Sua Economia
se assenta, precipuamente, na
exportação e importação, na agropecuária, na indústria de celulose, de rochas
ornamentais de mármore e granitos (a maior
do país), na exploração de petróleo (a 2ª maior do país) e gás natural (maior
do país) e serviços.
Seu PIB (Produto Interno Bruto: o 4º do País em 2011), que é a soma de
todas as riquezas produzidas, resulta, esobretudo, dos setores de Serviços
(56,3), Indústria (34,5%) e%) e Agropecuária (9,3%). Dividindo-se esse PIB pelo número de habitantes, acha-se a renda per capta:
R$ 27.542,00.
Apesar de o ES ser o 7º em IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano: 0,802), que considera, sobretudo, três fatores [1º) - Educação (0,653):
acesso ao conhecimento; 2º) - Saúde: vida saudável e longa (0,835); 3º) - Renda:
padrão de vida decente (0,743)], sua situação, no pertinente à Saúde e à
Segurança, exige providências sérias e urgentes, conforme se evidencia dos
dados abaixo.
A Saúde está enferma (quase na
UTI), sobretudo pelas razões seguintes: 1) - incompetência
e desonestidade; 2) - deficiências na estrutura física; 3) - defasagem em
recursos humanos; 4) - defasagem em recursos financeiros: 5) - apenas 55,2% do seu
povo tem rede de esgoto; etc. etc. Enfim, o descaso com a Educação alcança também
a Saúde.
A Segurança, por seu turno, anda
demasiadamente insegura. Senão, vejamos alguns dados que confirmam o triste
quadro:
1) - embora, ultimamente, se
tenha reduzido a taxa de homicídios, muito alta ela é ainda, pois ocorrem 27,5
mortes anuais por cada grupo de 100 mil habitantes;
2) - segundo dados recentes
do IPEA (Instituto de Pesquisa Aplicada), o ES é campeão (1º lugar) em
feminicídios (assassinatos de mulheres), cuja taxa é de 11,24 mortes anuais por
cada grupo de 100 mil mulheres (das quais 54% entre 20 e 39 anos de idade), enquanto,
no Piauí, foi de 2,71;
3) - conforme dados do
Mapa da Violência, de 2013, no ES, em 2011, a taxa de homicídios de jovens foi
de 115,6 por cada grupo de 100 mil jovens, enquanto a média nacional foi de 53,4
mortes anuais por cada grupo de 100 mil jovens;
4) - em 2011, no ES, a taxa de homicídios entre os negros foi de 144,6 mortes por cada
grupo de 100 mil negros, enquanto essa taxa, entre brancos, ficou em 37,3 por
cada grupo de 100 mil brancos.
Urge acrescentar-se, ainda,
que, em 1970, viviam, nas cidades do nosso pequeno Estado, pouco mais de 45% da
população, ao passo que, hoje, residem, nas suas cidades, exatamente 83,4% do
seu povo. A par disso, tínhamos, em 2008, 15,2% de pobres e 4,2% de indigentes.
O corporativismo integra o patrimonialismo,
característica cultural herdada dos
nossa colonizadores. A propósito, há poucos dias, na Serra, alguns
indivíduos tidos por bandidos mataram, de forma hedionda, um policial da nossa
briosa Polícia Militar. Rapidamente se mobilizou um contingente que,
eficientemente, prendeu os suspeitos desse hediondo crime, quando a Associação
dos Policiais prometeu recompensar quem ajudasse na prisão imediata dos
suspeitos. Infelizmente, já presenciamos, outras vezes, situações semelhantes: ação
rápida e eficiente, mas isolada e eivada de clara ira corporativista, ao invés
de encartar conduta serena policial permanente, alicerçada em formação cívica,
republicana e humanística.
Conclusão: o Espírito Santo
poderia estar em melhor situação, se significativa parcela dos nossos gestores
públicos não tivesse formação patrimonialista (egoísta, individualista,
personalista, individualista, argentária etc.), pois, mal se elegem, começam a
pensar nas próximas eleições, ao invés de pensarem nas futuras gerações, para
que o Brasil real ceda espaço ao Brasil ideal.
Mas, a meu ver, tal
pretensão só será possível com a adoção, sobretudo, de duas medidas básicas: 1ª)
- uma educação universal, de qualidade, com reciclagem e remuneração digna dos
professores; 2ª) - uma distribuição justa da renda nacional. Por derradeiro,
invoco lição do nosso Monteiro Lobato: “Um país se constrói com homens e livros.”
Salvador
Bonomo
Ex-Deputado
Estadual e Promotor de Justiça aposentado.
Vitória,
ES, 26 de novembro de 2013.