A quarta estação da Via Sacra representa o encontro
de Jesus com sua Mãe Santíssima, quando já havia passado pela condenação,
depois de Pilatos lavar as mãos e entregá-lo aos algozes, já havia sido
torturado e como se diz, deixado em carne viva todo o corpo e nesse estado ter
recebido sobre os ombros a pesada cruz iniciando a caminhada rumo ao calvário,
onde seria crucificado.
Alguém terá ido dar a notícia a Nossa Senhora, - ainda
que seu coração de mãe já soubesse de tudo, - da prisão, da condenação do Filho
divino e até indicado o caminho mais curto para que fosse ao seu encontro mais
depressa, por onde naquele momento devia estar passando.
É possível imaginar, ainda que nem com toda a
realidade ou precisão, o que sentiu a Mãe ao vê-lo e o Filho também.
Não era uma mãe simplesmente, mas que criou o
filho, viu-o crescer em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens; fazer
graciosamente tantos prodígios, todo o bem, a todos, e como recompensa ser
preterido a um ladrão e assassino, um malfeitor que até ganhou a liberdade: Barrabás.
Qual seria o instinto? Bradar contra todos, correr
e projetar-se de encontro a Ele, tirar de seus ombros a pesada cruz, conduzi-lo
ao melhor lugar que por ali fosse possível e com todo amor fazer curativos,
encontrar formas de diminuir a dor que sentia e estancar o sangue que
abundantemente corria.
Nada disto: ela sabia e Simeão também alertara: “uma
espada de dor vai atravessar seu coração” e Mara repete com ainda maior
intensidade seu sim: “faça-se, ó Deus, a tua vontade”!
O filho também sofre ao perceber tudo que passa
pelo coração da mãe. Lado a lado fazem o restante da caminhada, sentem como num
único coração cada dor da intensa paixão.
Já crucificado, a cruz erguida, quando a dor se faz
mais intensa ele lança um grande grito, que ecoa pelo inteiro ser dela,
rasgando como punhal, mas permanece ali, de pé, pois, não obstante a tempestade
do calvário, jamais faltou a Maria a certeza de que Deus é amor.