quarta-feira, 27 de novembro de 2013

NOSSO PEQUENO ESPIRITO SANTO

O nosso pequeno Estado do Espírito Santo, uma das 27 unidades federativas do Brasil, tem 46.098.571 km2. Ocupa apenas 0,54% do território brasileiro. Divide-se em 78 Municípios, cuja população é estimada em 3.839.366 habitantes, e cuja densidade demográfica é de 76,25 (hab/km2), composta de pardos (50,7%), brancos (41,4%), negros (7,5%), asiáticos e índios (0,4%): nativos, portugueses, afrodescendentes, italianos, alemães, japoneses e outros. Situa-se no Sudeste do Brasil - região mais rica do País - confrontando-se: a Leste, com o Oceano Atlântico, ao Norte, com a Bahia, a Noroeste e Oeste, com  Minas Gerais; ao Sul, com o Rio de Janeiro.

Sua Economia se assenta, precipuamente, na exportação e importação, na agropecuária, na indústria de celulose, de rochas ornamentais de mármore e  granitos (a maior do país), na exploração de petróleo (a 2ª maior do país) e gás natural (maior do país) e serviços.

Seu PIB (Produto Interno Bruto: o 4º do País em 2011), que é a soma de todas as riquezas produzidas, resulta, esobretudo, dos setores de Serviços (56,3), Indústria (34,5%) e%) e Agropecuária (9,3%). Dividindo-se esse PIB  pelo número de habitantes, acha-se a renda per capta: R$ 27.542,00.

Apesar de o ES ser o 7º em IDH (Índice de Desenvolvimento Humano: 0,802), que considera, sobretudo, três fatores [1º) - Educação (0,653): acesso ao conhecimento; 2º) - Saúde: vida saudável e longa (0,835); 3º) - Renda: padrão de vida decente (0,743)], sua situação, no pertinente à Saúde e à Segurança, exige providências sérias e urgentes, conforme se evidencia dos dados abaixo.

A Saúde está enferma (quase na UTI), sobretudo pelas razões seguintes: 1) - incompetência e desonestidade; 2) - deficiências na estrutura física; 3) - defasagem em recursos humanos; 4) - defasagem em recursos financeiros: 5) - apenas 55,2% do seu povo tem rede de esgoto; etc. etc. Enfim, o descaso com a Educação alcança também a Saúde.

A Segurança, por seu turno, anda demasiadamente insegura. Senão, vejamos alguns dados que confirmam o triste quadro:

1) - embora, ultimamente, se tenha reduzido a taxa de homicídios, muito alta ela é ainda, pois ocorrem 27,5 mortes anuais por cada grupo de 100 mil habitantes;

2) - segundo dados recentes do IPEA (Instituto de Pesquisa Aplicada), o ES é campeão (1º lugar) em feminicídios (assassinatos de mulheres), cuja taxa é de 11,24 mortes anuais por cada grupo de 100 mil mulheres (das quais 54% entre 20 e 39 anos de idade), enquanto, no Piauí, foi de 2,71;  

3) - conforme dados do Mapa da Violência, de 2013, no ES, em 2011, a taxa de homicídios de jovens foi de 115,6 por cada grupo de 100 mil jovens, enquanto a média nacional foi de 53,4 mortes anuais por cada grupo de 100 mil jovens;

4) - em 2011, no ES, a taxa de homicídios entre os negros foi de 144,6 mortes por cada grupo de 100 mil negros, enquanto essa taxa, entre brancos, ficou em 37,3 por cada grupo de 100 mil brancos.

Urge acrescentar-se, ainda, que, em 1970, viviam, nas cidades do nosso pequeno Estado, pouco mais de 45% da população, ao passo que, hoje, residem, nas suas cidades, exatamente 83,4% do seu povo. A par disso, tínhamos, em 2008, 15,2% de pobres e 4,2% de indigentes.

O corporativismo integra o patrimonialismo, característica cultural herdada dos  nossa colonizadores. A propósito, há poucos dias, na Serra, alguns indivíduos tidos por bandidos mataram, de forma hedionda, um policial da nossa briosa Polícia Militar. Rapidamente se mobilizou um contingente que, eficientemente, prendeu os suspeitos desse hediondo crime, quando a Associação dos Policiais prometeu recompensar quem ajudasse na prisão imediata dos suspeitos. Infelizmente, já presenciamos, outras vezes, situações semelhantes: ação rápida e eficiente, mas isolada e eivada de clara ira corporativista, ao invés de encartar conduta serena policial permanente, alicerçada em formação cívica, republicana e humanística.   

Conclusão: o Espírito Santo poderia estar em melhor situação, se significativa parcela dos nossos gestores públicos não tivesse formação patrimonialista (egoísta, individualista, personalista, individualista, argentária etc.), pois, mal se elegem, começam a pensar nas próximas eleições, ao invés de pensarem nas futuras gerações, para que o Brasil real ceda espaço ao Brasil ideal.

Mas, a meu ver, tal pretensão só será possível com a adoção, sobretudo, de duas medidas básicas: 1ª) - uma educação universal, de qualidade, com reciclagem e remuneração digna dos professores; 2ª) - uma distribuição justa da renda nacional. Por derradeiro, invoco lição do nosso Monteiro Lobato: “Um país se constrói com homens e livros.”

Salvador Bonomo

Ex-Deputado Estadual e Promotor de Justiça aposentado.

Vitória, ES, 26 de novembro de 2013.