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A alegria de ser bisa. |
Luar
na Fazenda
( Início de minha vida literária e correspondência
com intelectuais )
Noite, poesia, ebúrnea claridade,
queda o ser embevecido ao luar.
Analiso enleada a sublimidade
da natureza muda a desfilar.
Ameno cenário de soledade,
bois na relva tranqüilos a pastar,
habitações brancas em paridade
em pratarias se tornam ao luar.
Longe, fica o rio, depois da cachoeira
em desenfreado amor, a murmurar
canções, unificam-se em alva esteira.
Apaixonada, ponho-me a cismar.
Fugir não se pode, por mais se queira
à apoteose onírica do Luar.
( “ Fazenda Cachoeiro do Cravo”, fundada por meus
ancestrais, que passou de Pais para filhos, até minha geração, bisneta que sou
do seu fundador Antônio Rodrigues da Cunha, Barão dos Aimorés.
Como uma de suas herdeiras, para não discordar da
maioria dos meus irmãos concordei sensibilizada até às lágrimas, com a venda da
mesma, a José Maria Fontana ).
Amizade
e Gratidão
(Ofereço em memória a minha querida sogra: Olívia
Carneiro Pires)
Sogras, dizem comumente,
querem dela longe estar.
Eu penso bem diferente:
- Benvinda seja a meu lar.
Minha sogra, minha amiga,
foste a Mãe que reencontrei.
O “falar”, reles intriga.
Sempre e sempre te amarei.
Encontrei na minha sogra,
conforto, amor e carinho
a felicidade logra:
- Na morte, saudade, espinho.
Tão Só
( Em memória a
minha sogra-mãe: Olívia Carneiro Pires )
Palavras de angústia que perpetuam
no meu dorido ser cansado e triste.
No lúgubre cortejo tumultuam
recordações em que o sofrer persiste.
Tão só, lá no caixa desamparada,
semblante calmo, visão enternecida;
os cabelos, de neve banhados,
da sua longevidade, ó mãe querida!
Tão só, frase sutil e pequenina,
extravasa a alma, fere o coração.
Brota, treme a lágrima cristalina.
Geme, desliza e suaviza a aflição.
Tão só?! - Não creio! Á morada Divina,
seguir-lhe-ão atos nobres de sua missão.

( a mim mesma, Elza Cunha Pires )
Eu sou a gaivota,
que voa singrando os mares,
em busca de bonança
que aplaque o coração
de revividas dores.
Eu sou a gaivota,
calma, inteligível,
que se banha qual criança,
plaina na imensidão,
pasma do imponderável!...
Eu sou a gaivota,
irisada, fugidia,
em busca da esperança
que ilumine a razão
no viver de seus dias.
Eu sou a gaivota,
sonhadora, esgotada,
que treme, que se cansa,
bate as asas em vão,
no Oceano ( das ilusões ) sepultadas.