RUYZINHO
Maio... Ressoam no ar as harmonias
Dos bronzes e das longas litanias...
Foi em maio... há um ano que
partiste...
E este mesmo sino que risonho, agora,
Tange, na tarde em que foste embora
Soava num dobre compassado e triste.
Tudo revive com o dulçor do outono...
Só tu jamais te acordas desde sono...
Há um frescor de verduras orvalhadas,
Pelos campos de um lindo verde-gaio,
O mais suave azul no céu de maio,
Lírios se abrindo á beira das
estradas...
Maio voltou florindo os matagais,
Só tu partiste para nunca mais!
Quando entardece para a ermida à pino
No alto do outeiro, vejo rumorosas
Ledas crianças carregando rosas...
É vazio o teu berço pequenino...
Quanta alegria!... O sino lembra um
monge
Rezando a missa nova... E tu... ai!
Longe...
Tudo vibrando alegre como um guizo...
E em meio deste rir que no ar espoca
Visse eu sorrindo a flor da tua boca
Que a terra me seria um paraíso!
Maio... cantam os sinos... não
despertas!
As faces brancas; de livor cobertas,
Adormeceste lindo, um rubro manto
Recamado de estrelas cor de ouro,
Um diadema no cabelo louro
Entre círios e flores qual um santo!
Não tens saudade do teu doce lar,
Quando na terra tudo anda a cantar?
Dessa existência de horas passageiras
Que tiveste? Da casa onde era um fio
De musica o teu leve balbucio,
E onde os lírios te olhavam das
floreiras?
De quem te acalentava com carinho,
Quando o luar descia, cor de linho,
E estrelas de ouro lá no céu de bruços,
Dormir te viam cheias de meiguice?
Daquela voz tão doce que te disse
O último adeus cortada de soluços?
Tudo revive com o dulçor do outono...
Só tu não deixas este longo sono...
Maio voltou florindo os matagais
E enquanto expira a tarde azul e pura,
De rosas cubro a tua sepultura,
Porque partiste para nunca mais!
Maria
Antonieta Tatagiba
MARES E MARIAS
Mares,
marés, maresia, mar pia,
Mar que se espraia,
Mar que se agita,
Mar que vem e mar que vai.
Mar na
aurora,
Mar na
madrugada,
Mar do
amanhecer,
Mar
do sol a pino,
Mar
do entardecer,
Mares
bravios do nosso país altaneiro.
Mar trigueiro,
Mar
brasileiro,
Mar
do silêncio,
Mar que em
repouso,
Mar adormeceu.
Maria que
mar ias,
Maria que vinhas,
Marias
vendo chegar
Marias
partirem-se indo,
Marias na saudade,
Marias na
lealdade,
Maria do coração de santas,
da Penha, /
do Carmo,
Auxiliadora,
da
Conceição,
das Graças,
da Consolação,
do Socorro,
Helena,
Teresa,
de todas as Marias.
Mar inicia Maria,
Maria mulher,
plebeia
e de toda sorte,
todas as Marias. Como o Mar,
imensas e fortes
todos os mares são Marias,
todas
as Marias são mares,
mares e Marias,
Marias e mares.
Em
cada Maria, o início de um MAR!!!
Marlusse
Pestana Daher