atenta vigilância  do Ministério Público, em cada fase.

        Mas isto é passado. Hoje, o Ministério Público se afigura como autêntico advogado dos interesses sociais, dos interesses difusos e coletivos. É titular da ação que se fizer necessária para proteger o que é de todos. Quando na ação penal, comunica e apresenta  ao Estado Juiz, o fato e requer a pena, dá voz à sociedade ofendida por uma conduta individual, exerce a função que o mesmo Estado lhe deu, tem verdadeira atribuição de advogado, estritamente ligada a de defensor.

Defende a criança, o ancião, o meio ambiente, enfim, tudo o que for de todos.

Quando a Constituição Federal  não recepcionou a figura do Ombudsman foi exatamente porque já assegurara ao membro do Parquet,  todas as atribuições que àquele são inerentes.

De fato, o Ministério Público é potencialmente, um Advogado da sociedade, com vantagem para esta,  não precisa, antes, não lhe deve pagar honorários. Veja-se,  nas pequenas cidades, de modo especial,  a autêntica procissão que se faz, rumo ao gabinete do Promotor. É isto que  o faz se valer de todas as formas para não frustrar nenhuma expectativa, bem como adverte para as diversas iniciativas, no sentido de fazer suprir a falta do que ainda não existe, por meio da ação civil, se necessário,  com faculdades próprias,  quando urgir.

Onde quer que se vá, seus integrantes são reconhecidos como expectativa do asseguramento de todos os direitos, como certeza de que sua intervenção assegura o reconhecimento deles, sem reservas. Cumpre-lhes pois, não frustrar tal expectativa ou apagar tal esperança.

Para encerrar, me valho do que já dissera Prudente de Moraes Filho: "É uma magistratura especial, autônoma, com funções próprias. Não recebe ordens do Governo, não presta obediência aos juízes. Age com autonomia e em nome da sociedade, da lei e da Justiça".




[1] SP - Saraiva, 4ª Ed, Vol 1, 1987, p. 480

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

A POESIA DE EDITE ANGELI MEIRELES

Edite Angeli Meireles

Nasceu em Santa Teresa-ES e dedicou sua vida inteira ao magistério. As sequelas da grave poliomielite foram transformadas em flores e poesias. Desenha, pinta, monta peças teatrais, compõe. Simples e muito religiosa, é mãe de três filhas, plantou árvores e escreveu três livros, ganhou concursos e troféus. É autora do hino do Centenário de Santa Teresa-ES. Edite mora atualmente na mesma cidade em que viveu toda sua vida.

Pedaços da Infância

Saudade de nossa infância
Dos parreirais de uva rocha,
Das laranjeiras em flor,
Saudades das brincadeiras,
Brincadeiras de criança...

De mãos dadas, “Dona Mariquinha”,
Cantigas de roda a dançar.
O chicotinho queimado,
“Amarelinha” no chão,
No chão todo rabiscado.

O terço, na capelinha,
As mornas tardes, rezar
Rezar sempre a Ladainha
E doces hinos, cantar...

Saudade de nossa escola
Ond eaprendi o B + A = BA
Das merendas nas sacolas,
Das  frutinha nas angolas
Quanta gula a devorar!

Dos busca-pés, das estrelinhas
Dos foguetes e rojões,
Brilhando todo este céu,
Cai brilho por todo chão...

Na memória, as fantasias,
A inocência, a indagação,
E as respostas compreendidas,
Através de um doce olhar.

Saudade da professora
E das carteiras compridas
Do quadro das redações,
Doces momentos da vida!

Saudade de um hino triste
Que a professora ensinava
A meninada cantava
Cantava e até chorava
Porque as férias iam chegar.


Augusto Ruschi e sua Amante Natureza

Protegeste tanto a natureza, tanto...
Estudaste cada caule, cada flor.
Desfrutaste o aroma por encanto
Deste a ela o melhor do teu amor.

Admiraste-a grávida e nua,
E com ela viveste todos os momentos
Das contrações da dor e da esperança
Que a cada minuto surgem teus rebentos...

Verdes, rosas, azuis, todas as cores,
Que cobrem como manto o teu chão,
Inda mais cores do que eu pudesse ver,
Grande amor! Fruto da tua imaginação.

Um dia, com ela confundiste-te,
No fenômeno fotossíntese misturaste-te,
Para por encanto, desaparecer...
Aqui no nosso ser, tu aind avives,
No desabrochar das rosas no amanhecer.

Os acordes do bico de arara,
Gritos surdos inda clamam por ti
E na lâmina da orquídea,
O orvalho que chora, inda posso ouvir-te,
Oh! Pai do Colibri!

Não sofreste as críticas irônicas
Foste maior, compreendeste
Quão exíguo de espírito e importantes,
Os que riram do teu grande amor!

Peço a Deus que, de onde estiveres
O milagre possa permitir,
Que esta terra se cubra de flores
Que desperte em outra mais, os teus Amores,
Ressuscitem as sementes em ti.

