A
festa da Penha chega hoje ao seu ápice. Depois do domingo de Páscoa, quando a
terra explodiu em aleluias, anunciando a ressurreição vitoriosa de Jesus, em
cada dia se desenvolveu uma prática
particular carinhosamente preparada, fez-se um oitavário.
Catedral ortodoxa de Atenas |
Em
procissão, em grupos de amigos, com familiares ou sozinhos, a verdade é que
todos os que chamamos Maria de Mãe e a queremos como protetora para as nossas
vidas, vamos à Penha. Subindo pela ladeira antiga, mais íngrime e mais recolhedora,
ou pela nova, mais movimentada, cantando ou rezando, o importante é chegar lá e
cumprir nossa particular devoção, com nosso particular modo de ser, com a
expressão que particularmente nos caracterizar.
Por
que amamos Maria? Uma primeira resposta óbvia é: porque ela é mãe de Jesus e
nossa mãe. Não nos detemos, sem profundidade, em considerá-la apenas uma bem
aventurada. Maria foi concebida no pensamento de Deus, exatamente, quando Ele concebeu o plano da salvação para redimir
todos os homens do pecado. Seu Filho seria verdadeiramente Homem, logo, carecia
do ventre de uma mulher para que se fizesse carne e habitasse entre nós.
E
aquela que era simplesmente uma menina soube cumprir em todas as dimensões o
papel que lhe foi confiado. Imensamente humana, permitiu ao lirismo de D.
Tonino Bello interpretando a afirmação conciliar de que “Maria vivera na terra
uma vida absolutamente igual a de todas as mulheres do seu tempo”, poetar assim
se exprimindo: “... pode ser que alguém tenha dito: Maria, teus cabelos estão
ficando brancos” e na primeira oportunidade ela checou a veracidade do que
ouvira espelhando-se na fonte e terá provado a mesma sensação que provam todas
as mulheres, quando se apercebem que a juventude se vai’.
No
entanto, nem se fez concessões. E quando o Filho morria na cruz ela lá estava
de pé. Jesus tinha o olhar turvado, a mente dilacerada pela violência de ter
sido pregado pelas mãos e pelos pés, o respiro é sufocado até pela posição
imposta pelo patíbulo... mas Jesus é Deus!
E por isto nada O impediu de escrutar o coração de Maria, pois, conhecia
seus sentimentos. Ele sabia que Maria estava ali, com a humildade da fé. Jesus
leu na alma límpida de Maria e viu que não obstante a tempestade do Calvário, ela permanecia
indestrutivelmente apoiada na certeza de que DEUS É AMOR. Maria vê esse amor,
observa com olhos apaixonados de Mãe, O vê pregado na cruz e repete com o mesmo
sentimento e a mesma disponibilidade o SIM
translúcido do dia da Anunciação.
E
foi naquele momento que Jesus fundou a devoção que hoje se propaga e passa de
pais para filhos, devoção a Nossa Senhora, cuja maior expressão reside na
imitação de suas virtudes. E vendo ao lado da Mãe o discípulo amado diz: “Mãe,
eis ai teu filho”! e olhando para o discípulo: “Eis a tua Mãe”. E daquele
momento o discípulo levou Maria para sua casa.
Muitos
já fizemos o mesmo, mas há muito a ser feito para ninguém deixe de levar Maria para sua casa.
2006