domingo, 11 de março de 2012

A QUARTA ESTAÇÃO


A quarta estação da Via Sacra representa o encontro de Jesus com sua Mãe Santíssima, quando já havia passado pela condenação, depois de Pilatos lavar as mãos e entregá-lo aos algozes, já havia sido torturado e como se diz, deixado em carne viva todo o corpo e nesse estado ter recebido sobre os ombros a pesada cruz iniciando a caminhada rumo ao calvário, onde seria crucificado.
Alguém terá ido dar a notícia a Nossa Senhora, - ainda que seu coração de mãe já soubesse de tudo, - da prisão, da condenação do Filho divino e até indicado o caminho mais curto para que fosse ao seu encontro mais depressa, por onde naquele momento devia estar passando.
É possível imaginar, ainda que nem com toda a realidade ou precisão, o que sentiu a Mãe ao vê-lo e o Filho também.
Não era uma mãe simplesmente, mas que criou o filho, viu-o crescer em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens; fazer graciosamente tantos prodígios, todo o bem, a todos, e como recompensa ser preterido a um ladrão e assassino, um malfeitor que até ganhou a liberdade: Barrabás.
Qual seria o instinto? Bradar contra todos, correr e projetar-se de encontro a Ele, tirar de seus ombros a pesada cruz, conduzi-lo ao melhor lugar que por ali fosse possível e com todo amor fazer curativos, encontrar formas de diminuir a dor que sentia e estancar o sangue que abundantemente corria.
Nada disto: ela sabia e Simeão também alertara: “uma espada de dor vai atravessar seu coração” e Mara repete com ainda maior intensidade seu sim: “faça-se, ó Deus, a tua vontade”!
O filho também sofre ao perceber tudo que passa pelo coração da mãe. Lado a lado fazem o restante da caminhada, sentem como num único coração cada dor da intensa paixão.
Já crucificado, a cruz erguida, quando a dor se faz mais intensa ele lança um grande grito, que ecoa pelo inteiro ser dela, rasgando como punhal, mas permanece ali, de pé, pois, não obstante a tempestade do calvário, jamais faltou a Maria a certeza de que Deus é amor.