Beija flores continuam a bailar...
É o balé da Ave Maria...
Que afinem os ouvidos e que ouçam...
Que canção! Que suave harmonia!

O teu marco deixaste na história,
Aqui e nas divisas desta imensidão
São os teus rastros de Amor que sussurram...
Consciência! Não destruas o chão...

Obrigada, grande naturalista.
Esteja na luz de Deus!


Doces momentos

Também audosa a alma gêmea
Lembranças doces e as fantasias
Doces lembranças da infância minha
Olhar no ocaso, o sol se escondia...

O peito em festa, esquecer os traumas
Volúpias, risos de ironia
Nos verdes campos botões de fecham,
Saudosa terra da infancia minha.

Das cicatrizes dos vendavais
Se foram os tempos, não voltam mais
Saudades infindas
De uma infância linda.

Cabelos longos, cabelos soltos,
Olhos azuis, descalços os pés
Vivendo sonhos, inocentes sonhos,
Infância linda, eu quero ainda
Te reviver...

Obrigada, Deus

Agradeço a Deus do Céu
Por eu ter nascido aqui.
Viver uma infância linda!
Da qual nunca me esqueci.

Uma hora, estava eu nos galhos,
Das fruteira do pomar.
Ah! Outras dentro dos rios,
Tomando banho ou boiar...

Às vezes nos terreiros,
Jogando a minha peteca,
Outras dentro da casinha
Fazendo dormir as bonecas.

Procurava os riachos,
Pedaços de louça quebradas
Ornamentava a Igrejinha,
Era ali que eu rezava.

Pelos campos ia correndo,
Sentindo o cheiro das flores.
Às vezes de boca aberta,
Chorava sem sentir dores.

Dentro das caixas vazias,
Isto é verdade, é um fato.
Muitas vezes lagartixa,
Outra o enterro dos sapos.

Colheita de manhãzinha,
Os morangos nas estradas,
Tirava pena dos frangos,
Para fazer almofadas.

Se a mamãe surpreendia,
Cortando os retalhos dela,
Eu fugia das chinelas
Pulando pelas janelas.

Brincava de cozinhado
De piquenique e de roda.
Gostava de usar as tintas
E também d epular cordas.

Fazia comédias e dramas
No palco das fantasias!
Onde eu era personagem
Daquela doce Magia.








DIA NACIONAL DA CIDADANIA


Fui satisfazer minha curiosidade e olhei na agenda “dia de quê é hoje”?  Entre outros, achei interessante que 05 de outubro é o “Dia Nacional da Cidadania”.

Curioso! o que será que moveu aqueles que quiseram enfatizar ou quiseram um dia para cidadania, que de resto passou em brancas nuvens. Pelo que observei, só pessoa como eu ou que quis fazer o que fiz tiveram presente a comemoração. Comemoração? Mas não houve comemoração. Nem as redes sociais que falam de tudo e de todos a mencionaram.

Mas imagino que a intenção tenha sido fazer lembrar às pessoas sua condição de cidadãs, homens e mulheres que moram na cidade.

Você sabe o que é uma cidade, claro! Um espaço, um território, onde moram pessoas, as quais em nome da boa convivência, são sujeitos de direito e de tantas outras obrigações ou deveres, de cuja fiel observância depende a paz.

Cidadania é o conjunto desses direitos e deveres que cada um deve cumprir e outro conjunto de deveres a observar.

Por mais simplórios que sejam cidadãos e cidadãs, todos são dotados de discernimento suficiente para distinguir o certo do errado. Na hora que deve praticar qualquer gesto ou ato, ou proferir palavra, uma espécie de sino toca na sua consciência. Acordes melódicos se de aprovação; insistentes, menos espaçados, irritantes até, se de reprovação. De modo que, seguindo o sino, não há chance de errar.

O cidadão respeita as regras da boa convivência na comunidade da qual faz parte. Ele é livre de uma liberdade que, no entanto acaba onde a do outro começa. Quem pensa que pode tudo, está redondamente  enganado.

Pagar impostos, taxas de luz, água, telefone, entrar com respeito e corretamente vestido em estabelecimentos diversos de acordo com o respectivo fim, estar na rua que é pública, não individual tem suas convenções e até lei e não se pode exatamente fazer tudo o que se quiser, “ou que na telha der.”

Neste dia da cidadania, vamos lembrar de tudo isto, tem a ver com a Oração de São Francisco que comentamos.

Tomara que mais do que de democracia, falemos de cidadania. Aquela sem esta, no mínimo é só fraqueza, ao passo que quem se sente cidadão não foge a luta, facilita a vida dos outros, cumpre exatamente a sua parte no que lhe é atribuído.

E não precisaremos de um dia, porque na verdade dia de cidadania é todo dia.


Marlusse Pestana Daher

Vitória, outubro de 2016