Marlusse Pestana Daher
Cada ano que
passa representa uma etapa da vida que se viveu e os sentimentos que provamos
variam de pessoa para pessoa, passa pelas circunstâncias pelas quais cada um querendo
ou não teve que vivenciar, deliberadamente ou por aquela impossibilidade que se
assemelha a do “rio que estremece quando se avizinha do mar e lembrando de sua
trajetória teme a própria sorte, mas como não tem jeito de voltar, ingressa
oceano a dentro e quando dá conta de si, virou oceano também” e entra no
bailado das ondas e já não se lembra do passado ainda que muito próximo.
Centenas de
votos de feliz ano novo, com prosperidade, com alegria, com sucesso e tudo que
há de bom, chegaram-nos de amigos mais ou menos íntimos, de amigos virtuais que
sequer conhecemos os rostos, expressados do mais profundo do coração ou
simplesmente por mera formalidade, mas todos formulados lá no fundo do coração onde
tem uma sementinha geradora de sensiblidade, da maior qualidade.
Inúmeros são
os protestos de que devemos crer em Deus, de que a fé nos deve acompanhar, que
Deus nos conduz, que é Pai e Mãe para nós, que nos amou tanto que deixou de
lado sua natureza e vestiu-se da nossa, para dar a maior prova de “amor que
pode ser dada de um amigo a outro: a entrega da própria vida”.
Mas também não
se pode dizer que apesar de termos absoluta a mais profunda certeza de que tudo isto é
verdade, quando a dor chega e certas vezes tão forte, se duvida, ainda que ao
mesmo tempo nos consolando ao lembrar: “que quando Jesus sentiu que chegou a
sua hora, sofreu profundamente e ainda que condicionando o que pedia à vontade
do Pai se fosse da vontade dele, pediu: “Pai, afasta de mim este cálice”.
O mundo
caminha a passos largos para sua autodestruição, é desenfreada a ganância de
mandatários investidos das funções governamentais, legislativas e judiciárias
cujo poder não lhes é próprio, pertence
ao povo em nome do qual deve ser exercido. Mas também um povo
que “não está nem ai” e candidato bom é aquele “que lhe der mais”
Houve
sofrimento derivado das estruturas, houve muito, no âmbito das famílias
existindo as que tiveram que chorar perdas dolorosas dos seus amados. Como dói,
como custa a passar, dói tanto que a sua expressão maior, a lágrima, jorra aos
borbotões a ponto de quanto a gente se apercebe já molharam o chão que se está
pisando. Por que a
morte tem que chegar deixando ainda insolúveis tantos pequenas questões...
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Rita de Cássia Pestana Daher Irmã querida, há 23 dias voltou para o Pai. Saudades. |
Mas como se
diz, a vida continua, em horas ai estará o novo ano a ser vivido. Deve ser
encarado com coragem, sem prantos, de frente, pois são 365 dias para fazer com
que as coisas mudem e a vida seja melhor.
O que não deu
certo no ano passado que seja lição a ser estudada e usada para não repetir erros.
Os sofrimentos devem mudar de cor que sejam brilhantes e nos encham os olhos.
As alegrias, redobradas e multiplicadas, os talentos recebidos tais e quais os confiados
por aquele Senhor aos empregados já que empreenderia longa viagem, não podem ser enterrados, mas usados da
melhor forma para que se multipliquem.
Pensando bem,
muito foi recebido, tudo que nos deram nossos semelhantes deve ser agradecido,
as mágoas mandadas para longe. É preciso reconhecer as graças recebidas e que
certamente, estas sim, foram muito e muito mais numerosas. Em 2017, abrimos os olhos 365 vezes e pudemos ver tudo, houve um pedaço de pão para comer, pessoas que nos
disseram “gosto de você” e ainda muito mais que de tantos se torna impossível elencar.
Juntemos todos
os nossos sentimentos e ofereçamos em oblação ao Pai, será um sacrifício agradável
e a recompensa abundante constituída dos
melhores frutos.
Feliz Ano
Novo.
Vitória, 31 dedezembro de 2017 10:25