quinta-feira, 19 de maio de 2011

FOLHINHA VERDE

Pois, tem que explicar mesmo. O que é Folhinha Verde a qual me referi em crônica  (S a –são, m a =ma, t h ê – teus. São Matheus). Caiu em desuso e resta só a lembrança.
Nos anos quarenta, cinquenta, talvez sessenta, máxime nelle piccole città, não se tinha muita novidade, originada do externo/exterior. Logo, o poder criativo se aguçava e todos se divertiam. Crianças e jovens inventavam suas brincadeiras, criavam seus personagens, faziam seus brinquedos.
Do lado de nossa casa, por exemplo, morava D. Maria de Mário. Ao nome Maria sempre se acrescenta um outro identificativo ou distintivo das demais. Mário era o marido dela, falecido precocemente.  Zezé, o José Santa Cruz, filho de D. Maria, tinha um batalhão formado de pequenas pedras que ele enfileirava como se fossem soldados por ele chamados de alunos da escola em parada de 7 de Setembro, era o que ele conhecia.
Era sempre visto, depois de ter limpado cuidadosamente um espaço no chão e ali permanecia horas a fio, promovendo um desfile de suas pedrinhas ao som de tambores e taróis repicando apenas na sua imaginação. Nem precisava de companhia. Fazia tudo sozinho. .
Casa no quintal, teatro, desfiles diversos, de moda e escolares, etc etc etc faziam-nos ser  imensamente crianças. Não se falava – até podia acontecer, mas era raridade – de adolescente grávida ou infrator.
Mas vamos à folhinha verde. Maria ou Pedro ou Juarez propunha a Antonio ou Célia ou Teresa: vamos ficar de Folhinha verde?
Ficar de folhinha verde significava obrigação de ter sempre consigo e pronta para exibir, quando solicitada, por quem com quem você ficou, uma folha verde de planta.
E o compromisso era muito sério. Sempre observado. Quebrá-lo se assemelhava a uma meio desmoralização, guardadas as proporções, do tipo do contrato com um fio de barba.
Quando um via o outro, gritava: Folhinha Verde! Essa deveria ser imediatamente apanhada onde estivesse com a pessoa interpelada. Não valia tirar de uma árvore naquele momento, nem apanhar em outro qualquer lugar onde tivesse sido deixada.
Caso contrário, tinha que “pagar uma prenda” a critério do interpelante.  Eram das mais estranhas as mais simples, custosas ou menos, mas sempre uma reprimenda ao incauto distraído.
E como se ficava de folhinha verde! E quanto era divertido! E quanto contribuía para se ter mais atenção com o compromisso assumido.  (Eu me lembro com saudade... velhos tempos, belos dias...).
Pronto, Rachel, minha prima, sua sugestão foi atendida.
Tenham todos uma leitura que se não for tão boa, ao menos será sadia.