domingo, 7 de abril de 2019

"BELEZA NÃO PÕE MESA"!


Muito linda. 
Naquele 13 de março, rumo a Brasília, já estava na sala de embarque do aeroporto de Belo Horizonte. Como de hábito, enquanto a maioria não desgruda do celular, estava atenta aos movimentos de pessoas e coisas, buscando subsídio para mais uma crônica, uma poesia, o que desse. É o que chamo de leitura da vida.

Eis que uma mulher absorve minha atenção. Acabara de tomar um café, sai mastigando e desfila poderosa no seu provável 1,50 m. Sem ser muitíssimo gorda não é que se possa dizer que fosse magra. Um corpo tipo "por inteiro", sem cintura, exibia diversos protuberantes "pneus" empilhados. Peito, nádegas é como se tudo fosse uma coisa só.

É invariável que me lembre do quanto são vaidosas a grande maioria das mulheres, como é que reage alguém no corpo que ostentava aquela? É. Não tem jeito. E daí?

Num mundo no qual em busca da beleza, praticamente vale tudo, silicone aqui, ou onde se puder, uma puxadinha de ruga ali, aquelas bocas deformadas com resultados incertos, mas sempre assegurados, por quem quer “ganhar um dinheirinho”.

Nem se esqueçam das limpezas de pele, não se olvidem os “botoques”, depilação a lazer e outras coisinhas mais. Dermatologia é igual à riqueza, pergunte-se aos profissionais da área.

Mas não apenas mulheres são vaidosas, muitos homens também o são. Ser bonita(o), - mesmo que Vinicius tenha dito que “beleza não é fundamental” - uma beldade mexe com a aspiração de muitas e muitos e em certos aspectos, é fundamental sim! 

Defeitos físicos, mesmo que sejam pequenos, como doem! Não ter um dedo mesmo que seja do pé, isso para não falar da falta de um braço... Claro que há quem tendo nascido assim e criado para bem administrar, como diz o ditado “tira de letra”, convive como é, serenamente.

Minha Musa pode ser um caso assim.

Seu corpo de tonel redondo faz as mesmas coisas que qualquer outro esguio com todas as curvas nos seus respectivos lugares.

Não se importa com o pescoço enterrado, que faz o tronco quase juntar-se ao queixo. Tudo dentro de um vestido que em outro físico deixaria tudo em seu lugar,  no seu, além de  apertado é tão curto que na frente, deixa a mostra joelhos  e detrás, aquelas coxas, ambos gordos. 

Cabelinho curto, de corte reto, está bem lavado, mas como parece que enxuto ao vento, como eu também às vezes deixo, ficou como bem quis. Faz parte dos que dizem “não estou nem ai” e por isto merece nosso aplauso, “beleza não põe mesa”, como já dizia minha avó. Sobretudo, “quem vê cara não vê coração”.

Ainda mais, por que se preocupar com o que é difícil de dar jeito? Ou alguém não sabe que “o que não tem jeito, ajeitado está”.

Marlusse Pestana Daher


Nota: Como o poema de Bete, esta crônica escrita  a mão dos dois lados de uma meia folha de papel, data de  13 de março de 2013, fez seis anos. BH - 11h 35 m.