A todos os que viveram aquele tempo.
Em criança, meus pés nunca gostaram de calçados
andava mesmo era pé-no-chão, onde quer que por onde eu fosse.
Obstáculos? Lesões?
Imagine-se só. Muitas foram as vezes em que eles aconteceram. Uma tábua com prego exposto aqui, um caco de vidro por ali, de volta à casa invariavelmente entravam em ação aquelas mãos santas, benfazejas da nossa vovó Rosinha.
Quiabos verdinhos bem socados, pirão de não sei o quê, em geral quente, colocado no desafortunado calcanhar, era sempre ele, o incauto; protegeria o ferimento e assegurava cura em breve a gravidade fosse qual fosse.
Gaze? não tinha não. Um pano velho, bem limpo, dobrado servia de proteção. Para manter ali bem firme, o... o... lembrei: “emplastro”.
Nas extremidades uma tira de pano dividia-se em duas partes, Uma, estrategicamente entre os dois, cobria o calcanhar e um pouco mais acima ia até à sola do pé e vinha a amarração.
Pronto tudo estava bem. Pouca coisa era tão bonita, pisar na ponta do pé, calçar um só pé de sapato para ir à escola, era preciso.
Sinceramente, para a menina que fui,
pouca coisa era mais linda,
por exemplo, quebrar o braço,
vê-lo engessado e usar tipoia.
17 h 14 m 29/01/2020