quinta-feira, 16 de outubro de 2014

ALTERNÂNCIA NO PODER


“No céu, no mar, na terra, canta Brasil!” quer o canto, mas como, se os contrastes continuam crescendo e fazendo ainda mais a “diferença entre os poucos que têm tanto e os muitos que pouco ou nada têm”, Digo-o, repetindo o Papa Paulo VI, no seu memorável discurso em Medelin, num encontro com Bispos católicos.

Entre os fatores que atravancam nossa  caminhada rumo ao sol, está a de continuarmos mantendo sempre os mesmos no poder. Poder é uma outorga do povo a alguns, para que no exercício digno das atribuições que recebem ou inerentes ao cargo, promovam o bem geral e a união ou como se lê no artigo 3º da Constituição Federal: “construa uma sociedade livre, justa e solidária;  garanta o desenvolvimento nacional; erradique a pobreza e a marginalização e reduza as desigualdades sociais e regionais;  promova o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.

O povo tem dado demonstração de que está disposto a salvar o povo, quando se une e calça a própria rua, quando faz  multiplicarem-se ONGs  que prestam os mais diferentes serviços aos seus circunvizinhos, quando quem já é pobre reparte o que tem com outro mais pobre ainda, quando a família que já é grande e sobrevive no sacrifício, ainda acolhe até mediante adoção, criança carente de um lar. Pesquise-se no juizado da infância e será constatado que mais de noventa por cento das adoções que ainda acontecem, são feitas por pobres.

Mas ainda são exatamente esses que se contentam com as migalhas que lhe são oferecidas no período de campanhas eleitorais, ignorando que o que  recebem com aparência de dom, é apenas parte da fração que lhes pertence por direito, que não lhes foi entregue, que lhes foi negado, que lhes foi roubado. Perfeito  aquele humorista que representa aquele deputado, não faz apenas palhaçadas,  denuncia uma realidade que não basta ter olhos para ver.

Com razão: os que se entregam à luta, denunciando a ineficácia, ao menos nesta hora,  da política neoliberal praticada na  nação brasileira; os que lutam diuturnamente em busca de espaço para prosseguir  no cumprimento da missão popular redentora, os que anelam por um mundo novo.        É preciso que os que tiverem fôlego não desanimem e aos céus pedimos que os sustente, não permitam que esmoreçam.
Por que eleger sempre os mesmos? por que não permitir que se plenifique o brilho de  outras estrelas? por que insistir em querer abarcar todos os espaços e ter a mão estendida até o último confim? Para dominar tudo e todos, para mandar e desmandar, para ser senhor de vida e de morte de todos? O que significa esta obstinação de não medir esforços, de usar de meios oportunísticos na reta da chegada? Que se dê vez ao RESPEITO.

É o lado democrático de cada um que se deve fazer ouvir. Democracia é participação, delegação e divisão de tarefas, é responsabilidade participada, é o estado onde não se faz calar pela força  os que se querem manifestar ou fazer vislumbrar o medo de perderem o que foi conseguido com muita camisa suada.

Que venha a emergir do recôndito de cada um, o cidadão que dorme. Que mantenha bem abertos os olhos  para saber ver além dos agradinhos de última hora.

Saiba enfim que a urna  aonde se vai,  é altar  em que se imola como vítima a própria sorte, o próprio futuro familiar e social ou institucional. Quando o sacerdote é você. Ao sair dali, tomara que se possa  vir a saber que o sacrifício oferecido foi agradável, ou continuaremos a ser os mesmos, quando só nos restará sentar as margens dos rios formados pelo nosso pranto que não se aplacará por ser deveras lamentável ter perdido a oportunidade de propiciar, a alternância no poder.


Marlusse Pestana Daher