Pe.
Luis Verdi, um sacerdote italiano, deu ao livro que escreveu o seguinte título:
“A realidade tem sabor de pão”. Segundo ele, “cada um pode dizer: “Tenho na pele as marcas de cada crise
minha, e sei bem quanto é longa e quanto, como um medo encantado, me envolve”.
O
motivo é explicado pelo fato de “não sabermos ou por ser árduo compreender que
naquele medo por vezes se realiza o encanto, e que é na profundidade da noite
que se acende a luz. Se queremos ver além da noite, não podemos experimentar medi-la,
podemos apenas penetrá-la com esperança e permanecer disponíveis à ideia de que
nenhuma noite é só noite, mas é também outra coisa. Quando se está em crise,
tudo parece contradizer esta visão, e nas mãos vazias fica apenas a coragem
extrema de levar a mente, o corpo, a alma a esperar
contra toda a esperança.
Sempre
considerei cada crise não um desmoronamento, mas uma ocasião. Mas só o é, se
permanecermos fiéis e abertos, se apesar da dureza da prova, continuarmos a ser
terra que sonha, sabendo que mais cedo ou mais tarde, surgirá em nós a luz de
uma resposta que nos virá do Senhor.
Chegarão as palavras e os sinais que se
tornarão aurora e chuva para a nossa terra e iluminarão nossa escuridão e nossa
sede de ver. Só uma terra bem trabalhada pode tornar-se terra propícia, dizem-nos
os agricultores. Por isso, um tempo de dificuldade e perturbação pode
revelar-se como o tempo mais próprio para um novo nascimento: cada parto é
antecedido das dores, cada nova iluminação ou crescimento paga o seu momento ao
inferno, cada passagem de iniciação marcada pelo ritmo de noites escuras. E
gosto de pensar que cada crise tem os efeitos das pedras do Pequeno Polegar, que, na densidade do
bosque, conseguem sempre indicar o caminho.
Cada
crise permite-nos elevar-nos sobre a superfície do mundo, para avistar os cumes
inviolados que a neblina oculta àqueles que vivem na planície. «Deste aos meus
pés um caminho espaçoso» (Salmo 31,9). Chega um dia em que, dentro da tua
penumbra ou no teu labirinto, abre-se uma passagem inesperada que te indica o
sentido dentro do não sentido. No profundo da noite, na escuridão das crises,
há sempre uma luz para a qual rumamos, ou que vem ao nosso encontro ”.
Não
é fácil, não temos fé suficiente? Mergulhemos no sentido da vida, e como Maria,
procuremos compreender tudo que vem Dele, em cada detalhe e sintamos que
estamos a caminho.
Só a "arrumação" dese texto é minha.
A ideia é do livro mencionado do Pe. Luis Verdi