segunda-feira, 16 de março de 2020

HÁ SEMPRE UMA LUZ


Pe. Luis Verdi, um sacerdote italiano, deu ao livro que escreveu o seguinte título: “A realidade tem sabor de pão”. Segundo ele, “cada um pode dizer: “Tenho na pele as marcas de cada crise minha, e sei bem quanto é longa e quanto, como um medo encantado, me envolve”.

O motivo é explicado pelo fato de “não sabermos ou por ser árduo compreender que naquele medo por vezes se realiza o encanto, e que é na profundidade da noite que se acende a luz. Se queremos ver além  da noite, não podemos experimentar medi-la, podemos apenas penetrá-la com esperança e permanecer disponíveis à ideia de que nenhuma noite é só noite, mas é também outra coisa. Quando se está em crise, tudo parece contradizer esta visão, e nas mãos vazias fica apenas a coragem extrema de levar a mente, o corpo, a alma a esperar contra toda a esperança.    
                  
Sempre considerei cada crise não um desmoronamento, mas uma ocasião. Mas só o é, se permanecermos fiéis e abertos, se apesar da dureza da prova, continuarmos a ser terra que sonha, sabendo que mais cedo ou mais tarde, surgirá em nós a luz de uma resposta que nos virá do Senhor. 

 Chegarão as palavras e os sinais que se tornarão aurora e chuva para a nossa terra e iluminarão nossa escuridão e nossa sede de ver. Só uma terra bem trabalhada pode tornar-se terra propícia, dizem-nos os agricultores. Por isso, um tempo de dificuldade e perturbação pode revelar-se como o tempo mais próprio para um novo nascimento: cada parto é antecedido das dores, cada nova iluminação ou crescimento paga o seu momento ao inferno, cada passagem de iniciação marcada pelo ritmo de noites escuras. E gosto de pensar que cada crise tem os efeitos das pedras do Pequeno Polegar, que, na densidade do bosque, conseguem sempre indicar o caminho.

Cada crise permite-nos elevar-nos sobre a superfície do mundo, para avistar os cumes inviolados que a neblina oculta àqueles que vivem na planície. «Deste aos meus pés um caminho espaçoso» (Salmo 31,9). Chega um dia em que, dentro da tua penumbra ou no teu labirinto, abre-se uma passagem inesperada que te indica o sentido dentro do não sentido. No profundo da noite, na escuridão das crises, há sempre uma luz para a qual rumamos, ou que vem ao nosso encontro ”.

Não é fácil, não temos fé suficiente? Mergulhemos no sentido da vida, e como Maria, procuremos compreender tudo que vem Dele, em cada detalhe e sintamos que estamos a caminho. 


Só a "arrumação" dese texto é minha. 
A ideia é do livro mencionado do Pe. Luis Verdi